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Projeto da UFPI contribui para a eliminação da Hanseníase no Brasil

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

Diante do compromisso de cumprir um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é registrar no máximo um caso de Hanseníase a cada 10 mil habitantes, o projeto "Integrahans - Piauí: abordagem integrada dos aspectos clínicos, epidemiológicos, operacionais e psicossociais da Hanseníase em municípios hiperendêmicos do Piauí", coordenado pela professora e doutora em Enfermagem em Saúde Coletiva, Telma Maria Evangelista de Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI), visa fazer a partir de uma busca ativa nos domicílios, dos casos de Hanseníase ocorridos no período de 2001 a 2014, a identificação de contatos domiciliares e coabitantes residentes, incluindo menores de quinze anos, para em integração com os municípios (Floriano e Picos) se responsabilizar pela abordagem integral e longitudinal destas pessoas.

Segundo a professora Telma Evangelista, o Brasil apresenta indicadores desfavoráveis, sendo o 2º país do mundo em números absolutos de Hanseníase perdendo somente para Índia. Nos municípios de Floriano e Picos, a Hanseníase apresenta um comportamento de alta endemicidade. "O país está dividido em 10 Clusters para Hanseníase. Estes Clusters significam áreas de grandes riscos para a transmissão da doença. Eles são numerados de 1 a 10, quanto menor o número maior é o risco de transmissão da doença naquele local. Floriano faz parte do Cluster 1 dentro do Brasil. É um dos municípios piauiense com maior risco de disseminação da doença (com cerca de 10 casos por 10 mil habitantes). Picos é do Cluster 6, que também é de risco", explica.

Palestra do Prof. Dr. e Infectologista Alberto Novaes Junior da UFCE durante capacitação dos profissinais, discentes e docentes em Floriano.

O estudo está em fase de sensibilização e capacitação dos profissionais. "Já realizamos a capacitação de todos os Agentes de Saúde em abordagem familiar, profissionais da Estratégia Saúde da Família, docentes e discentes da UFPI no campus de Floriano e Picos e de outras instituições, como UESPI, FAESF, conduzimos vários cursos de extensão, para no período de 20 a 29 de junho iniciarmos a coleta de dados junto à população, concomitante ao atendimento dos problemas identificados", afirma.

A taxa de prevalência caiu

De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de prevalência caiu 68% nos últimos dez anos, passando de 4,52, em 2003, para 1,42 por 10 mil habitantes, em 2013. Em 2014, a taxa de detecção geral da doença foi de 12,14 por 100 mil habitantes, correspondendo a 24.612 casos novos da doença no país. Na população com menos de 15 anos, houve registro de 1.793 novos casos. Ao todo, 31.568 pacientes estavam em tratamento no ano passado, o que significa um total de 1,56 casos por 10 mil habitantes.

"O Brasil firmou um compromisso com a OMS de eliminar a Hanseníase até o final de 2015. Esta eliminação consiste em ter menos de um caso a cada 10 mil habitantes. Sabemos que essa meta não será alcançada agora, mas pelo menos ajudaremos e muito o país em relação ao cumprimento desse compromisso que também é uma meta do milênio", analisa a Professora Telma Evangelista.

Em que consiste o Integrahans?

Profa. Dra. Telma Maria Evangelista, Coordenadora do Projeto

O Integrahans/PI consiste em um conjunto de ações vinculadas à vigilância em saúde, que contempla desde a pesquisa e a atenção integral às pessoas com Hanseníase e seus familiares (diagnóstico, tratamento e vigilância de contatos; prevenção de incapacidades físicas e reabilitação) até a qualificação da rede de atenção à saúde, para o atendimento aos casos. Este projeto fará um resgate dos casos ocorridos entre 2001 a 2014.

Os contatos intradomiciliares compreende pessoas que tenham vivido na mesma residência, no período de cinco anos anteriores ao diagnóstico do caso referência. E coabitante residente é qualquer pessoa que passou a viver no mesmo domicílio do caso referência após o diagnóstico. "Esse grupo de pessoas que vive com Hanseníase muitas vezes é muito marginalizado, pois no imaginário da população a doença é contraída de uma hora para outra, sentando do lado do hanseniano, por exemplo, e não é assim. Para contrair a Hanseníase é preciso um contato prolongado e quando o hanseniano inicia o tratamento, ele deixa de transmiti-la, pois o bacilo causador da doença logo perde a viabilidade, ou seja, a capacidade de passar de uma pessoa para outra pessoa", explica a professora.

O risco de transmissão é maior nestes dois casos. O contato intradomiciliar chega a ter até nove vezes mais riscos de contrair enquanto o coabitante tem cinco vezes mais chances, se comparados com a população geral. "Estamos indo atrás dessa prevalência oculta da Hanseníase. Queremos fazer uma associação entre o adoecimento em Hanseníase e os fatores socioeconômicos, ambientais e operacionais, bem como investigar se as medidas profiláticas, como a aplicação de BCG no contato intradomiciliar foram realmente adotadas conforme o que é preconizado; investigaremos as incapacidades físicas entre os hansenianos, reações hansênicas, problemas oculares, problemas de saúde bucal e outras comorbidades muitas vezes apresentadas pelos hansenianos".

A população do estudo será composta por 1300 casos diagnosticados de Hanseníase no período de 2001 a 2014. Cada uma dessas pessoas tem no mínimo quatro contatos intradomiciliar e para cada contato intradomiciliar, três ou quatro coabitantes serão investigados, totalizando aproximadamente 10 mil participantes. "Este projeto não é só uma pesquisa para descobrir quantos casos de Hanseníase existem em um local, nem para saber qual é o tipo de diagnóstico. O Integrahans é um projeto que beneficiará mais de 10 mil pessoas promovendo atendimento integral e continuado incluindo diagnóstico precoce e tratamento imediato", destaca.

Reunião do grupo Integrahans-PI

O lançamento do projeto

O projeto Integrahans será lançado na próxima terça-feira (23), no auditório do Campus Universitário Amílcar Ferreira Sobral, na cidade de Floriano. O evento contará com a presença dos financiadores do projeto, dentre eles estão, as ONG's Internacionais: NHR - Brasil (Netherland Hanseniasis Relief) a Ciomal (Companhia Internacional da Ordem de Malta contra a Hanseníase), bem como a UFPI, Secretária de Estado da Saúde, Secretária Municipal de Saúde de Floriano e Picos, UESPI, FAESF, representantes de outras universidades, como, UFCE, UFBA e a comunidade em geral.

Ampliação das pesquisas na UFPI

Por integrar aspectos clínicos, epidemiológicos, operacionais e psicossociais, o Integrahans beneficiará a UFPI desenvolvendo pesquisas futuras sobre a Hanseníase. "A partir do Integrahans será possível desenvolver 17 dissertações de mestrado, oito teses de doutorado, Trabalhos de Conclusão de Curso, Projetos de Iniciação Científica, Projetos de Extensão e Estágios Curriculares, pois são muitas pessoas envolvidas, muitos profissionais. Este projeto é importante para que os profissionais tenham mais autonomia para trabalhar com Hanseníase e possam construir seus futuros projetos. E, além disso, ele fomenta o trabalho integrado de diversas categorias profissionais da saúde, o protagonismo de todos, e o fortalecimento das Redes de Atenção à Saúde", finaliza Telma Evangelista, Coordenadora do projeto.

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