A professora Marylu Oliveira, do curso de História do Campus Ministro Petrônio Portella da Universidade Federal do Piauí (UFPI) publicou o livro A Cruzada Antivermelha pelo selo da Editora Cancioneiro. A obra é fruto de sua pesquisa no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil (PPGHB/UFPI).
Segundo a autora, o livro aborda as representações, apropriações e práticas anticomunistas no Piauí durante a década de 1960. Baseando-se nas noções do teórico francês Roger Chartier, especialmente no conceito de representação, o estudo analisa como o anticomunismo foi construído no estado nesse período, revelando a existência de discursos concorrentes em sua formulação.
“Diversos grupos – dentro da Igreja Católica, na política nacional e local, em setores da corporação militar, no meio rural e na sociedade civil organizada – representavam o comunismo como um mal a ser combatido. Embora todos rejeitassem o comunismo como alternativa de regime econômico-político para o Brasil, cada segmento enfatizava aspectos específicos dessa luta, conforme seus próprios interesses. Com o tempo, essa diversidade de percepções e motivações resultou na consolidação de uma aparente ‘homogeneidade’ sobre o comunismo na memória coletiva”, explica a professora.
A pesquisa baseia-se em uma ampla variedade de fontes, incluindo periódicos, documentos oficiais, livros de memórias, obras anticomunistas e entrevistas. Para a análise das representações anticomunistas, foram utilizadas principalmente fontes hemerográficas. Os jornais examinados incluem Estado do Piauí (1961, 1963, 1965, 1969), Folha da Manhã (1960-1964), Jornal do Comércio (1960-1964), Jornal do Piauí (1955, 1957, 1961-1962, 1968-1969), O Dia (1959-1969) e O Semanário (1879), todos localizados no Arquivo Público do Estado. Além disso, foi analisado O Dominical (1955-1969) no Arquivo da Cúria Metropolitana. Entre as revistas estudadas, destacam-se Veja (1968-1970), O Cruzeiro (1951-1952), Fatos e Fotos (1967-1969) e Seleções do Reader’s Digest (1961-1969).
“Por meio dessas fontes, investigamos tanto práticas discursivas quanto não discursivas relacionadas ao anticomunismo, analisando jornais, livros de memórias, entrevistas e documentos diversos, como cartas e fotografias”, ressalta a professora Marylu Oliveira.