Projeto do CTF atua no quilombo Mimbó
Professores e técnicos do Colégio Técnico de Floriano (CTF), vinculado à Universidade Federal do Piauí (UFPI), realizaram nesta semana uma importante ação no quilombo Mimbó, localizado na zona rural de Amarante (PI), com o objetivo de promover educação ambiental, segurança alimentar e valorização da cultura local.
A equipe, composta pelos professores Laurielson Alencar e Edna Brito, e pelos técnicos Carlos Magno e Jairon, realizou a entrega de mudas de espécies frutíferas e nativas, além de iniciar a implantação de uma horta escolar na Escola Municipal Pedro Rabeu da Paixão. Também foi iniciada a reestruturação de uma horta comunitária anteriormente desativada.
A iniciativa integra um conjunto de ações educativas e produtivas que buscam aliar o conhecimento técnico à sabedoria tradicional, criando um espaço pedagógico no qual o cultivo da terra se torna ferramenta para o aprendizado, a autonomia alimentar e o fortalecimento da identidade local.
A horta escolar será dedicada ao cultivo de hortaliças orgânicas para uso na merenda dos alunos, além de servir como recurso didático para professores das áreas de Ciências e Educação Ambiental. Já a horta comunitária será reativada com o apoio do Projeto Mandolkas, formado por mulheres da comunidade que atuam há dois anos com foco na produção agrícola, mas que enfrentavam desafios devido à ausência de assistência técnica.
Segundo os coordenadores, as atividades iniciais envolveram a demarcação do terreno, o planejamento do espaço e a entrega das primeiras mudas. A próxima etapa prevê a instalação dos canteiros, a entrega de novas mudas e a montagem do sistema de irrigação, cujos equipamentos já começaram a ser distribuídos pela UFPI.
A líder comunitária Marta Paixão, moradora do quilombo e uma das responsáveis pela articulação com a escola e com o grupo de mulheres, celebrou a chegada do projeto. “Recebemos o kit de irrigação para a reestruturação da horta escolar, onde as crianças vão trabalhar junto com as professoras. Moramos numa comunidade tão rica, e precisamos ensinar nossos filhos a valorizar o chão de onde tiramos nosso sustento. Esse saber é nosso e precisa ser mantido”, afirmou.
Ela também agradeceu o apoio da equipe técnica e destacou a importância da iniciativa para o grupo de mulheres. “O professor Laurielson e os técnicos estão nos trazendo esperança. Com a produção local, poderemos participar de programas de compra institucional, como o PAA Quilombola estadual e o Programa de Aquisição de Alimentos da CONAB, o que será de grande ajuda para nós.”
Na oportunidade, foram distribuídas mudas de plantas
O técnico em agropecuária do CTF, Carlos Magno, destacou o valor pedagógico e cultural da horta como uma ferramenta viva de ensino. “A horta na escola oferece um cenário real, próximo da vivência dos pais dessas crianças. É o primeiro contato com a terra, com as plantas, com o ciclo da vida. Para muitos alunos, será a primeira experiência prática com o cultivo, e isso vai muito além da produção de alimentos: é um aprendizado para a vida.”
Ele também ressaltou os impactos positivos sobre a segurança alimentar dos estudantes, que passarão a ter acesso a alimentos frescos, nutritivos e cultivados por eles mesmos, contribuindo para uma alimentação mais saudável e fortalecendo os vínculos com a terra. “É segurança alimentar com significado. Cultivar seu cheiro-verde, sua alface, seu tomate — isso é autossuficiência, é autoestima. E, claro, é também ciência viva, sendo ensinada na prática”, completou.
O quilombo Mimbó é uma das comunidades tradicionais mais relevantes do Piauí, reconhecida nacionalmente por sua organização e por sua luta em defesa do território e da identidade afrodescendente. A implantação das hortas escolar e comunitária resgata saberes ancestrais e fortalece a economia local, com base no cultivo sustentável e na valorização das raízes culturais da comunidade.