É inegável que as redes sociais têm se tornado uma grande parte da vida da população em geral, sendo usadas frequentemente no dia a dia, especialmente pelos mais jovens. Com o crescimento dessas novas tecnologias, seu uso como ferramenta pedagógica vem se tornando uma questão para os docentes em seu processo de formação e atuação profissional. Nesse contexto, Douglas Pereira da Costa, ao longo de seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd/CCE) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), realizou uma pesquisa com o intuito de compreender as necessidades educativas para uma aprendizagem segura no mundo digital e as possibilidades de instrução por meio do ambiente virtual. Vale mencionar que o estudo foi orientado pela professora Maria da Glória Carvalho Moura.
O pedagogo explicou que o uso de redes sociais tem contribuído para a reestruturação e, por vezes, aprimorado as práticas educativas realizadas em sala de aula. Ele relata que isso ocorre quando os conhecimentos ativados por essas plataformas virtuais reorientam decisões pedagógicas ou são utilizados para transformar e aperfeiçoar as atividades realizadas com os estudantes, o que, por sua vez, se traduz em novas aprendizagens para os professores. “Uma professora de matemática relatou ter aprendido a formatar fórmulas matemáticas em programas de edição de texto a partir da busca intencional e autodirigida por esse conteúdo em redes sociais virtuais. Durante uma atividade em que os alunos precisavam inserir essas fórmulas, mas não sabiam como, ela utilizou o aprendizado adquirido na rede para ensiná-los e orientá-los”, exemplificou.
Douglas Pereira da Costa durante sua defesa de Doutorado no PPGEd
Douglas Pereira da Costa esclareceu que a questão da utilização desses sites e aplicativos em ambiente acadêmico tem dois lados, dependendo da forma como são aplicados no ensino, apresentando tanto aspectos positivos quanto negativos. “Por um lado, as redes sociais virtuais oferecem possibilidades comunicativas e pedagógicas relevantes para uso, orientação e mediação do ensino e da aprendizagem. Por outro lado, o uso excessivo e/ou inadequado revela muitas vulnerabilidades humanas que ameaçam o bem-estar físico, social e mental das pessoas. Nesse contexto, a educação, como um direito público e a serviço da formação humana e da emancipação, deve sempre contribuir para a ponderação entre os encantos e os desencantos das redes sociais virtuais, optando por uma conscientização educativa, sem proselitismo tecnológico e sem demonização das redes”, elucidou.
Ele também comentou a respeito dos resultados observados na pesquisa de doutorado e o que pode ser aperfeiçoado a partir deles. “Na maioria das vezes, os professores aprendem na informalidade, na autoformação e no compartilhamento de experiências pelas e em redes sociais virtuais, reconfigurando-se em aprendizagens para a docência quando essas experiências são acionadas para melhorias ou mudanças nas práticas com os estudantes. No entanto, o aproveitamento dessas potencialidades não deve depender apenas dos professores e de seus interesses. É necessário que seja pensado e implementado de forma sistematizada na formação inicial e continuada. Nesse sentido, a partir das ações da pesquisa, na condição de uma pesquisa-ação, os resultados indicam que a formação de professores em espaços-tempos reflexivos e colaborativos é um caminho viável e potente para mobilizar a compreensão das redes sociais virtuais, elucidando possibilidades, limitações e necessidades educativas no e para os cenários digitais, em suas relações com o conhecimento, consigo e com os outros, instituídas pelas redes sociais virtuais”, concluiu.