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UFPI visa desenvolver Biodigestor para produzir energia com aguapés do Poty

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

Nitrogênio, fósforo e potássio são ingredientes contidos nos esgotos que são diariamente lançados nos rios. Tais elementos químicos, por serem limitadores de desenvolvimento, quando em abundância fomentam a taxa de crescimento dos aguapés (Eichhornia paniculata) que, em grande quantidade, colaboram como indicador biológico de poluição nos rios.

A ocupação desordenada do leito do rio Poty em Teresina

A ocupação desordenada e em excesso de aguapés em um corpo hídrico acarreta, entre outras situações, a redução da entrada de luz no espelho d'água produzindo danos tanto a micro como macro fauna e flora. Contudo, uma possível solução para o controle da superpopulação destes aguapés seria a possível produção de energia através de digestão destes por processos anaeróbios (que transformam boa parte da matéria orgânica carbonácea do aguapé em gás metano (CH4)).

Buscando determinar a viabilidade técnica e, possivelmente econômica, deste processo o Prof. Dr. Jean Prost Moscardi, do Departamento de Recursos Hídricos e Geologia Aplicada, da Universidade Federal do Piauí, está construindo um biodigestor.

Prof. Dr. Jean Prost Moscardi Coordenador do Projeto: Produção de gás combustível a partir da biomassa de aguapés provenientes do Rio Poty, Teresina - PI: Um estudo de caso.

Segundo o professor, o projeto é de Iniciação Científica Voluntária (ICV) e compreende verificar o volume de gás produzido a partir da biomassa de aguapés naturais do rio Poty em Teresina. "Hoje mais de 40% das margens do rio Poty estão ocupadas pelos aguapés. Então, fomos recolher algumas amostras e identificar a massa orgânica presente. Após ensaios iniciais foi possível constatar a massa real (que poderá produzir gás) que cada espécie apresenta. Por exemplo, em média, em 1 kg de aguapé, 96 a 98% de sua massa corresponde a água e 50 a 80g dos demais componentes; deste modo, a partir desses dados foi possível estipular os cálculos iniciais quanto a possível quantidade de gás que será produzida", explica.

Aguapé desidratado

O professor acrescenta que, a ideia é tentar utilizar o máximo possível de indivíduos (aguapés) e evitar um problema maior no rio.

Aguapés (Eichhornia paniculata)

Ainda, devido à poluição, por causa do excesso de eutrofização - um processo normalmente provocado pelo homem, ou raramente de ordem natural, poderão ocorrer, ainda, a gradativa proliferação das algas em toda a superfície do rio, o que poderia ser desastroso. "No período de estiagem, o rio Poty não tem uma vazão considerável em seu leito, por interferência do rio Parnaíba, sofrendo uma diminuição de velocidade de fluxo. Esse fenômeno faz com que a água fique com maior tempo de detenção, reduzindo a capacidade de autodepuração do rio e estimulando a produção de aguapé. A proliferação destes poderá impedir a penetração da luminosidade, conforme já mencionado, ocasionando diretamente a redução de oxigênio na água (trocas gasosas) e luz no sistema aquático", destaca o professor. "É extremamente viável. No nosso projeto, na parte do processo de decomposição, a parte orgânica (carbono) virar metano e o mesmo ser utilizado para produção de energia. Além disso, o restante, resíduo sólido - após ser decomposto por bactérias - é considerado estabilizado e utilizado como adubo; reduzindo assim a quantidade de resíduos que vão para o aterro sanitário. Ou seja, o gás metano naturalmente produzido pela decomposição dos aguapés é processado de forma correta para não agredir o meio ambiente", explica.

Estudante de Iniciação Científica Gabriela Santos

Para a estudante de Iniciação Científica, Gabriela Santos, a pesquisa trouxe grandes experiências. "minha formação acadêmica trouxe práticas da área de engenharia sanitária e ambiental, que é meu propósito no futuro. Não apenas isso, estudar os métodos e técnicas de produção do reator, e até mesmo as técnicas de projeto científico e estímulo à busca de informações, até mesmo em fontes de outras bibliotecas de outros estados, como foi um caso", comenta.

Segundo Gabriela, no Brasil, o uso de energias renováveis é cada vez mais necessário e mais desafiador. "Essas fontes complementares devem ser estudadas e cada vez mais usadas junto a fontes convencionais. A economia ganha com o uso, já que se utilizarão recursos mais baratos e também a preservação do meio ambiente", explica.

O professor destaca ainda que, no Plano de Desenvolvimento Institucional da UFPI (PDI) 2015-2019, cujo objetivo entre outros, está em ampliar a oferta de cursos, já está referenciado o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária como propostas a serem implantadas. "Dentro da área de meio ambiente, existe a área de meio ambiente e saneamento básico, que é um campo que precisa de uma atenção urgente em Teresina e no Piauí! Dentro dessa, existem quatro subáreas que necessitam de medidas emergenciais: a água tratada e não distribuída, o esgoto não coletado e tratado; a pífia drenagem urbana existente e os resíduos sólidos, que hoje não apresentam destinação correta (apenas um aterro controlado)", conclui.

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