O ambiente universitário, ao longo das gerações, consolidou-se como um espaço de formação, socialização e produção de conhecimento, promovendo a renovação profissional e uma compreensão mais aprofundada dos desafios sociais. Dentro desse contexto, as Ligas Acadêmicas (LAs) destacam-se como aliadas fundamentais. Essas entidades civis, sem fins lucrativos, são formadas por estudantes e docentes que se dedicam ao estudo de áreas específicas do conhecimento e à promoção de ações que atendam às demandas da população.
Na Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Resolução nº 104/2018 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEX) regulamenta a criação e o funcionamento das Ligas Acadêmicas. O documento define as LAs como instrumentos de fortalecimento da tríade ensino-pesquisa-extensão, estabelecendo diretrizes para sua formação, atividades, objetivos e processos de certificação.
Para a criação de uma LA, é necessário elaborar um projeto que atenda às normas regimentais da resolução. Esse projeto, acompanhado do Formulário de Programa Especial "Ligas Acadêmicas" (fornecido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura - PREXC), é submetido à apreciação do Colegiado do Curso ou da Assembleia Departamental.
Atualmente, a UFPI reconhece 120 Ligas Acadêmicas, das quais 118 estão em atividade. Esses grupos mobilizam 993 discentes e 110 docentes, distribuídos em 10 centros de ensino em toda a Instituição. A PREXC, responsável por autorizar e coordenar os projetos das LAs, desempenha um papel central na estruturação dessas iniciativas.
Coordenadora da CFOPS, Danielle Araújo
Segundo Danielle Araújo, coordenadora de Programas e Cursos de Formação Profissional e Políticas Sociais (CFOPS) da PREXC, as Ligas proporcionam aos estudantes oportunidades de aprendizado prático, desenvolvimento de habilidades e colaboração. "A manutenção da cultura das ligas acadêmicas nas universidades é de suma importância por diversos motivos, que abrangem desde o desenvolvimento individual dos estudantes até o impacto social e científico das instituições, como networking, oportunidades e fortalecimento da cultura acadêmica", afirma.
Integrantes da LAIN/UFPI
Um exemplo notável é a Liga Internacionalista "Maria José Rebello" (LAIN), vinculada ao curso de Ciência Política, localizado no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL/UFPI). A LAIN dedica-se à pesquisa em relações internacionais e política externa. Acesse o seu perfil do instagram @lain.ufpi.
Seu nome homenageia Maria José Rebello, a primeira mulher a ingressar no serviço diplomático brasileiro. Fundada em 2021, a LAIN enfrentou desafios logísticos durante o período remoto, interrompendo suas atividades e retomando-as apenas em 2024.
O professor Elton Gomes, cientista político e orientador da Liga, destaca o papel das LAs no desenvolvimento acadêmico: "Elas funcionam como aglutinadoras de pessoas com interesses intelectuais semelhantes, impulsionando a realização de eventos científicos, produção de artigos e pesquisas. Muitos estudantes dão seus primeiros passos na docência ou na pesquisa por meio dessas iniciativas."
Para Yasmin Leal, discente de Ciência Política e atual presidente da LAIN, a liga surgiu da necessidade de dinamizar o curso e aproximar os alunos da área diplomática: "Queríamos expandir nossas perspectivas dentro da ciência política, especialmente para quem almeja a carreira diplomática. A LAIN oferece oportunidades como simulações, simpósios e seminários, além de fortalecer o networking e a autonomia dos membros."
A LAIN, bem como outras ligas da Universidade, contribui para o desenvolvimento dos alunos de forma multidisciplinar, fomentando as aspirações dos alunos dentro de diferentes áreas, como a carreira do magistério, a pesquisa científica, carreira profissional, dentre outras. “Fomos motivados pela vontade de expandir o curso de Ciência Política para que nós pudéssemos ter um contato maior com uma área que nos interessa, além de mostrar um leque de oportunidades que a ciência política pode oferecer”, complementa Yasmin Leal.
Uma das ações realizadas pela LAEPS/UFPI
A multicampia da Universidade desenvolve LAs de sucesso em importantes áreas de estudo. Esse é o caso da Liga Acadêmica de Enfermagem em Primeiros Socorros (LAEPS), que atua no Campus Amílcar Ferreira Sobral (CAFS), no município de Floriano. Confira o perfil do instagram @laepsufpi.
A Liga surgiu entre os anos de 2023 e 2024 e é orientada pela professora Ruth Cardoso, docente do curso de Enfermagem do CAFS. Para a profissional, a Liga tem um papel importante no desenvolvimento acadêmico dos alunos do curso. “A Liga de Primeiros Socorros é de grande valia para o desenvolvimento em vários aspectos da vida acadêmica e futura atuação profissional do aluno. Nela, os membros da diretoria e ligantes desenvolvem diversas atividades como produção de resumos acadêmicos na temática e assistem importantes capacitações para futuramente atuarem nos primeiros socorros”, afirma.
Para Maria Angélica dos Santos Alves, então presidente da LAEPS e discente do curso de Enfermagem do CAFS, a Liga desempenha um papel fundamental na formação acadêmica dos alunos. “Através de aulas, adquirimos conhecimentos técnicos e desenvolvemos habilidades como raciocínio rápido, trabalho em equipe e tomada de decisão sob pressão, características indispensáveis para a enfermagem. Além disso, a Liga promove a integração entre estudantes de diferentes períodos, favorecendo a troca de experiências e ampliando nossa visão sobre a assistência em urgências e emergência”, relata a estudante.
A associação de LAs, como a Liga de Primeiros Socorros, e a PREXC, é essencial para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica em todo o Estado e acontece de maneira colaborativa. “O apoio às ligas acadêmicas em campi do interior do Estado pode apresentar desafios específicos, mas também conta com estratégias para garantir um funcionamento eficaz. Estamos em constante contato virtual com os campi do interior buscando alinhar o trabalho e vendo alternativas que privilegiam a região de cada unidade”, comenta Danielle Araújo, coordenadora da CFOPS/PREXC.
As ligas acadêmicas representam o fomento da pesquisa científica e da extensão nas universidades, ao passo que proporcionam aos estudantes oportunidades de aprendizado prático, desenvolvimento de habilidades e colaboração, além de contribuírem para a produção e divulgação do conhecimento científico.