Projeto de extensão da UFPI propõe novas narrativas sobre a presença humana na Antártica

Projeto leva conhecimento para estudantes de escolas públicas

Visando repensar a maneira como os primeiros contatos humanos com a Antártica são tradicionalmente retratados, o projeto de extensão “A presença do passado: narrativas alternativas em Arqueologia” propõe abordagens mais humanas, críticas e plurais sobre o passado da região. Coordenada pela professora de Arqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Fernanda Codevilla, a iniciativa busca dar visibilidade a vozes e experiências historicamente silenciadas nas narrativas oficiais, contribuindo para uma arqueologia mais inclusiva e consciente de seu papel político e social.

Iniciado em 2022, o projeto foi criado a partir do programa-macro “Paisagens em Branco: Arqueologia e Antropologia Antártica”, coordenado pelo professor Andres Zarankin, integrante do Laboratório de Estudos Antárticos em Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (LEACH-UFMG). Em cooperação, os pesquisadores e estudantes se dedicam a investigar as formas de ocupação da Antártica com foco na história de trabalhadores e figuras invisibilizadas nos registros históricos tradicionais. 

Segundo a coordenadora da iniciativa na UFPI e vice-coordenadora do projeto macro do LEACH, Fernanda Codevilla, o continente é objeto central das discussões globais no que se refere a temas como sustentabilidade, reforçando a importância da formação de pesquisadores e atividades para complementar o conhecimento sobre a região. "Nosso trabalho busca refletir e colocar em prática formas mais significativas de comunicar a Arqueologia, a Antártica e a história dos primeiros ocupantes do continente mais extremo do planeta. Acredito que pesquisadores piauienses podem —  e devem —  contribuir com suas perspectivas e saberes para uma temática de relevância global e extremamente atual", reitera a pesquisadora.

Participação estudantil da UFPI é fundamental para o desenvolvimento da iniciativa

"No início, minha participação no projeto foi um tanto desafiadora, como mulher, nordestina e piauiense, me questionava como iriam me conectar com a temática da Arqueologia Antártica, que parecia muito distante da minha realidade", relata a graduanda em Arqueologia pela UFPI e bolsista do projeto, Ana Karolina Santos. Participante do programa desde 2023, a estudante explica que, apesar das diferenças existentes entre as duas regiões, sob a orientação de Fernanda, passou a analisar suas conexões. “Fomos instigados a pensar nos vínculos existentes entre estes dois espaços. Assim, no nosso trabalho, podemos perceber que questões ambientais, questões históricas e geopolíticas conectam estes dois extremos climáticos”, adiciona Ana.

Por fim, a estudante ainda esclarece como a participação no projeto impactou na sua formação, sua trajetória de estudos e aspirações no campo da Arqueologia. "Essa experiência desaguou na construção do meu TCC, aprovado em janeiro de 2025, onde analisei um jogo de tabuleiro Antártico recuperado em sítios arqueológicos oitocentistas. A aproximação ao tema me permite visualizar meu futuro como uma pesquisadora polar que pode contribuir para futuras pesquisas no continente gelado e integrar o Programa Antártico Brasileiro" concluí a bolsista. 

A partir da atuação conjunta de docentes, alunos da graduação e pós-graduação, além de pesquisadores de outras instituições de ensino superior, o projeto fomenta conhecimento acerca da Antártica por meio de trabalhos de campos realizados anualmente no continente, de  exposições e eventos para promoção da temática em escolas de Teresina, e da criação de produtos inovadores voltados para o público geral. Entre esses produtos, estão livros de atividades, histórias em quadrinhos, e jogos físicos e digitais de caráter pedagógico de modo a disseminar informação sobre a região polar.

Acesse as redes sociais: @antarticanopiaui e leach.ufmg.

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