Professora aposentada UFPI, Graça Targino, é a grande homenageada do SALIPI 2024
Doutora em Ciência da Informação, jornalista e professora aposentada do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Maria das Graças Targino é a grande homenageada da 22ª edição do Salão do Livro do Piauí (SALIPI). Entre 1974 e 1976, Graça Targino organizou feiras de livros que permitiram aos estudantes acessarem publicações atualizadas na Universidade. Nesse sentido, os livros sempre foram uma constante em sua vida, levando-a a assumir a liderança da Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castelo Branco, onde permaneceu por 11 anos e desenvolveu atividades didáticas que tornaram o ambiente ainda mais atrativo e prazeroso.
“Minha relação com a UFPI é uma vida inteira. Ingressei na Universidade e, até os dias de hoje, respiro UFPI em todos os melhores momentos da minha vida, apesar de, oficialmente, estar aposentada. Minha contribuição pode ser considerada valiosa porque julgo a educação um bem maior. Minha trajetória, repito, é pautada por uma luta insana em busca da melhor qualidade do ensino. É uma vida inteira dedicada ao ensino, à pesquisa e à extensão. Entrei na UFPI em 1972 e estou agora com quase 80 anos. Tenho 76 anos de luta em prol do ensino. É uma vida inteira dedicada ao ensino. Ao ensino, à pesquisa e à extensão, sem arrependimentos”, comenta.
A professora também escreveu centenas de artigos técnico-científicos, capítulos de livros e obras nas áreas de ciência da informação e comunicação, além de se aventurar na literatura com textos que se tornaram grandes referências e foram reconhecidos com um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sendo utilizados até mesmo na formulação de questões em concursos públicos.
“Desde muito cedo, respirei literatura, graças ao magnífico exemplo de um pai que, literalmente, de analfabeto, se tornou um grande escritor e jornalista, além de atuar como ghost writer para os grandes políticos do Estado da Paraíba”, revela.
A experiência acadêmica de Graça Targino também inclui cursos fora do Brasil, onde visitou Inglaterra, Cuba, México, França e Estados Unidos. Ela produziu artigos, capítulos e livros em ciência da informação e comunicação, enveredando pela literatura como cronista. Membro da Academia de Literatura de Teresina, mantém uma coluna semanal em um jornal de Teresina, coluna bimestral no INFOHOME, e contribuições sistemáticas junto a outras páginas eletrônicas. Dentre as láureas, destacam-se: Prêmio Nacional Luiz Beltrão de Comunicação, Prêmio do Programa Informação para Todos da UNESCO, Título de Cidadã Teresinense, e Prêmio “Mérito Jornalístico” da Câmara Municipal de Teresina.
A parceria de Maria das Graças Targino com o SALIPI começou bem antes. Durante a década de 1970, a Professora, com uma equipe mínima da primeira Biblioteca da UFPI, organizou feiras de livros durante três anos consecutivos. Essas feiras, planejadas com o apoio de grandes editoras de diversas regiões, como o Nordeste, Sudeste e Sul, tentavam suprir a falta de livrarias. Naquele momento, Teresina contava praticamente com apenas uma livraria, pois a segunda se recusava a comercializar com a Universidade. Essas iniciativas embrionárias eram a única forma de proporcionar aos alunos e professores acesso a livros atualizados por preços acessíveis, além de oferecer a oportunidade de trocar publicações usadas. No entanto, o alto custo do frete afastou a adesão das grandes editoras. Por conta dessa luta, Cineas Santos começou a chamá-la de "mãe do SALIPI", depois "tia do SALIPI", e agora ela é conhecida como a "avó do SALIPI".
Ao ser anunciada como a grande homenageada do Salão, a jornalista conta com alegria que o sentimento de gratidão prevalece. “Este tem sido um questionamento reincidente. Prossigo minha vida com mais alegria porque senti, a cada momento, manifestações mais contidas ou desveladas sem pudor por "meus meninos", como chamo todos os meus alunos, não importa se graduação ou pós-graduação. A docência é e sempre foi o melhor presente que Deus me concedeu. Agradeço a todos eles que conviveram comigo a sabedoria com a qual tento prosseguir minha vida, sem estacionar nos sofrimentos e nas dores que vêm e partem”, relata.
Presidente da Fundação Quixote, Kássio Gomes. Foto: Arquivo SCS/UFPI
O Presidente da Fundação Quixote, Kassio Gomes, comenta que Maria das Graças Targino criou aberturas de caminhos que são trilhados até hoje. “O SALIPI resiste há duas décadas como um evento que protagoniza o acesso de crianças, adolescentes e pessoas de maior idade ao livro e à leitura. Esse compromisso surgiu lá atrás, com a grande Professora Maria da Graça Targino, que antes do Piauí ter livraria, ela empreendia feiras de livro dentro da UFPI, abrindo uma trilha que continuamos andando com ela”, pontua.
A 22ª edição do Salão do Livro do Piauí acontece do dia 7 a 16 de Junho com o tema “A Leitura é Um Estado de Graça” no espaço Rosa dos Ventos da Universidade Federal do Piauí. Confira a programação completa aqui.