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Calazar: pesquisador orienta agentes sobre uso de coleiras repelentes

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

Febre de longa duração, perda de peso, astenia (desânimo), fraqueza e anemia. Estes são os principais sintomas da Leishmaniose Visceral, ou calazar, doença crônica e sistêmica que atinge cachorros e seres humanos. A infecção é provocada pela picada do mosquito-palha ou birigui (que transmite protozoário para a corrente sanguínea do hospedeiro) e, no Brasil, é combatida por meio do controle do inseto pelo uso de inseticidas ou da eliminação do animal infectado. De acordo com o Prof. Dr. Guilherme Werneck, do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), porém, "o tratamento do calazar aplicado até o momento não tem surtido efeito e uma nova intervenção se fez necessária".

Prof. Dr. Guilherme Werneck, do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

"O calazar ainda é uma doença em franca expansão e possui um tratamento até bastante eficaz, mas este implica o uso de medicamentos fortes, que podem gerar efeitos colaterais. Não existe vacina a ser aplicada em humanos e a vacina para cachorros gera dúvida quanto à sua eficácia. Então, o Ministério da Saúde deu início a um projeto de encoleiramento de cães em várias cidades brasileiras, entre as quais Teresina foi pioneira. As coleiras são embebidas em inseticida e contém sistema GPS e funcionam como medida preventiva; espera-se que, ao fim do estudo, elas possam ser classificadas como método eficiente", coloca.

Com o objetivo de treinar funcionários da Gerência de Zoonoses da Fundação Municipal de Saúde (FMS) e do Centro de Zoonoses de Teresina - instituições parceiras do projeto juntamente com a Universidade Federal do Piauí (UFPI) - para executarem o estudo em longa escala proposto pelo Ministério da Saúde, o professor Guilherme Werneck, coordenador nacional do projeto, ministrou aula expositiva no laboratório de Doenças Parasitárias/LASAN/HVU-UFPI na manhã desta terça-feira (19). Na oportunidade, 41 agentes de endemias foram orientados para o uso do sistema de GPS, por meio do qual poderão fazer a marcação dos cães infectados e dos encoleirados, mapeando as áreas da capital e usando a informação geográfica para definir áreas prioritárias para o controle da doença.

Professor Guilherme apresenta aos presentes exemplos de estudos geográficos envolvendo o calazar realizados em outros estados

Coordenadora regional do projeto de pesquisa e professora associada da UFPI, Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Pires e Cruz afirma que já estão sendo encoleirados os animais de quatro áreas de Teresina, identificadas como zonas de transmissão intensa ou moderada: Santa Maria da Codipi, Angelim, Bela Vista e Grande Dirceu (I e II). A professora apresenta o princípio de ação das coleiras e enfatiza que elas serão colocadas em intervalos.

"O trabalho do agente de endemia consiste na produção de um inquérito sorológico, feito por meio da coleta do sangue do animal e transferência do material até o laboratório para análise. Neste momento, o agente também será responsável por colocar a coleira preventiva nos animais; esta é embebida em inseticida que se espalha por toda a superfície cutânea do animal e tanto repele insetos quanto mata aqueles que se alimentarem de seu sangue. A coleira deve ser trocada há cada seis meses em quatro ciclos, de forma que a pesquisa deve ser encerrada em 2015. A ação se encontra em seu segundo ciclo, e quase 25 mil cães já foram encoleirados em Teresina", explica.

Público da aula expositiva é formado por agentes das endemias leishmaniose visceral e dengue

Presente para assistir à palestra, o supervisor geral de Inquérito Canino da Gerência de Zoonoses da FMS, William Jacques, classifica a proposta de colocação de coleiras como uma "nova esperança" para os donos de cães. Ele afirma: "Temos verificado que a população está aceitando bem a proposta; quando ela sofre rejeição, tentamos informar melhor a pessoa sobre os benefícios da ação".

No ato de colocação da coleira, uma ficha com dados sobre o proprietário do animal é preenchida pelos agentes. O questionário contém perguntas sobre aspectos socioambientais, como se a casa possui telhas/parede e há quanto tempo o proprietário vive na residência, com o objetivo de identificar o vetor da doença na zona avaliada.

                     Coleira contra o calazar: Ministério da Saúde deu início a projeto de encoleiramento de cães    

Foto: divulgação

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