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Pesquisa da UFPI encontra artefatos datados do Holoceno Final

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Última atualização em Segunda, 20 de Novembro de 2023, 11h55

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Sondagem do ponto 01 e coleta de sedimentos na Lagoa da Várzea Branca, com a presença dos alunos da Escola Estadual José Marques

Entre os dias 25 de outubro e 15 de novembro, a Bolsista em Desenvolvimento Regional (FAPEPI) vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e também doutoranda em Arqueologia pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Aline Freitas, juntamente com uma equipe de arqueólogos e estudantes de ambas as Instituições realizaram campanha de campo envolvendo a prospecção e escavação arqueológica no município de Várzea Branca, Sudoeste do Piauí. Na oportunidade, foram recuperados lascas, núcleos, percutores, ou seja, toda uma indústria de artefatos líticos usados no cotidiano de povos do passado que habitaram a região. É Importante destacar que o artefato lítico - um raspador - foi encontrado no subsolo onde os sedimentos apontam a idade de ca. 4000 anos antes do presente.

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Ponta de projétil (pedra lascada) em quartzo hialino encontrada na superfície do Sítio arqueológico Lagoa Grande das Queimadas

As atividades contaram com o apoio logístico do Laboratório de Geoarqueologia da UFPE, liderado pelo arqueólogo Prof. Demétrio Mützenberg.

A região, localizada a 30 minutos da Serra da Capivara, é rica em fósseis da megafauna, como preguiças gigantes e outros animais e também em vestígios arqueológicos pré-históricos, como artefatos cerâmicos (potes de barro) e artefatos líticos lascados: lascas, raspadores, percutores, núcleos e até uma ponta de projétil em quartzo hialino (uma das poucas registradas até o momento no Nordeste) e líticos polidos (pau de cavar). Os artefatos arqueológicos recuperados serão guardados de momento da reserva técnica do NAP (Núcleo de Antropologia Pré-Histórica)/UFPI, mas tão logo a Comunidade crie seu museu ou espaço de memória, as peças serão devidamente repatriadas.

Segundo a Profa. Aline, “as lagoas com sedimentos argilosos são verdadeiras bibliotecas da história do clima e da vegetação durante o período Holoceno (nossa época geológica!). As análises dos restos microscópicos de plantas (grãos de pólen, fitólitos) nos ajudam a entender as mudanças climáticas e conhecer o ambiente de antigas ocupações humanas, na região de estudo”. Várzea Branca também é rica em história, com seu potencial agrícola e de apicultura, da criação de gado e outros rebanhos.

As pesquisas foram iniciadas em 2018 e coordenadas pela arqueóloga Profa. Ana Luisa Lage do Nascimento (UFPI) foram suspensas pela pandemia e retornaram em 2022, a partir do projeto: “Estudos arqueométricos e microarqueobotânicos na área arqueológica do Município de Várzea Branca, PI” financiado pelo PDCTR-FAPEPI-CNPq Nº 006/2021, via portaria IPHAN (Processo nº 01402.000266/2023-97), supervisionado pelo Prof. Benedito Farias (Departamento de Química e Arqueologia da UFPI). A equipe do projeto é multidisciplinar e consta de arqueólogos, geógrafos, historiadores, biólogos e a população local. 

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Abertura da sondagem do ponto 02 do Sítio Lagoa Grande das Queimadas

Vale a pena ressaltar que a pesquisa arqueológica envolve as transformações na Paisagem, Território e as Plantas Úteis, numa perspectiva de história ecológica de longa duração e das relações entre as pessoas, as plantas e seu território. A Comunidade Local participa ativamente do projeto, por intermédio da colaboradora Profa. Alice Lima, coordenadora da Escola Municipal Deusdeth Vitorio Silva e demais atores da sociedade civil, como a Prefeitura e líderes comunitários de localidades da Zona Rural e área central. Nessa perspectiva, visitou-se uma casa de farinha localizada no Assentamento Lago de Dentro, na Zona Rural de Várzea Branca, onde acompanhou de perto a cadeia operatória da mandioca desde sua colheita até seu uso e comercialização, pelas mãos de Dona Dilza, Sr. Luis e Sr. José. Realizou-se também atividades de educação patrimonial nas escolas e visitação aos sítios arqueológicos. 

O projeto inclui também a pesquisa etnobotânica nos quintais rurais, liderada pela Profa. Roseli Barros, do curso de Ciências Biológicas da UFPI e pela Karen Veloso, do IFPI de São João do Piauí, na temática transversal pelo exercício da arqueologia pública/ colaborativa. 

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Equipe de escavação com alunos e arqueólogos da UFPI e UFPE e os moradores do entorno da Lagoa Grande das Queimadas (Sr. Milton, Dona Derenice e Sr. Izequiel)

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