Glaucoma: a ameaça silenciosa que pode levar à cegueira atinge 1 milhão de brasileiros

Sem sintomas nas fases iniciais, a doença exige atenção redobrada para prevenção e tratamento eficaz

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima que existam aproximadamente 1 milhão de pessoas com Glaucoma no Brasil — e cerca de 70% delas ainda não receberam diagnóstico. No próximo dia 26 de maio, quando se celebra o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, a data reforça a importância da conscientização para prevenir a principal causa de cegueira irreversível no mundo. A doença, que no início não apresenta sintomas, pode levar à perda da visão periférica ou central e, nos casos mais graves, à cegueira total.

Maria das Graças Nascimento, de 66 anos, trabalhou por muitos anos como costureira. Atualmente está aposentada e não exerce mais a profissão, pois perdeu a visão do olho direito. “No esquerdo, já fiz a cirurgia e, hoje, faço acompanhamento periódico no HU-UFPI. Uso três colírios para controlar a pressão no olho — rotina que vou precisar manter por toda a vida. Pela manhã, ando sempre de óculos escuros, pois a claridade agride meu olho. Sinto uma dor muito intensa”, relata.

O Glaucoma é uma doença ocular que afeta o nervo óptico, responsável por levar as imagens do olho ao cérebro, reduzindo a camada de fibras nervosas da retina. Com o nervo óptico danificado, podem acontecer alterações funcionais irreversíveis no campo visual. 

O oftalmologista Napoleão Bonaparte de Sousa Junior, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), vinculado à EBSERH, explica que o Glaucoma: “É a principal causa de cegueira irreversível no mundo, sendo responsável por aproximadamente 13% a 20% dos casos de cegueira global. Geralmente, está associada ao aumento da pressão do olho, que é o principal alvo do tratamento”. 

A prevalência do Glaucoma aumenta com a idade, especialmente após os 40 anos. Afrodescendentes e pessoas com histórico familiar da doença apresentam maior risco de desenvolvê-la.

“Outros fatores relevantes são alta miopia, espessura corneana fina, diabetes e o uso prolongado de corticóides, especialmente em forma de colírios. Esses elementos podem agravar o prognóstico dos pacientes com glaucoma”, detalha o especialista.

O diagnóstico é feito por meio de exames oftalmológicos, como a medição da pressão intraocular, avaliação do nervo óptico e teste de campo visual.

O tratamento tem como objetivo reduzir a pressão intraocular para retardar a progressão da doença. As opções incluem colírios — como análogos de prostaglandina e betabloqueadores. “Nos casos em que os colírios não são suficientes, podem ser indicados procedimentos a laser, implantes de dispositivos de drenagem do humor aquoso ou cirurgias fistulizantes, como a trabeculectomia, que criam um novo caminho para escoar o líquido ocular, ajudando a controlar a pressão”, finaliza o oftalmologista.

A prevenção da cegueira causada pelo Glaucoma depende do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. Por isso, exames oftalmológicos regulares são essenciais, especialmente para quem pertence aos grupos de risco.

Sobre o HU-UFPI

O HU-UFPI faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde novembro de 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

*Com informações HU-UFPI