O Núcleo de Acessibilidade da Universidade Federal do Piauí (NAU), criado em 2014, tem desenvolvido ações e atividades voltadas para a inclusão e acessibilidade de alunos com deficiência, promovendo sua permanência no ensino superior. Em 2023, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) registrou 506 alunos (com alguma deficiência nos cursos de graduação e 157 estudantes matriculados regularmente em programas de pós-graduação. Esses dados referem-se aos estudantes ativos e regulares em todos os campi, conforme os registros das pró-reitorias: Pró-reitoria de Assistência Estudantis e Comunitárias(PRAEC), da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PREG) e de Pós-Graduação (PRPG).
Assistente Social do NAU/UFPI, Rafaella Santiago
O NAU atua de diversas maneiras na Universidade. Rafaella Santiago, assistente social do núcleo, explica: "Desenvolvemos suporte, mediando a comunicação entre professores e alunos. Acolhemos os estudantes, ouvimos suas demandas e trabalhamos em articulação com a rede interna da UFPI ou com mecanismos socioassistenciais externos para garantir que essas demandas sejam atendidas." Dessa forma, o NAU está diretamente envolvido nas relações dos estudantes com professores, com auxiliares acadêmicos (quando necessário) e até com suas famílias. "O suporte é muito diverso", ressalta Rafaella Santiago.
O NAU presta atendimento aos estudantes, reivindica adequações nos currículos, articula com professores e coordenações de curso, promove formações em setores com maior número de queixas e oferece suporte na obtenção de materiais, diretamente ou por meio de auxiliares acadêmicos.
O auxiliar acadêmico é uma das modalidades da Bolsa de Inclusão Social (BINCS). Esse bolsista, selecionado por edital , é do mesmo curso que o estudante e oferece suporte diretamente durante as aulas e nos horários de estudo. Há também a modalidade BINCS-ES voltada exclusivamente para alunos surdos, com foco na tradução para Libras, revisão de material e esclarecimento de dúvidas. Geralmente, o bolsista BINCS é indicado pelo próprio estudante que necessita do auxílio, pois a proximidade aumenta as chances de sucesso.
Em todos os anos de atividade, o NAU concedeu 511 bolsas de inclusão social, abrangendo auxiliares acadêmicos e auxílio para aquisição de equipamentos, em caráter pecuniário. "O auxiliar acadêmico é uma ferramenta muito importante, pois está presente no dia a dia dos estudantes. Atuamos com esse bolsista para desenvolver habilidades que ele possa aplicar no apoio aos alunos", afirma Rafaella Santiago. O auxiliar acadêmico contribui diretamente para a construção da autonomia dos estudantes, ajudando-os a superar barreiras que, de outra forma, seriam intransponíveis.
Além das bolsas em dinheiro, o NAU também concede auxílios para a aquisição de tecnologias assistivas que possibilitam a permanência dos estudantes nas aulas e no ambiente universitário. Também realiza empréstimos dessas tecnologias por um período determinado, auxiliando os alunos com deficiência na conclusão e aprendizado em seus cursos de graduação.
Laboratório de Acessibilidade e Inclusão (LACI)
Uma das maiores conquistas do Núcleo foi a criação do Laboratório de Acessibilidade e Inclusão (LACI), localizado na Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco, no campus Ministro Petrônio Portella. No LACI, são disponibilizados computadores, notebooks, teclados colmeia (que oferecem mais acessibilidade para pessoas com dificuldade motora), linhas braille (que transformam textos de computador em braille), softwares que convertem textos em áudio, máquinas de escrever em braille, scanners, e cabines de estudo com fones abafadores de som. Além disso, o acervo acessível da biblioteca está disponível no Laboratório.
Projeto Flor de Mandacaru
Em 2019, o NAU lançou o projeto Flor de Mandacaru, que visa qualificar o tempo ocioso das mães de estudantes que são público-alvo da educação especial na UFPI. Essas mães, que acompanham seus filhos e permanecem na Universidade enquanto eles assistem às aulas, muitas vezes vivem em função dos filhos, deixando de participar de outras atividades e oportunidades no mercado de trabalho. O projeto pretende desenvolver aspectos de autonomia e empreendedorismo, proporcionando a essas mães novas oportunidades.
Estudante Francisca Ilma da Silva é uma das beneficiadas com o Transporte Acessível
Recentemente, o Transporte Acessível começou a circular na Universidade, garantindo a locomoção entre centros para estudantes PAEE (pessoas com deficiência física, visual, auditiva, intelectual, psicossocial e múltipla) que necessitam de transporte para assistir às aulas. Para Francisca Ilma da Silva, estudante do curso de Ciências Sociais da UFPI, o transporte acessível facilita o deslocamento entre setores da Universidade. "Antes, eu precisava esperar até meia hora pelo transporte convencional. Agora, posso me locomover a tempo para minhas atividades e transitar melhor por todo o campus. É uma conquista para mim e para todas as pessoas com algum tipo de deficiência física", enfatiza.
Em conclusão, o Núcleo de Acessibilidade da UFPI tem trabalhado em uma variedade de projetos e no suporte às demandas dos alunos com deficiência nos cursos de graduação, promovendo sua permanência, inclusão, acessibilidade e, principalmente, sua independência enquanto indivíduos.