Durante a campanha do Janeiro Roxo, mês de conscientização sobre a hanseníase, o Museu do Piauí será palco da exposição “VOZES – Contra o Estigma, Preconceito e Outras Violências que Acometem Mulheres com Hanseníase”, evento que combina arte e debate para tratar de temas sensíveis e urgentes. A iniciativa inclui uma mostra artística e uma roda de conversa, buscando promover a sensibilização e a mobilização social para a saúde e os direitos de mulheres afetadas pela hanseníase.
Arte como instrumento de mudança
A exposição é fruto de uma pesquisa qualitativa que investigou as experiências de estigma, preconceito e violência vividas por mulheres diagnosticadas com hanseníase no Piauí. O estudo revelou as consequências físicas, psicológicas e sociais do preconceito, incluindo o impacto na autoestima e na inclusão dessas mulheres. Muitas relataram discriminação em casa, no trabalho e até mesmo em serviços de saúde, reforçando o isolamento e a marginalização social.
Com base nesses relatos, a mostra foi estruturada em quatro ambientes:
• Sala 1: Eldenira Rodrigues – Produção artística de mulheres acometidas pela hanseníase.
• Sala 2: Caminhos de Transformação – Obras de pesquisadores e profissionais de saúde.
• Sala 3: Entrelaçadas: Da Vulnerabilidade à Força – Criações de Maria Rita Amorim Braga, baseadas em pesquisa qualitativa.
• Sala 4: Quebrando o Silêncio – Pinturas de Fábio Solon, retratando os desafios enfrentados pelas mulheres.
Programação
• Período da exposição: 8 a 30 de janeiro.
• Roda de conversa: 17 de janeiro, às 9 horas.
A abertura contará com a presença de representantes de instituições parceiras, como a Universidade Federal do Piauí (UFPI), SESAPI, Moham Piauí e outras entidades.
Uma realidade alarmante
No Piauí, onde a hanseníase apresenta características endêmicas, o problema é agravado por altos índices de violência contra mulheres. Segundo o IBGE, 6,6% das mulheres adultas no estado relataram agressões físicas em 2023. Além disso, o estado notificou 384 novos casos de hanseníase em mulheres em 2022, destacando a interseção entre violência de gênero, preconceito e saúde pública.
A exposição utiliza a arte como ferramenta de conscientização, trazendo à tona a luta dessas mulheres e promovendo a cultura da paz. Por meio de pinturas, bordados e desenhos, o público poderá refletir sobre a necessidade de políticas públicas que tratem não apenas da saúde física, mas também das questões emocionais e sociais enfrentadas por essas mulheres.
Roda de conversa
Como parte da programação, a roda de conversa, marcada para 17 de janeiro, às 9 horas, reunirá especialistas e representantes de diferentes instituições para discutir estratégias de enfrentamento ao estigma e à violência, além de políticas públicas mais inclusivas.
A exposição é uma realização do Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN) e da Universidade Federal do Piauí (UFPI), com apoio de instituições como FAPEPI, CNPq e o SUS, reforçando o papel das universidades e órgãos públicos na promoção de ações transformadoras.
Aberta ao público, a exposição é uma oportunidade de reflexão sobre o impacto do preconceito na saúde e nos direitos das mulheres.