UFPI compõe Projeto em Rede Nacional "Conversas entre meninas e Engenheiras" aprovado no CNPq
Historicamente, a presença feminina em áreas ligadas às Ciências Exatas tem sido minoritária. Essa situação é resultado, principalmente, da falta de incentivo e oportunidades, que levam muitas jovens a não considerarem ou ter dificuldades em adentrar essas esferas de conhecimento. Devido a esse cenário, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Ministério das Mulheres (MMulheres), abriu o edital n° 31/2023, "Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação". A chamada possui como público-alvo meninas e mulheres no Ensino Fundamental, Médio e Superior em escolas públicas e em cursos de graduação nas áreas de Ciências Exatas, Engenharias e Computação, tendo sido criada com os objetivos de fomentar o interesse, ingresso, inclusão, permanência e ascensão das mesmas em carreiras ligadas as essas esferas de conhecimento.
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) é a única Instituição de Ensino Superior do Nordeste que compõe a proposta coordenada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), intitulada “Conversas entre meninas e Engenheiras: Construindo Redes”. O projeto será desenvolvido, simultaneamente, nas instituições UFG, UFPI, UFRR, IFB, UnB e UNIFESSPA. A iniciativa é coordenada localmente pela docente Luciana Barbosa e tem como vice-coordenadora, a professora Mayra Fernandes, ambas do Departamento de Recursos Hídricos, Geotecnia e Saneamento Básico da Universidade. A proposta receberá cerca de R$1.186.440,00 ao todo, sendo R$197.840,000 dos recursos destinados à UFPI.
No Piauí, a proposta será focada nas Engenharias, ambiente no qual ainda existem desafios constantes e a ausência de equidade. “A divisão sexual do trabalho provoca o distanciamento das meninas do campo de conhecimento das engenharias e das ciências exatas. Esses processos de exclusão, étnico-racial e de gênero, possuem um efeito de curto e médio prazo, que é o afastamento das meninas de atividades que envolvem raciocínio lógico, matemática e práticas de programação”, enfatiza a coordenadora Luciana Barbosa.
O “Conversa entre Meninas e Engenheiras: Construindo Redes” será realizado com enfoque na base escolar, momento em que as dificuldades começam a se manifestar. “A distinção no tratamento social e na vida escolar básica tem como uma das consequências o fato de que mulheres raramente optam pela formação em Engenharia, Exatas ou Ciências Tecnológicas. A longo prazo, percebemos quão poucas mulheres se fazem presentes nesses espaços. Mesmo quando passam pelo obstáculo de ingresso nesses cursos e decidem pelas áreas de exatas e Engenharias no Ensino Superior, as discentes geralmente enfrentam outras opressões de gênero, sendo indiretamente pressionadas a desistir de seus cursos ou a restringirem suas opções profissionais”, acrescentou.
O projeto deve promover a formação de uma rede de ação que fortaleça a presença das mulheres na área da Engenharia e Construção, atuar em parceria promovendo cursos de formação em gênero, questões étnico-raciais e interseccionalidade e a troca de experiências sobre práticas pedagógicas e de extensão em institutos de ensino básico localizados na periferia, zona rural, cursinhos comunitários e escolas de aplicação. “A nossa instituição desenvolverá o projeto na Escola Municipal Joca Vieira, localizada na zona rural, distando 15 km da malha urbana de Teresina/PI, onde se concentra uma população de baixa renda e vulnerável. Decorrente da sua localização, o acesso às tecnologias e inovação é restrito e há carências de projetos que promovam a equidade de gênero, raça, etnia e diversidade sexual”, elucidou a professora Mayra Fernandes.
Durante o período do projeto, haverá oficinas, a imersão das discentes em laboratórios, seminários e nas Instituições. “O projeto selecionará nove alunas da educação básica da escola Joca Vieira para atuarem como aprendizes e disseminadoras das oficinas temáticas. Elas serão acompanhadas por duas professoras da escola que serão contempladas com bolsas pelo projeto e também uma discente de engenharia que será contemplada com bolsa de iniciação científica”, informou a vice-coordenadora.
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