Curso de Serviço Social promove debate sobre a luta do povo do campo no período de ditadura a partir do documentário “o cabra marcado para morrer”

O evento contou com estudantes de Serviço Social e com o público externo. Foto/Reprodução: @memoriasesopi

No dia 29 de abril, no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL), estudantes do curso de Serviço Social da disciplina Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos de Serviço Social II, ministrada pela professora Sofia Laurentino, promoveram um  Cine Debate, A atividade contou com a exibição do documentário Cabra Marcado para Morrer, dirigido por Eduardo Coutinho, que resgata a trajetória de João Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponesas da Paraíba, assassinado por sua luta por reforma agrária, e de sua esposa, Elizabeth Teixeira, que enfrentou anos de perseguição, clandestinidade e resistência durante a Ditadura Militar. O debate evidenciou como a memória das lutas populares do campo permanece viva como forma de resistência política.

O evento teve a presença de convidados especiais, como Valéria Silva – professora aposentada da UFPI – e Pedro Laurentino – coordenador do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Teresina, além da ampla participação de estudantes de Serviço Social, História, Ciências Sociais, Agroecologia e membros da comunidade externa.

Cine Debate ministrado pelos alunos do curso de Serviço Social. Foto/Reprodução @memoriasesopi

Um dos pontos discutidos durante o evento foi o contexto histórico e político da Ditadura Militar no Brasil, com ênfase nas consequências para os trabalhadores rurais. O debate sobre o documentário possibilitou a compreensão sobre os impactos da repressão política na sociedade civil e nas expressões da questão social, abordando também os atravessamentos desse período no Serviço Social. A discussão buscou ampliar o olhar dos participantes sobre as formas de resistência popular no campo, especialmente no Nordeste, onde a luta por terra e dignidade foi marcada por violência e silenciamento, mas também por resistência e organização coletiva. 

Durante o debate, Pedro Laurentino destacou a relevância do documentário como instrumento de memória e conscientização, lembrando que “a história do povo brasileiro é uma história de luta e de resistência” e que a reforma agrária segue sendo uma pauta central na agenda política atual, sobretudo diante das persistentes desigualdades no campo. 

O debate e o serviço social 

A professora Sofia Laurentino enfatizou a importância de refletir sobre os impactos da ditadura para além dos centros urbanos, chamando atenção para a invisibilização das violências sofridas pelo povo do campo. “Quando se estuda a ditadura militar, o foco quase sempre está nos efeitos nas cidades — a censura, a perseguição política urbana —, mas e o povo rural? Esse povo também não sofreu? Esse povo também não resistiu?”, provocou. 

Já a professora Valéria Silva ressaltou a necessidade de conectar a história do Serviço Social com os contextos políticos e sociais que moldaram a profissão, especialmente na realidade nordestina. “Não dá para falar sobre a história do Serviço Social sem fazer essa ligação com toda essa trajetória, com esse contexto histórico, político, social, cultural que atravessa o nosso país — e, de forma particular, a nossa realidade aqui no Nordeste, no Piauí”, afirmou. Ela ainda destacou que, diante dos desafios contemporâneos, é essencial construir uma visão de mundo baseada na dignidade, no afeto e no respeito às lutas do povo.

Da esquerda para a direita: Professora Valéria Silva, professora Sofia Laurentino e Pedro Laurentino. Foto/Reprodução: @memoriasesopi

O Cine Debate proporcionou uma experiência formativa e sensível, convidando os participantes a refletirem sobre a resistência do povo do campo e os vínculos históricos entre essas lutas e o Serviço Social.