Teresina 173 anos: TCC de fotorreportagem da UFPI reflete memória urbana e preservação cultural a partir das praças da capital

Capa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Maria Catiany Oliveira

Fundada em 16 de agosto de 1852, Teresina foi construída com o objetivo de ser a nova capital do Estado do Piauí, tornando-se o primeiro município brasileiro planejado, ainda durante o governo imperial de Dom Pedro II. No sábado, 16 de agosto, a cidade completa 173 anos, carregando uma identidade marcada por espaços que contam sua trajetória e preservam a memória do povo teresinense. Ao longo de sua história, as praças se consolidaram como cenários de encontros e cultura, desempenhando um papel que vai além do lazer. Esses espaços abrigam símbolos históricos e elementos arquitetônicos que resistem ao tempo, refletindo transformações sociais e estruturais no último século. 

Maria Catiany Oliveira

Inicialmente delimitada à região que atualmente corresponde ao centro, Teresina se expandiu a partir da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, mantendo as praças enquanto presenças marcantes que seguem influenciando o cotidiano de seus habitantes. Buscando explorar e refletir a respeito da memória urbana coletiva, a jornalista Maria Catiany de Oliveira, recém-formada pelo curso de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), desenvolveu um trabalho prático de conclusão de curso que investiga o papel desses locais na atualidade teresinense. Ao longo da fotorreportagem intitulada “Retratos Fantasmas: um ensaio sobre as praças que resistem à longa exposição do tempo", ela registra as praças da Bandeira, Rio Branco, Pedro II e João Luís Ferreira e as transformações passadas ao longo dos anos. Vale frisar que o estudo contou com orientação da professora do Departamento de Jornalismo, Nilsângela Cardoso Lima.

O interesse da jornalista pela temática surgiu da afinidade com a fotografia urbana, fortalecida por leituras e referências de nomes como Henri Cartier-Bresson, Walter Benjamin e autores ligados à antropologia urbana. A escolha pelas praças, segundo ela, foi resultado de um recorte necessário para viabilizar o projeto dentro do formato prático do curso. 

Ao longo do trabalho, ela também enfrentou desafios típicos do fotojornalismo de rua, como a necessidade de adaptar a rotina para garantir segurança durante as captações. O registro das imagens exigiu ainda um planejamento cuidadoso para captar o movimento característico de cada praça. “O processo de captação das fotografias foi desafiador porque o centro, especificamente as praças escolhidas, têm uma movimentação muito característica delas. Tive que adaptar os horários de captação das imagens aos horários em que o comércio estava mais aquecido e havia pessoas nas praças, porque era exatamente isso que eu queria fotografar: o contraste dos prédios e as formas físicas com o efêmero, que eram as pessoas passando, em longa exposição”, elucidou.

A fotorreportagem tem a proposta de capturar o contraste entre elementos que atravessam gerações e aqueles que se transformam rapidamente nas praças de Teresina, bem como trabalhar a forma como os locais registrados são percebidos. De acordo com Maria Catiany de Oliveira, é necessário provocar reflexões a respeito das percepções a respeito das praças. “O trabalho contribui para enxergar novas perspectivas com relação a como se é retratado esses espaços no jornalismo factual e de uma forma geral. Esses espaços estão sendo retratados como espaços estigmatizados por preconceitos já estabelecidos ou esses espaços estão sendo retratados de outras formas, assim como algo positivo? Não estou dizendo que existam apenas aspectos positivos, mas que precisam ser trazidas outras perspectivas com relação a esses espaços. O meu trabalho propõe exatamente enxergar esses espaços entre o que resiste ao tempo e ao que é passageiro”, pontuou.

A preservação cultural e a valorização da memória da cidade são peças centrais do trabalho desenvolvido. Para a jornalista, o tema mantém relevância constante, pois exige um debate constante para assegurar o cuidado desses locais. “Por mais que hoje, exista esse discurso aquecido e vários movimentos de ocupação e revitalização do centro, essa pauta precisa estar sempre sendo discutida como uma ação a longo prazo para que realmente tenha uma agenda cultural e comercial desses espaços e uma ocupação, também no sentido de que a população se sinta pertencente a esse espaço. É um espaço muito importante de onde a cidade começou a se expandir. É necessário que tenha não só ações pontuais, mas também uma agenda contínua, a longo prazo, de ações permanentes nesses espaços”, declarou.

Ao unir fotografia, memória e jornalismo, o trabalho não apenas documenta a paisagem urbana, mas também provoca um convite à reflexão. Olhar para as praças é revisitar a história de Teresina e pensar no futuro da cidade que nasceu e se desenvolveu ao redor delas.

Confira fotos do TCC:

Praça Pedro II. Foto: Maria Catiany Oliveira

Praça Pedro II. Foto: Maria Catiany Oliveira

Praça Rio Branco. Foto: Maria Catiany Oliveira

Praça Rio Branco. Foto: Maria Catiany Oliveira

Praça João Luís Ferreira. Foto: Maria Catiany Oliveira

Praça João Luís Ferreira. Foto: Maria Catiany Oliveira

Praça da Bandeira. Foto: Maria Catiany Oliveira

Praça da Bandeira. Foto: Maria Catiany Oliveira