A exibição aconteceu no Plenário Vereador José Ommati
O documentário "Entrelaçadas: Vozes que Ecoam" foi exibido pela primeira vez, na manhã desta quarta-feira (7), no Plenário Vereador José Ommati, na Câmara Municipal de Teresina. A exibição integrou a sessão solene em alusão ao Dia Municipal da Conscientização, Prevenção e Combate à Hanseníase, comemorado em 5 de maio, data proposta pelo vereador Venâncio Cardoso.
Pró-reitora de Extensão e Cultura, Waleska Albuquerque
Representando a reitora Nadir Nogueira, a pró-reitora de Extensão e Cultura, Waleska Albuquerque, destacou a sensibilidade da obra. “Em nome do professor Fábio Solon, saúdo todos os professores da Universidade Federal do Piauí. É graças à excelente qualificação do nosso corpo docente que conseguimos produzir documentários de grande relevância, como o que foi exibido aqui hoje. Confesso que me senti profundamente tocada pelo tema abordado. Promover o debate sobre a hanseníase é essencial, pois trata não apenas da discriminação, mas também da luta e da resistência dessas mulheres”, enfatizou.
Com direção de Alisson Carvalho e roteiro de Fábio Solon, o documentário denuncia o abandono, a violência institucional e a discriminação vivenciados por mulheres teresinenses que, mesmo após a cura, continuam sendo marginalizadas pelas suas comunidades, famílias e pelo próprio sistema de saúde.
Professor Fábio Solon
Na ocasião, o professor Fábio Solon destacou a importância da integração entre ciência e arte como forma de conscientizar e engajar a sociedade sobre o tema. “A aproximação entre ciência e arte é algo que já realizamos há anos, com o objetivo de sensibilizar e mobilizar as pessoas em relação a essas questões de forma geral. A hanseníase, em particular, precisa dessa abordagem, pois é essencial superar o estigma, o preconceito e as outras formas de violência que acompanham a doença. A arte, nesse contexto, serve como um meio para romper os muros da universidade, aproximando-nos das pessoas e garantindo que essa comunicação se estabeleça de maneira eficaz.”
A obra integra o estudo científico "Construção de mapas de evidências para doenças de determinação social", promovido pelo Centro de Inteligência em Agravos Tropicais, Emergentes e Negligenciados (CIATEN), com o apoio de professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), do CNPq e do Ministério da Saúde.
Professora Olívia Dias
Olívia Dias, professora da UFPI e pesquisadora do CIATEN, afirmou que trabalhar com doenças tão negligenciadas é, acima de tudo, um compromisso ético e humano, e reforçou o comprometimento da Instituição com a formação de profissionais de saúde. “O Brasil é o segundo país do mundo em número de casos de hanseníase, uma doença infecciosa e estigmatizante, mas que tem cura e tratamento disponível pelo SUS. No entanto, mais do que falar sobre números, é fundamental focar nas pessoas acometidas por essa condição. A UFPI tem um compromisso com essa causa, pois estamos formando profissionais para o sistema de saúde. E, por meio do CIATEN, vamos além da formação acadêmica, investindo de forma significativa em pesquisa e ciência.”
A sessão solene foi presidida pelo vereador Venâncio Cardoso
O vereador Venâncio, em sua fala, destacou a importância do trabalho conjunto para promover políticas públicas que beneficiem a sociedade. "A Câmara é a casa do povo de Teresina, e eu gosto sempre de ressaltar que tudo o que acontece aqui ressoa nos quatro cantos da cidade. Toda vez que trazemos um tema importante como esse, ele não fica restrito a este espaço; as autoridades são sensibilizadas e as políticas públicas são efetivadas. Ano após ano, tenho promovido esse movimento, pois sou autor da lei municipal que trata do tema. Com a união das políticas públicas, por meio da Prefeitura, do Governo do Estado, da UFPI e do MORHAN, conseguimos alcançar avanços significativos", frisou.
Os relatos de Francilene Carvalho, Luzia Alves, Francisca Angêlica, Iolanda Rodrigues, Maria Elmira, Antonieta Teixeira e Francisca Laiane, personagens centrais da história, provocam uma reflexão sobre o preconceito e a invisibilidade enfrentados por essas mulheres, além de convidarem à reflexão sobre o papel das políticas públicas na promoção da dignidade e da inclusão.
Lucimar Batista, coordenadora do MORHAN/PI
Lucimar Batista, coordenadora do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN/PI), destacou a necessidade de uma abordagem mais ampla para o tratamento da doença. "Essa visibilidade é fundamental, pois a cura da hanseníase não se resume apenas ao tratamento medicamentoso, mas também à cura social. Muitos pacientes enfrentam sérios impactos emocionais e psicológicos, além de serem, na sua maioria, pessoas pobres, provenientes de comunidades carentes. Portanto, a luta é grande, e divulgar os direitos das pessoas afetadas por essa doença é essencial para mudar essa realidade."
Francilene Carvalho, coordenadora do Departamento de Políticas para as Mulheres do MORHAN/PI
Francilene Carvalho, coordenadora do Departamento de Políticas para as Mulheres do MORHAN e uma das personagens do documentário, compartilhou sua trajetória de superação e alertou sobre a importância de combater a discriminação em torno da hanseníase."Entrei no movimento já curada, e foi nesse momento que decidi ajudar outras pessoas. Hoje, ao ouvir essas mulheres, me sinto profundamente honrada por ter contribuído para essa causa. É justamente isso que precisamos: fazer com que as pessoas não se escondam mais. A mensagem que deixo é clara: não se esconda por ter tido hanseníase."
Francisca Laiane, representante das pessoas afetadas pela hanseníase
Francisca Laiane relatou a importância de sua participação na produção, destacando o acolhimento e a força que a experiência lhe proporcionou. "Para mim, foi muito importante participar deste documentário, porque muitas mulheres se calaram — e ainda se calam — por vergonha do preconceito que sofreram por causa da hanseníase. Mas, hoje, eu me sinto acolhida e gostaria de agradecer a todos os envolvidos.”
O dispositivo de honra contou com a presença da pró-reitora de Extensão e Cultura da UFPI, Waleska Albuquerque; o professor do curso de Medicina da UFPI, Fábio Solon; a professora do curso de Enfermagem da UFPI e representando o CIATEN, Olívia Dias; o vereador Venâncio Cardoso; o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Charles da Silveira; a coordenadora do MORHAN/Piauí, Lucimar Batista; a coordenadora do departamento de mulheres do MORHAN/Piauí, Francilene Mesquita; a representante das pessoas afetadas pela hanseníase, Francisca Laiane; a presidente do Conselho Estadual de Saúde, Maria Elizabeth Queiroz Fernandes; o ouvidor-geral do Estado do Piauí, Raimundo Dutra; e o ouvidor-geral da Defensoria do Piauí, Thiago Oliveira Rodrigues.