Instalado no curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a iniciativa é muito mais do que um grupo acadêmico: é um verdadeiro celeiro de talentos, ideias e transformações
Fundado em 2013, o grupo faz parte do Programa de Educação Tutorial (PET) e reúne estudantes de graduação sob orientação de um professor tutor. Seu objetivo é integrar ensino, pesquisa e extensão de forma prática, inclusiva e socialmente engajada. Ao longo dos anos, o projeto vem se consolidando como uma experiência transformadora, não só para os alunos, mas também para a comunidade.
“O PET oferece uma vivência universitária muito completa. Os petianos participam de projetos que desenvolvem tanto as habilidades técnicas quanto competências como liderança, comunicação e trabalho em equipe”, explica a tutora do grupo, professora Fabíola Linard.
Essa formação vai além dos muros da universidade. Por meio de ações sociais, oficinas e parcerias com escolas públicas e instituições locais, os estudantes aprendem a aplicar a engenharia elétrica de maneira ética e responsável. Os alunos desenvolvem senso crítico e entendem o impacto da sua profissão na vida das pessoas, você pode acompanhar esses projetos pelo instagram do @petpotencia
Para os próprios petianos, essa vivência é determinante na formação pessoal e profissional. Matheus Oeirense, estudante do curso e integrante do grupo, afirma que o PET Potência é o espaço onde ele aprendeu o que as salas de aula nem sempre ensinam: “Liderança, trabalho em equipe e comunicação são competências que desenvolvemos no dia a dia do grupo. No PET, você aprende ensinando”, diz o estudante.
Matheus conta que uma das experiências mais marcantes foi sua participação no projeto Engenharia Inclusiva, que leva noções de eletricidade a pessoas com deficiência visual. “Está sendo desenvolvido os protótipos e práticas acessíveis com apoio de instituições como o CES (Centro de Estimulação para crianças com deficiência sensorial-auditiva e visual) e o CAP (Centro de apoio pedagógico às pessoas com deficiência visual). Foi enriquecedor tanto tecnicamente quanto humanamente”, contribuindo para tornar a engenharia mais acessível e inclusiva.
Para Laura, também integrante do grupo, entrar no PET Potência no segundo período do curso foi o que moldou sua trajetória. “Ministrei pré-cursos, participei de capacitações e eventos que me prepararam melhor para o mercado de trabalho. Mas foi nos projetos de extensão que eu entendi meu papel como cidadã”, relata a petiana.
Laura ressalta o projeto Athena, que alcançou grande destaque na comunidade: elétrica para meninas e mulheres. A iniciativa leva aulas de matemática, elétrica e programação para meninas e mulheres de escolas públicas e comunidades carentes. “O Athena mostra que as mulheres têm, sim, lugar na ciência e na engenharia. Participar dele fortaleceu meu compromisso com a inclusão e com o papel social da engenharia. Além de me sentir representada e acolhida, não só ensinando e levando conhecimento, mas com certeza, acima de tudo, aprendendo mais a cada etapa realizada e a cada dificuldade superada”. Afirma a aluna.
Na visão da coordenação do PET, com tantas frentes de atuação, equilibrar a gestão do programa com o acompanhamento individual de cada aluno torna-se um desafio constante. É importante garantir que as atividades desenvolvidas estejam alinhadas com os princípios do programa, ao mesmo tempo, oferecer suporte acadêmico e emocional aos alunos. Também, mostra-se desafiadora a necessidade de inovar e ajustar os projetos de acordo com as transformações da sociedade e da universidade, exigindo um planejamento estratégico e bastante diálogo entre os membros do grupo.
E as inovações não param. Um dos próximos eventos já confirmados pelo grupo é o CONEEL — Congresso de Estudantes de Engenharia Elétrica, que será realizado em outubro deste ano. O congresso promete reunir estudantes, professores e profissionais de todo o país em uma programação técnica e científica robusta.
Somado a formação acadêmica, os alunos também desenvolveram uma consciência crítica sobre os problemas na infraestrutura elétrica de Teresina, como apagões frequentes em dias de chuva e sobrecargas nas épocas de calor extremo.
Eles sugeriram soluções que vão desde a modernização da rede elétrica até a expansão do uso de energia solar e campanhas de uso consciente de energia, reforçando o papel social da engenharia como agente transformador.
O programa do curso de engenharia elétrica não é apenas um projeto acadêmico, é uma engrenagem que move sonhos, muda destinos e transforma comunidades. Forma líderes, inspira ações concretas, promove inclusão e democratiza o conhecimento.
Representa uma iniciativa que mostra que quando ensino, pesquisa e extensão caminham juntos, os resultados transcendem a universidade. O PET Potência é necessário para a UFPI, para Teresina, para a comunidade acadêmica e, acima de tudo, para a sociedade que deseja evoluir com justiça, consciência e compromisso social.