Busto de Esperança Garcia, a primeira mulher negra advogada do Piauí
O Reitor da Universidade Federal do Piauí, Gildásio Guedes, participou nesta terça-feira (7/03) da cerimônia de inauguração do busto de Esperança Garcia. A solenidade aconteceu na Sede da OAB-PI e contou com a presença da Ministra da Cultura, Margareth Menezes. Em novembro de 2022, o Conselho Federal da OAB reconheceu Esperança Garcia como a primeira Advogada do Brasil. Doado pelo Governo do Piauí, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, o busto da advogada está presente na sede da OAB-PI e também no Conselho Federal, em Brasília (DF).
Reitor Gildásio Guedes participa da cerimônia na sede da OAB-PI
Segundo o Reitor Gildásio Guedes, a UFPI como um lugar de pluralismo e construção social coletiva, se insere na homenagem como uma forma de afirmação das políticas internas e externas. “A universidade é composta por um tecido social bem diversificado e que todos nós aceitamos e torcemos para que todas as tendências convivam de forma democrática e pacífica. A homenagem a Esperança Garcia só reforça o trabalho da universidade na busca de melhores direitos”, explica.
Governador do Estado do Piauí, Rafael Fonteles
O Governador do Estado do Piauí, Rafael Fonteles, enfatiza que ações como essas, são formas de dar reconhecimento ao estado do Piauí, como contribuinte da história do Brasil, além de instigar a admiração do povo piauiense pela própria cultura. “É um momento histórico e cheio de simbolismo. Todo esse esforço do nosso estado é para registrar nossa história. Para que o povo sinta orgulho dos nossos heróis e nossas heroínas”, destaca.
Presidente da OAB-PI, Celso Barros Coelho Neto
O legado de reconhecimento como primeira advogada do Brasil, foi evidenciado durante o discurso do presidente da OAB-PI. Celso Barros Coelho Neto, ressaltou a importância da história de Esperança Garcia para o país e destacou ainda sua representatividade para as demais mulheres que continuam lutando por seus direitos no Piauí. “Exaltamos Esperança Garcia aqui na Sede da OAB-PI. Na véspera do Dia Mundial da Mulher, a simbologia de Esperança Garcia de ser advogada revela a todos nós que o protagonismo da mulher é constante no nosso estado a muitos séculos”, completou.
O busto foi esculpido pelo artista piauiense, Braga Tepi e doado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Cultura do Piauí (Secult). O secretário de estado da cultura, Carlos Anchieta, frisou o trabalho conjunto com a OAB-PI de identificar e reconhecer Esperança Garcia como uma das vozes que tanto lutou pela liberdade e independência. “Estamos celebrando a morada do busto de Esperança Garcia e agora podemos afirmar com mais convicção que a voz de Esperança Garcia vem sendo cada vez mais reconhecida no Piauí”, frisa.
Ministra da Cultura, Margareth Menezes
A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, agradeceu o acolhimento do povo piauiense. Em suas palavras, a homenagem é uma ação representativa para o povo afro-brasileiro, em especial as mulheres. Além disso, ela destaca que a história de Esperança Garcia faz parte da luta contra a escravidão.“Como mulher negra, nordestina e artista me sinto homenageada. É um dia que nos alegra. É dia de agradecer a essa ação tão importante e representativa que o Piauí está fazendo no reconhecimento da luta de Esperança Garcia, uma mulher visionária e insurgente que lutou bravamente denunciando as situações que ela, sua família e tantas outras famílias escravizadas se encontravam. Precisamos de muitas narrativas para construir a verdadeira história do Brasil e ver a história ser reclamada pela vida dessa mulher é edificante e potente”, disse.
Também estiveram presentes na solenidade: o Vice-governador, Themistocles Filho; A primeira-dama, Isabel Fonteles; o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, Franze Silva; a Ex-governadora do Estado, Regina Sousa; o Prefeito municipal de Teresina, Doutor Pessoa; o Procurador-geral de Justiça do Piauí, Cleandro Moura; o Defensor-Público Geral do Estado, Erisvaldo Marques; Deputado estadual, Fábio Novo; o Secretário de Estado de Governo, Marcelo Nolleto; a Secretária de Estado da Mulher, Zenaide Lustosa; a Secretária de Estado das Relações Sociais, Nubia Lopes; o Superintendente da Igualdade Racial, Assunção Aguiar; Fides Angélica, representando os ex-presidentes da OAB-PI; o diretor-tesoureiro da OAB-PI, Marcus Nogueira; o Conselheiro federal da OAB-PI, Carlos Júnior; o Conselheira federal da OAB, Elida Franklin; o Conselheiro federal da OAB, Shaymmon Sousa; a Advogada Andrea Marreiro; o Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados, Talmy Tércio; Artista plástico Braga Tepi; Conselheira federal da OAB, Isabella Paranaguá; Presidente da Comissão da Mulher da OAB-PI Beatriz Souza; Advogada Lêda Eulálio, representando a ESA Piauí e imprensa.
História de Esperança Garcia
Em 1770, Esperança Garcia escreveu uma carta endereçada ao governador da capitania do Piauí, na qual ela denunciava as situações de violência que ela, as companheiras e seus filhos sofriam na fazenda de Algodões, região próxima a Oeiras, a 300 quilômetros da futura capital, Teresina. O documento histórico é uma das primeiras cartas de direito que se tem notícia.
Esperança Garcia possivelmente aprendeu a ler e escrever português com os padres jesuítas catequizadores. Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, pelo marquês de Pombal e a passagem da fazenda para outros senhores de escravos, ela foi transferida para terras do capitão Antônio Vieira de Couto. Longe do marido e dos filhos maiores, usou a escrita como forma de luta para reivindicar uma vida com dignidade.
*Informações retiradas do site Instituto Esperança Garcia*