O Centro de Eficiência em Sustentabilidade Urbana da Universidade Federal do Piauí (CESU/UFPI) tem se destacado como um polo de inovação climática e transformação urbana em Teresina. Financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o CESU funciona como um projeto piloto voltado para a avaliação, teste e validação de soluções sustentáveis aplicadas em ambientes urbanos reais.
Instalado no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL) do Campus Universitário Ministro Petrônio Portella, em Teresina, o centro tem como missão central a criação de um banco de soluções para problemas urbanos a partir de tecnologias climáticas.
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Pesquisadora Barbara Johas, Coordenadora do CESU Teresina
Segundo Barbara Johas, coordenadora do projeto, o CESU é fruto de uma encomenda tecnológica - um investimento com finalidade de inovação mesmo sem retorno garantido imediato. “O Centro foi criado especificamente para testar e validar soluções urbanas climáticas em ambientes reais. Isso praticamente não existe em outros locais do País. Funcionamos como um laboratório aberto a startups, pesquisadores e cidadãos que queiram propor soluções inovadoras para os desafios urbanos e climáticos das cidades”, explica.
Entre as iniciativas já realizadas, destacam-se dois editais de inovação, o primeiro resultou na testagem de nove soluções climáticas aplicadas diretamente em ambientes urbanos de Teresina, o segundo está em execução e é voltado para o plano de arborização de Teresina, os testes de quatro startups começa no mês de maio. Além disso, o centro já promoveu mais de 20 eventos de inovação e ofertou cursos que impactaram diretamente cerca de 800 pessoas.
A estudante de Ciência Política, Emanuele Nobre, integra a equipe do Cesu Teresina, atuando como assistente de pesquisa. A estudante destaca que a participação no Cesu traz o benefício da imersão em vivências profissionais ao atuar na resolução de problemas reais das cidades. "Essa participação é importante para gente compreender além da academia, além do teórico. A gente participa de reuniões, vê como funciona todos os processos, o que é muito interessante pra gente como aluno", destaca Nobre.
Sustentabilidade na prática
Entre os projetos de destaque validados pelo CESU está o “Ninho do Verde”, uma startup de compostagem urbana que transforma resíduos orgânicos em insumos reaproveitáveis. Criada pelas irmãs Lígia Rocha, aluna do curso de Agroecologia no CTT/UFPI, e Núbia Rocha, Assistente Social, a startup surgiu da inquietação com a grande quantidade de lixo descartado no centro de Teresina. “Eu já fazia compostagem em casa, de forma bem amadora. Passei por muitos perrengues para aprender, mas sempre fui ligada à natureza”, conta Lígia, que também é jornalista, advogada e se declara apaixonada pela causa ambiental.
Com quase três anos de funcionamento, a Ninho do Verde já destinou cerca de 100 toneladas de resíduos orgânicos. “Pode parecer pouco, mas são pessoas, famílias e empresas que decidiram dar a destinação ambientalmente correta e ajudar o planeta”, reforça Lígia.
Segundo Barbara Johas, alguns dos fatores que mais dificultam a aprovação de iniciativas incluem a falta de aplicabilidade real de algumas ideias, propostas que necessitam de alterações profundas em legislações e o descolamento da realidade financeira de que os órgãos dispõem para transformar as iniciativas em políticas reais. “Não adianta você fazer uma solução muito massa, mas que custa metade do orçamento da prefeitura. O órgão público não consegue contratar. Se o custo for altíssimo, a gente tem muita dificuldade de testar, porque é inviável financeiramente”, pontua Johas.
Sediar o CESU na UFPI tem trazido benefícios de múltiplas ordens para a Universidade. “Conseguimos trazer para dentro da academia uma perspectiva de colaboração concreta com o poder público. Isso impacta positivamente a vida do cidadão, porque essas soluções influenciam diretamente nas políticas públicas”, destaca Johas.
A atuação do centro também contribui para a expansão dos NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica), extrapolando a abordagem tradicional centrada em patentes e estimulando novas frentes de transferência tecnológica voltadas à sustentabilidade. O centro incentiva novas formas de transferência de tecnologia, com foco em projetos que contribuam para a sustentabilidade e a inovação urbana. Dessa forma, a expectativa é promover melhorias concretas na qualidade de vida da população e no desenvolvimento sustentável das cidades em território nacional.
O CESU conta com uma equipe interdisciplinar formada por alunos de graduação, mestrado e doutorado, sob a coordenação de Barbara Johas e da subcoordenadora do projeto, professora Monique Menezes.