Evento organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Trabalho (GEPSAMT/CNPq/UFPI)
O Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Trabalho (GEPSAMT/CNPq/UFPI) do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF) da Universidade Federal do Piauí, que tem como líder a Profa. Márcia Astrês Fernandes, realizou nesta sexta-feira (19) o II Seminário sobre Violência e Drogas no contexto Social, Político e de Saúde. O evento teve como objetivo discutir, junto à comunidade, duas problemáticas atuais de saúde pública: violências e drogas. Durante a abertura do evento o Prof. Arquimedes Cavalcante, Diretor do Centro de Ciências da Saúde (CCS) ressaltou a importância da discussão dos temas, visto o crescente consumo de substâncias psicoativas nos últimos tempos pela população em geral, principalmente entre adultos jovens.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), por meio do Atlas da Violência 2023, destacou a violência interpessoal no Brasil, sendo que em 2021 houve 47.847 homicídios, o que corresponde a uma taxa de 22,4 mortes por 100 mil habitantes. Após a redução da letalidade entre 2017 e 2019, houve uma oscilação das taxas a partir de 2019, sendo que o indicador em 2021 se situou acima do patamar mínimo obtido em 2019. Destaca-se que no Brasil, a violência é a principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos. Outra questão extremamente preocupante diz respeito ao uso letal da força pelas polícias no Brasil. Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2023, no ano de 2022 houve 6.429 mortes por intervenção policial, o que representa 13,5% do total das Mortes Violentas Intencionais (MVI) no país.
Quanto ao panorama das drogas, o Relatório Mundial sobre Drogas 2023, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) sugeriu o aumento no número de pessoas que usam drogas injetáveis, devido a insuficiência dos serviços de tratamento e outras intervenções, principalmente para um alto número de pessoas deslocadas por crises humanitárias.
Dados de 2021 registraram uma estimativa global de pessoas que injetaram drogas em 13,2 milhões, 18% superior ao ano anterior. Globalmente, mais de 296 milhões de pessoas usaram drogas em 2021, um aumento de 23% em relação à década anterior. Enquanto isso, o número de pessoas que sofrem de transtornos associados ao uso de drogas subiu para 39,5 milhões, um aumento de 45% em 10 anos.
Durante o Seminário houve a conferência sobre Violências e Drogas, ministrada pela psiquiatra Leilane Camapum, que instigou a reflexão sobre como reverter o cenário atual por meio de políticas efetivas e a adoção de medidas integradas.
Na sequência, a assistente social Mayra Veloso ministrou palestra sobre Violência Doméstica e Abuso Sexual e alertou para a subnotificação dos dados que dificultam a visualização da gravidade desse fenômeno. Em seguida, foram lançadas duas tecnologias educacionais “Abuso sexual: como identificar e buscar ajuda’’ e “Prevenção ao abuso sexual infanto-juvenil: orientações para profissionais da educação’’, produtos do macroprojeto de pesquisa “Abuso sexual e as interfaces com a saúde mental de adolescentes escolares: pesquisa-ação em educação e saúde”, coordenado/orientado pela Profa. Márcia Astrês. Os materiais foram elaborados conjuntamente com discentes da graduação e pós-graduação em Enfermagem e brevemente vai estar disponível em formato digital para toda comunidade .
Já no turno da tarde, aconteceu a mesa-redonda sobre a Violência nos contextos laborais, prisional e de Rua com participação especial de profissionais que atuam nas respectivas áreas.
Por fim, os discentes, docentes e a comunidade externa tiveram a oportunidade de apresentar trabalhos científicos e concorrer a premiações e menções honrosas.
A discente Nanielle Barbosa, membro da comissão organizadora, enfatizou que o propósito do evento de fomentar atualizações e divulgação de informações sobre as violências e drogas no contexto brasileiro foi atingido. “Além disso, discussões que envolvem a comunidade em geral contribuem com a construção do conhecimento e reflexões pertinentes que favoreçam mudanças nesses cenários’’, disse.
Por fim, a Profa. Márcia Astrês encerrou o evento com os agradecimentos e o convite de dar seguimento ao debate nas esferas da educação, saúde e segurança sobre tão importantes problemas de saúde pública.
O evento foi realizado de forma gratuita e online e contou com a participação de discentes, docentes, demais servidores da UFPI e da comunidade externa.