UFPI irá cooperar com Funai para avançar processo de demarcação de terras de povos Akroá-Gamella

Encontro ocorreu no Salão Nobre da Reitoria

A Universidade Federal do Piauí (UFPI) deve estabelecer parcerias com a Coordenação Regional Nordeste II da Funai, sediada em Fortaleza, para apoiar a  demarcação de territórios do povo indígena Akroá-Gamella, localizados no Sul do Piauí.

Reitora da UFPI, Nadir Nogueira

Para iniciar tratativas, a Reitora Nadir Nogueira, acompanhada de pró-reitores, recebeu em reunião nessa quinta-feira (7) na Reitoria representantes das comunidades indígenas envolvidas e o coordenador regional Nordeste II da Funai, Thiago Halley, ao lado dos especialista em indigenismo do órgão, Francisco Júnior e Renata Maia.

A Universidade se unirá à FUNAI e às comunidades indígenas para desenvolver um diagnóstico abrangente sobre violências e falta de direitos enfrentados por essa população, além de estabelecer grupo de trabalho específico para produzir documentos necessários ao avanço da regulamentação fundiária dos terrenos, conforme explica a Reitora Nadir.

“O que propomos é que a Universidade trabalhe junto com a FUNAI e com essas representações dos territórios e que possamos ajudar nesse diagnóstico, trazendo informações do ponto de vista da demarcação de terras e todas essas agressões que eles estão passando, dos direitos que estão sendo subtraídos. A Universidade pode contribuir bastante”, avaliou.

Lideranças indígenas participaram da reunião

A reunião contou com participação de lideranças indígenas Akroá-Gamella dos territórios Morro D’Água da Gruta, Morro D’Água de Baixo e Vão do Vico, além de representantes da Comissão Pastoral da Terra e Coletivo de Povos e Comunidades Tradicionais do Cerrado do Piauí. Pela Universidade, participaram ainda o pró-reitor de Planejamento e Orçamento, Marcos Lira; os professores João Marcelo de Castro, coordenador de Pesquisa da Propesqi; Aldeídia Oliveira, representando a PRPG; e Daniel Loucana, coordenador de Programas, Projetos e Eventos Científicos e Tecnológicos da PREXC.

Renata Maia

Durante a reunião, a especialista em indigenismo da Funal Nordeste II, Renata Maia, apresentou um panorama dos desafios enfrentados pelas comunidades indígenas no sul do Piauí em relação à regularização de terras. Ela explicou que o processo é complexo e envolve várias fases e que a Funai enfrenta desafios para constituir um grupo técnico multidisciplinar para identificar e delimitar as terras indígenas, motivo da solicitação de parceria com a UFPI.

“O cenário é grave. Temos um número expressivo de lideranças indígenas ameaçadas de morte no Sul do estado do Piauí. Essas comunidades enfrentam impactos a direitos sociais, ambientais e culturais. Estamos aqui com esperança no resultado desse diálogo com a Universidade!”, disse a especialista.

Ao centro da foto, o coordenador regional da Funai Nordeste II, Thiago Halley

O coordenador regional da Funai Nordeste II disse na reunião que há experiência semelhante de colaboração para acelerar a demarcação de territórios indígenas com a Universidade Federal do Ceará (UFC), o que sugere um precedente para essa parceria no Piauí. “ Temos a disponibilidade de realizar reuniões técnicas, de estabelecer um diálogo de aproximação e percepção sobre as diferentes ações a serem tomadas e forte interesse em colaborar com a UFPI em projetos e iniciativas relacionadas à demarcação de terras indígenas”, declarou Thiago Halley.

Pró-reitora da PREG, Gardênia Pinheiro

Presente à reunião, a pró-reitora de Ensino de Graduação, professora Gardênia Pinheiro, destacou que a UFPI mantém ações para promover a inclusão dessas comunidades na Universidade. Além da oferta de 300 vagas em programa específico para pedagogia intercultural indígena e para educação escolar quilombola, a Universidade mantém vagas regulares em Educação no Campo e agora trabalha na finalização da minuta de texto, que irá à consulta pública, para criar um processo seletivo diferenciado de ingresso de indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco na graduação da Universidade. 

"A equidade não tá no sangue, a gente precisa discutir o tempo todo. Por isso, estamos realizando de 21 a 23 de agosto aqui na UFPI o I Congresso Internacional de Educação Escolar Indígena, Quilombola e do Campo no Piauí”, adiantou a pró-reitora.

Pró-reitor da PRAEC, Emídio Matos

Participante na reunião, o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Comunitários, Emídio Matos, chamou a atenção para que a parceria com as comunidades indígenas contemple também o fortalecimento da agroecologia.

“Além de contarmos com nosso curso de Agroecologia que pode ser incluído nas ações, a Universidade tomou a decisão de fazer compra direta da agricultura familiar para abastecer os restaurantes universitários com a proposta de fortalecer a economia circular”, disse Matos.

Concluindo a reunião, a reitora Nadir Nogueira afirmou que a parceria com a Funai e com as comunidades indígenas torna a Universidade mais plural, diversa e inclusiva. “Esse diálogo com os povos originários precisava ser aprofundado na Universidade. É nossa missão. E a vivência nos enriquece e nos fortalece como instituição pública de ensino.”, concluiu a Reitora.