Composição da mesa do webinário
“Estratégias para o Enfrentamento da Mortalidade Materna”. Esse foi o tema central escolhido pelo Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS (NUEPES/UFPI) para comemorar o Dia Mundial da Segurança do Paciente, celebrado hoje, 17 de setembro. O objetivo do evento foi discutir sobre sepse materna.
Todos os meses o NUEPES da UFPI, em parceria com a Universidade Aberta do SUS (Una-SUS/UFPI) e a Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI), prepara um evento para abordar com muita intensidade o tema da mortalidade materna para que gestores, profissionais e estudantes de saúde possam compreender a importância e as modificações de trabalhos na área. O webninário foi realizado de forma virtual, por meio do canal Nuepes Não a Mortalidade Materna no Youtube.
A egressa do Mestrado Profissional em Saúde da Mulher – UFPI e Coordenadora Estadual de Saúde da Mulher (SESAPI), Maria Auzeni de Moura Fé, fez a mediação do webnário. Segundo a pesquisadora, no Piauí, em 2021, a mortalidade materna foi em torno de 155 óbitos por 100 mil nascidos vivos. “É alarmante. A principal causa de mortalidade materna este ano é a covid-19. Dos 43 óbitos maternos que tivemos até agora, 17 óbitos por covid-19, o que corresponde a 40% dos óbitos maternos. É uma situação de extrema preocupação”.
Segundo Auzeni, houve uma mudança no perfil da mortalidade. Antes, as causas obstétricas diretas mais frequentes eram as doenças hipertensivas, incluindo eclâmpsia, hemorragias e infecção puerperal. “Hoje, a nossa segunda causa é a infecção, se observarmos somente as causas obstétricas”, explica.
Durante o evento foi discutido sobre definições, importância da epidemiologia, abordagem, diagnóstico e os aspectos principais de tratamentos de sepse, choque térmico e sepse puerperal.
O médico do corpo clínico, emergencista e intensivista no Hospital Sirio-Libanês, Luciano Cesar Azevedo, relata que durante muito tempo a sepse não era considerada como um quadro emergencial. “Hoje, ela tem que ser priorizada no atendimento do paciente, independe da condição dele, seja gestante, indivíduo adulto, criança, se você considera a sepse como uma parte importante no atendimento, como patologia possível dentro do diagnostico diferencial, você tem que dar priorização no atendimento do paciente”, afirma.
Luciano Azevedo destaca que a definição de sepse foi modificada em 2016. “Atualmente, a gente considera a sepse não mais como uma resposta inflamatória, mas como uma resposta desregulada do organismo do paciente a um foco infeccioso”. Ele explica ainda que, a sepse não é só bactéria, mas também é, vírus, fungo, protozoário, ou o que quer que cause uma disfunção orgânica e ameaça a vida do paciente tem ser considerada sepse.
O médico explica que para realizar o diagnóstico de sepse grave, há fundamentalmente dois formatos, o escore SOFA e pela abordagem que identifica o marcador de sepse por qualquer disfunção orgânica. “O escore SOFA é a avaliação sequencial da falência orgânica e tem seis sistemas que avalia as variações: renal, neurológica, carga muscular, hepática, hematológica e respiratória. Na vigência de uma infecção suspeita ou confirmada, qualquer disfunção orgânica aguda tem que ser considerada como sepse, independente de quantos pontos o paciente pontua no escore SOFA. O nosso objetivo aqui é dar antibióticos o mais rápido possível para o paciente”, explica.
Também foi tema do evento a sepse como causa da morte materna na Maternidade Dona Evangelina Rosa – PI.
A médica obstetra da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Piauí, Ana Maria Coêlho Holanda, define sepse materna como uma condição ameaçadora à vida, definida como disfunção orgânica resultante de infecção durante a gravidez, parto, pós-aborto e período pós-parto. “A cada segundo alguém morre de sepse no mundo. Na população obstétrica, nós temos um lado ‘bom’, que nossa mortalidade é bem menor que na população geral, mas ainda assim é uma das três principais causas de morte materna no Brasil e no mundo”.
Segundo Ana Maria, os principais pontos de abordagem da sepse materna são os mesmos principais temas da sepse da população geral: suspeita clínica, diagnóstico precoce e conduta na primeira hora. “Existem alguns sinais de alerta que podemos usar em obstetrícia, uma vez que, a grávida possui parâmetros fisiológicos diferentes da população normal, por isso, a dificuldade de se identificar os casos. Mas se observarmos uma paciente com febre alta ou febre mais baixa associada a taquicardia, taquipneia, leucocitose, hipotensão, lactato maior que dois, são alguns sinais de alerta para sepse”, disse.
O evento foi aberto a todos os profissionais e estudantes da área da saúde e interessados no tema. Os participantes receberão um certificado fornecido pelo NUEPES.