
O Campus Amílcar Ferreira Sobral (CAFS) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Floriano, sediará entre os dias 17 e 19 de novembro o VII Quais Histórias Conhecemos na África: narrativas em disputas, evento que reúne pesquisadores, escritores, lideranças sociais e docentes de diversas instituições do país para debater racismo, educação, identidades e a presença das africanidades nos currículos escolares e acadêmicos.
As inscrições são gratuitas e estão disponíveis via SIGAA. O evento é coordenado pela professora Alba Patrícia Passos de Sousa.
De acordo com a diretora do CAFS/UFPI, Edmilsa Santana, iniciativas como essa são fundamentais, pois contribuem para o debate e o enfrentamento ao racismo. Segundo ela, esses eventos descolonizam saberes, ampliam perspectivas e fortalecem uma educação comprometida com a equidade e o respeito à diversidade.
A programação inclui palestras, mesas-redondas, apresentações culturais e atividades formativas em formatos presencial, remoto e híbrido, com transmissão pelo canal do CAFS no YouTube. Entre os convidados, estão pesquisadores da UFPI, UFMA, UFBA, UFPA, UFF e lideranças indígenas, como Seribi Tukano.
A professora Alba Patrícia destaca que o evento busca romper com a narrativa histórica que silencia a produção intelectual e cultural africana e afro-brasileira: “Há uma disputa permanente de narrativas quando falamos de história e educação no Brasil. Ainda prevalece a visão do colonizador, enquanto as epistemologias africanas e afro-brasileiras seguem invisibilizadas. Este evento existe para deslocar esse olhar.”
O debate dialoga diretamente com a Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas. Para Alba Patrícia, o cumprimento da lei ainda esbarra na falta de formação específica e no racismo institucional: “O racismo no Brasil é estrutural e institucional. Ele atravessa a educação, desde o currículo até as práticas pedagógicas. Quando a escola não conta a história real, ela reforça desigualdades.”
O Piauí possui forte presença de comunidades negras, indígenas e quilombolas, mas essa riqueza cultural ainda é pouco reconhecida nas produções acadêmicas e no cotidiano escolar. Para a coordenação, o evento também cumpre papel formativo para professores, estudantes e servidores públicos. “Promover estas discussões em uma universidade pública do interior é um ato político e pedagógico. Estamos formando cidadãos para que reconheçam e respeitem a diversidade que constitui o Brasil.”, finaliza a coordenadora.
Confira mais sobre a programação a seguir:



