Lucineide Marquis durante pesquisa realizada em sítio arqueológico
Contribuir com o campo da Arqueologia e estudar a dispersão das pinturas rupestres de tradição nordeste para além da Serra da Capivara (PI) consiste na temática da dissertação vitoriosa da 9ª edição do Prêmio Luiz de Castro Faria, realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O trabalho vencedor: “Evidências da dispersão da Tradição Nordeste de pinturas rupestres em Quiterianópolis, Ceará” tem autoria de Lucineide Marquis de Souza do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da UFPI, e contou com orientação dos Professores Luis Carlos Duarte Cavalcante e Sônia Maria Campelo Magalhães.
Natural de Crateús (CE), Lucineide Marquis trilhou carreira acadêmica no Piauí desde a graduação e conta como sua pesquisa tem relevância no estudo de arqueologia para o nordeste do Brasil. “Minha pesquisa teve como objeto de estudo cinco sítios arqueológicos atribuíveis à Tradição Nordeste de pinturas rupestres, localizados na área rural do município de Quiterianópolis (CE). O trabalho enfatiza a relação da comunidade Angical com o Complexo de Sítios Arqueológicos Expulsar e busca analisar as pinturas ali existentes”, destacou.
Nesse sentido, a dissertação traz como conclusão que a dispersão de pinturas rupestres de tradição nordeste não tem apenas a Serra da Capivara no Piauí como único centro de origem. De acordo com a pesquisa, o Seridó (RN), Morro do Chapéu (BA) e Quiterianópolis (CE) também despontam como centros de difusão de pinturas rupestres. “Portanto, esta pesquisa traz novos dados para a arqueologia do nordeste Brasileiro, lançando novos olhares não só sobre a arte rupestre, mas sobre os autores das pinturas e sua distribuição geográfica”, explicou Lucineide Marquis.
Em momento de desenvolvimento da dissertação, acompanhamento da UFPI foi importante
Para a conclusão do trabalho, a Mestra em Arqueologia ressalta o apoio da UFPI durante toda a trajetória acadêmica. Ao longo da graduação, Lucineide morou na Residência Universitária, recebeu auxílio alimentação no Restaurante Universitário, além de acompanhamento psicológico, médico e odontológico. Com a conquista da Pós-Graduação, a bolsa remunerada estimulou o desenvolvimento da pesquisa. “Tudo isso serve para mostrar a outras pessoas que sonham em se tornar pesquisadores no Brasil que ainda é possível correr atrás de nossos objetivos mesmo vindo de família humilde e sem recursos”, comentou.
Assim como a universidade, os orientadores também tiveram papel essencial para a produção que rendeu a conquista do prêmio Luiz de Castro Faria. O Prof. Luis Carlos Cavalcante fala que o reconhecimento de expressão nacional demonstra que as pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da UFPI têm o reconhecimento da comunidade arqueológica brasileira.
Com formação acadêmica, graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado na área da Química, Luis Carlos Cavalcante é o pesquisador responsável pelo espectrômetro Mössbauer miniaturizado MIMOS II na UFPI. Único equipamento dessa natureza existente em universidade federais brasileiras, com o qual treinou e formou diversos alunos, investigando materiais arqueológicos tanto do Piauí quanto de outros estados brasileiros.
Entre as linhas de pesquisas estudadas, encontra-se a área que insere o trabalho de Lucineide. A linha de atuação abrange o levantamento de sítios arqueológicos, notadamente contendo arte rupestre, e dos correspondentes problemas de conservação, que agridem e influenciam o tempo de vida útil desses patrimônios.
Prêmio Luiz de Castro Faria 2021
Realizado desde 2013, o concurso é uma homenagem ao pesquisador Luiz de Castro Faria. Atuante no Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele contribuiu para a formação de especialistas e professores no campo da Arqueologia.
Sendo assim, o prêmio acontece nas categorias artigo científico, monografia de graduação, dissertação de mestrado e tese de doutorado. Os ganhadores receberão R$ 7 mil, R$ 10 mil, R$ 15 mil e R$ 20 mil, respectivamente. O prêmio é realizado pelo Centro Nacional de Arqueologia (CNA), unidade especial do Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo.
O objeto de estudo localiza-se em Quiterianópolis (CE)
Questionada sobre o destino do prêmio, Lucineide vislumbra investir na continuidade da carreira acadêmica. Para o doutorado, ela pretende continuar colaborando nas pesquisas arqueológicas no Ceará. Atualmente, a pesquisadora atua no Instituto de Arqueologia do Cariri Dra. Rosiane Limaverde em Nova Olinda (CE).
Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da UFPI
Criado ao final de 2011, a primeira turma de alunos ingressou no mestrado em março de 2012 e a primeira dissertação foi defendida publicamente em maio de 2014.
“De lá para cá 55 dissertações já foram defendidas, o Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da UFPI vem se consolidando cada vez mais e obtendo expressão na comunidade arqueológica brasileira, como certifica a premiação alcançada pela Lucineide Marquis”, finalizou o Prof. Luis Carlos Cavalcante.