Procedimento une especialistas em neurocirurgia e otorrinolaringologia em abordagem minimamente invasiva e de alta complexidade
O trabalhador rural Genessi Pereira da Silva, de 44 anos, natural do município de Palmeirais, no interior do Piauí, é um dos pacientes que realizaram cirurgia de ressecção de um tumor cerebral localizado na glândula hipófise, utilizando acesso endonasal e sistema de neuronavegação no Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), vinculado à Rede Ebserh.
“Eu descobri minha doença fazendo uma consulta de rotina. Eu tenho problemas de artrose e vista, e a médica do postinho daqui da minha cidade deu fé. Ela pediu uns exames e deu um tumor na cabeça. Então, fui para Teresina. Eu estava fazendo uns exames de vista, e um doutor lá no HU me viu no corredor e me chamou. Ele logo percebeu meu problema. Nós conversamos e, depois da consulta com ele, minha cirurgia deu certo”, relembra Genesi.
O procedimento de alta complexidade conta com a atuação conjunta das especialidades de neurocirurgia e otorrinolaringologia. A cirurgia da base do crânio foi realizada por meio das fossas nasais, sem a necessidade de cortes externos. O método minimamente invasivo associou técnicas endoscópicas à navegação em tempo real, proporcionando mais segurança e precisão.
O neurocirurgião Marcus Vinícius Oliveira dos Santos explica que o sistema de neuronavegação é semelhante a um “GPS cirúrgico”, permitindo ao médico visualizar, em tempo real, a posição da lesão com base em imagens de tomografia e ressonância magnética. “A incorporação da tecnologia ao procedimento cirúrgico aumenta a segurança do ato e permite ressecções mais amplas, com menor risco de complicações”, afirma o especialista.
A participação da otorrinolaringologia foi essencial no procedimento. O médico Danilo de Negreiros Freitas foi responsável pelo acesso cirúrgico por via nasal, utilizando técnicas endoscópicas para alcançar áreas complexas da base do crânio. “A experiência do otorrinolaringologista em cirurgia endoscópica permite uma manipulação precisa dos instrumentos e câmeras, auxiliando o neurocirurgião durante toda a cirurgia. A presença de dois cirurgiões também facilita a manutenção do campo operatório, especialmente em situações mais delicadas ou que exigem diferentes ângulos de visão”, destaca.
Entre os principais benefícios dessa abordagem estão o menor risco de lesões, a redução de sequelas, o tempo de recuperação mais curto e a possibilidade de acesso a áreas profundas do cérebro sem necessidade de acesso externo pelo crânio.
Colaboração multidisciplinar e tecnologia de ponta
Segundo Danilo de Negreiros Freitas, o otorrinolaringologista tem papel fundamental em cirurgias da base do crânio, atuando em conjunto com neurocirurgiões e cirurgiões de cabeça e pescoço. “Lideramos o acesso cirúrgico, especialmente em abordagens endoscópicas nasais, e colaboramos na manipulação dos instrumentos, na visão do campo operatório e no auxílio à ressecção tumoral”, explica.
O procedimento envolveu o uso de endoscópios acoplados a câmeras, que transmitem imagens em tempo real para um monitor de vídeo, dispensando incisões na face ou no crânio. Instrumentais cirúrgicos delicados foram utilizados em todas as etapas: desde a exposição da área até a remoção do tumor e o fechamento com retalhos, enxertos, materiais sintéticos e cola biológica. “A neuronavegação nos permite trabalhar com maior segurança e precisão, reduzindo riscos e otimizando os resultados para o paciente”, finaliza Danilo de Negreiros Freitas.
Sobre o HU-UFPI
O HU-UFPI faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde novembro de 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
*Com informações de HU-UFPI