Roda de conversa faz parte da programação das iniciativas da UFPI CorposTrans e Tela Sociológica na Semana do Orgulho
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) está presente na 19ª Semana do Orgulho de Ser, realizada pelo Grupo Matizes, por meio dos projetos CorposTrans e Tela Sociológica, vinculados ao Departamento de Ciências Sociais e ao Mestrado em Sociologia da instituição. A programação, que acontece de 9 a 12 de setembro, reúne oficinas, rodas de conversa e exibições de filmes, com o objetivo de promover debates sobre gênero, diversidade e direitos humanos.
Na manhã desta quarta-feira (10), um dos destaques da programação foi a roda de conversa literária “Velhices LGBTQIAPN+”. O encontro contou com a participação e coordenação dos professores Maria Rosângela de Souza, Francisca Verônica Cavalcante e Francisco de Oliveira Barros Júnior. O debate trouxe à tona a escassez de pesquisas acadêmicas voltadas para a velhice LGBTQIA+, refletindo sobre os impactos emocionais do envelhecer e a necessidade de ampliar o diálogo dentro da Universidade.
Professor Francisco Júnior
O professor Francisco Júnior, coordenador do evento, ressaltou a importância de inserir o tema na agenda acadêmica e de extensão da UFPI. “Desde o início temos protagonizado esse trabalho tão relevante para a vida da universidade. O que está subjacente à nossa participação é um conceito de universidade que dialoga com a sociedade civil organizada. Aqui temos um projeto de extensão muito relevante chamado Programa de Extensão para pessoas idosas, e todos os anos colocamos uma atividade voltada para o público idoso. Hoje, o foco é pensar a sexualidade na velhice”.
Durante a conversa, ele chamou atenção para a vulnerabilidade da população trans no Brasil, especialmente ao envelhecer. “Se para nós já não é tão fácil envelhecer, imagina para uma pessoa que é uma travesti, num país como o Brasil, onde a transfobia é muito forte. Esse é um desafio que precisa estar na pauta da Universidade”.
Estudantes também contribuíram com o debate
Os estudantes também compartilharam suas visões de como a velhice deve ser entendida como continuidade da vida e não como fim de possibilidades. O estudante Júnior, de 33 anos, destacou como o debate o fez refletir sobre o próprio processo de envelhecer. “Eu digo que sou um ‘pré idoso’ desde os 30, já pensando como vai ser a minha velhice. São muitas experiências que nos fazem refletir sobre como estamos construindo o hoje para viver o amanhã”.
O professor Francisco Júnior também relembrou sua trajetória acadêmica e os avanços conquistados ao longo das décadas no modo como a sociedade e a universidade tratam o tema da diversidade. Ele citou avanços significativos, como maior visibilidade das populações LGBTQIA+, mas reforçou a necessidade de continuar discutindo as especificidades da velhice trans, especialmente no que diz respeito à afetividade, sexualidade e saúde. “Desde os anos 80, resistimos e seguimos dialogando, porque a universidade precisa estar aberta e conectada às demandas da sociedade”, afirmou.
O professor também destacou as especificidades da velhice trans, marcada por transformações corporais e desafios particulares. “Quando você escuta um homem trans, uma pessoa trans, todo o processo que eles passam, eles querem despatologizar. Então, assim, é muito radical e aí cabe a nós aprender a fazer esse exercício de acompanhar a
viagem dessas pessoas. Aqui na Universidade tem vários estudantes nossos que transicionam, homens e mulheres trans, então a gente não pode ficar indiferente”.
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