Artigo "Realidade da Velhice Brasileira" traz importantes reflexões frente à pandemia da Covid-19
"Realidade da Velhice Brasileira: velhos (as) que cuidam de velhos (as)" é um artigo de opinião produzido pela Profa. Dra. Maria do Livramento Figueiredo, com base em estudo científico intitulado "Situação dos Idosos Dependentes que residem com suas famílias visando a subsidiar uma Política de Atenção e de Apoio aos Cuidadores", elaborado no início de 2019, com orientação da Profa. Dra. Maria Cecília Minayo (Fiocruz).
No atual cenário de pandemia, onde a principal recomendação é estar em isolamento, a Profa. Dra. Maria Livramento Figueiredo, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) e líder do Grupo de Estudos sobre a Multidimensionalidade do Envelhecimento, Saúde e Enfermagem (GEMESE/UFPI), pontua que este é um contexto repleto de medos e insegurança. "Fugi da cidade (Teresina) e estou na Fazenda Independência, uma propriedade rural, no município de José de Freitas. Aqui temos uma casa ampla, ventilada, com muito verde, sol e água em abundância, penso que ficamos mais protegidas do coronavírus, até porque o isolamento é total. Até porque sou uma idosa de 61 anos, obesa, diabética e hipertensa", conta. Ela ainda compartilha que além de orientar alunos on-line, também viu a necessidade de escrever o referido artigo.
De acordo com entrevistas realizadas com 220 participantes, A Profa. Livramento destaca em seu artigo que os gestores municipais externaram que os principais obstáculos assistenciais domiciliares a este grupo populacional (idosos) são as limitações financeiras e os impedimentos orçamentários destinados ao setor saúde, que proíbem a realização de ações sociais e melhoria nas condições habitacionais e de acessibilidade que terminam comprometendo a saúde e qualidade de vida de idosos frágeis e seus cuidadores. Ela ainda pontu que com a declaração de pandemia, o grupo de maior risco é o de idosos e que muitos discursos têm incentivado ao abandono e descuidado com o grupo.
"O isolamento social precisa contar com o apoio de todos, mas, especialmente, precisa ser seguido pelos idosos frágeis, que são os que compuseram a amostra desta pesquisa multicêntrica: idosos dependentes de cuidados permanentes, com necessidade de ajuda para realizar até as Atividades Básicas de Vida Diária (AVD), como se alimentar, vestir, tomar banho, usar o toalete, se levantar ou transferir da cama para uma cadeira, por exemplo. Também estamos assistindo outros e outras, inclusive mandatários e governantes, considerarem este um grupo que não temos nada a fazer, chegou a hora de partir, já fizerem e viveram o que tinham que viver, que tristeza? O artigo mostra a necessidade imperativa de Políticas de Atenção a esse grupo para que possam alcançar uma melhor qualidade de vida, mesmo que existam limitações e dificuldades no cotidiano destas pessoas", destaca.
A proposta do presente texto é socializar com todos informações das pesquisas que foram realizados, o ponto de vista diante da pandemia e as possibilidades e desafios que a população brasileira, especialmente a de pessoas idosas, tem e terá pela frente.
Confira artigo.