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No dia internacional da mulher, Nuepes/Ufpi promove webinário sobre mortalidade materna por hemorragia

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Última atualização em Terça, 09 de Março de 2021, 14h41

O dia 08 de março é uma data de muita importância para as mulheres do mundo. E com objetivo de chamar a atenção e conscientizar a sociedade sobre problemas de saúde na vida das mulheres, o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS (NUEPES) promoveu o webinário “Zero Morte Materna Por Hemorragia”.

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Sob mediação da médica obstetra e presidente do Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materna de Minas Gerais, Regina Amélia Lopes Pessoa de Aguiar, os palestrantes Maria Auzeni de Moura Fé, Coordenadora Estadual de Saúde da Mulher/SESAPI; Carla Larissa Monteiro Paz, médica obstétrica; Liliane Cristina Rodrigues Augusto, Consultora Nacional de Enfrentamento de Mortalidade Materna da Organização Pan americana de Saúde e Conrado Sávio Ragazani, Médico Obstetra do – Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP, discutiram sobre ações e capacitação dos profissionais da saúde envolvidos na assistência à gestante.

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Para a Presidente do comitê estadual de prevenção a mortalidade materna de Minas Gerais, Regina Amélia Lopes Pessoa de Aguiar, o dia internacional da mulher é uma data para dar um enfoque a prevenção da mortalidade materna por hemorragia.

“No Dia Internacional das Mulheres, nosso lema é: não à mortalidade materna. Nós entendemos que as mulheres não podem pagar com a vida por trazerem no seu corpo a capacidade de gerarem uma vida. Somos muitas, somos diversas, mas somos mulheres. Nosso desejo é que as mulheres engravidem se desejarem. Ao terem a gravidez desejada, elas tenham um pré-natal e um parto seguro e ao retornarem para casa, elas possam com seus filhos ter a segurança de exercer a maternidade sem deixar de ser mulher”.

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Maria Auzeni de Moura Fé, Coordenadora Estadual de Saúde da Mulher/SESAPI, descreveu o panorama da mortalidade materna no Piauí, com recorte da hemorragia, metas estabelecidas no estado com vistas a intervir na situação de mortalidade materna e um pouco das ações estratégicas principais para intervir na mortalidade materna.

“Nós somos um estado alta razão de mortalidade materna. Ao logo de dez anos, há certa homogeneidade, uma tendência decrescente. No entanto, em 2020, há uma razão de 77,71 óbitos maternos para cada 100 mil bebês nascidos vivos. É uma razão considerada alta”.

De acordo com a coordenadora, as principais causas da mortalidade materna são as relacionadas aos transtornos hipertensivos na gravidez, as hemorragias são a segunda causa de mortalidade materna no nosso estado, seguida de infecção puerperal e complicações de aborto.

“Os óbitos por hemorragias predominaram nos territórios entre rios, territórios de cocais e de planícies litorâneas. Dos 34 óbitos, em 2020, cinco foram por hemorragia. Quando olhamos para 2021, já tivemos sete óbitos: dois por hemorragias, um por covid-19; um por eclampsia, outro por diabetes, um por infecção puerperal e outras causas. Quanto à distribuição de óbitos maternos segundo faixa etária no Piauí de 2010 a 2020, a maioria dos óbitos ocorre em mulheres com idade de 20 a 29 anos (44,16%) e 30 a 39 anos (34,55%.)”, disse.

Auzeni explica que está sendo desenvolvido o Plano Estadual de ação para redução e mortalidade materna e na infância 2019 a 2023. Segundo ela, o Piauí assumiu o compromisso de reduzir a mortalidade materna e na infância no contexto da agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Pretende-se reduzir em 21,5% a Razão de Mortalidade Materna global até 2023, qual seja, para 56,5 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos, que seria em média 4,3% ao ano”.

Hemorragia pós-parto: avaliação do risco e abordagem inicial da gestante com quadro hemorrágico

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Carla Larissa Monteiro Paz, médica obstétrica e mestre pelo Mestrado Profissional em Saúde da Mulher (UFPI), apresentou o papel do pré-natal na estratégia da redução da mortalidade materna por hemorragia e como é feita a melhor abordagem inicial dessa paciente.

“A hemorragia pós-parto é caracterizada por qualquer perda sanguínea que pode levar alguma hemodinâmica materna, seja ela uma diminuição do hematócrito, hipotensão, necessidade de hemotransfusão e etc”.

De acordo com Carla Paz, entre 2008 e 2017 a maternidade de alto risco do Piauí (Maternidade Dona Evangelina Rosa) registrou 215 óbitos maternos, destes, 54,4% foram quadro hemorrágico no ciclo gravídico puerperal.

Carla Ramos explica que reconhecer fatores de riscos para hemorragia pós-parto no pré-natal e durante a assistência ao parto constitui-se no primeiro passo para se evitar uma morte por hemorragia. “Os fatores de riscos podem ser divididos tanto na gestação quanto no trabalho de parto e parto. Durante o período gestacional são observadas as gestações múltiplas, polidrâmnio, macrossomia fetal, mioma uterino, multiparidade, placenta prévia, cesariana anterior, anemia, histórico prévio de HPP, trabalho de parto precipitado, trabalho de parto prolongado coriomnionite, uso de drogas tocoliticas, anestesia geral descolamento prematuro de placenta”.

Segundo a médica obstetra, a avaliação de presença de fatores de risco deve se tornar um hábito para todos os profissionais que prestam assistência obstétrica. “ Toda paciente tem risco potencial para hemorragia pós-parto, portanto, as medidas preventivas e a vigilância em relação às complicações devem acontecer em todos os partos”.

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Já o médico obstetra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), Conrado Sávio Ragazani, comenta a importância de melhorar a assistência para as mulheres em todas as fases da vida, especialmente na gravidez e no puerpério, para reduzir a taxa de mortalidade materna. “As demoras prejudicam a vidas das pacientes, ter ações agressivas e precoces é fundamental para evitar a tríade letal. A hora de ouro é uma recomendacao do controle do sítio de sangramento, sempre que possível, dentro da primeira hora a partir do seu diagnóstico; ou pelo menos estar em fase avançada do tratamento ao final dessa hora é fundamental para reduzir a morbimortalidade por atrasos no manejo”, explica.

Conrado Ragazani enfatizou sobre o Sistema Obstétrico de Alerta e Resposta na Hemorragia Grave (SOAR). Segundo o médico existem algumas intervenções que os profissionais podem fazer para reduzir as questões das demoras e dos óbitos secundários às demoras. “O SOAR é um pacote de medidas que todos os hospitais e maternidades deveriam estar acostumados a fazer. Para se ter uma boa resposta, é necessário prontidão, reconhecimento de risco, prevenção e diagnóstico, resposta imediata e sistema de comunicação e aprendizado”, comenta.

Estratégia Zero Mortalidade Materna por Hemorragia.

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A Consultora Nacional para Enfrentamento da Mortalidade Materna da Organização Panamericana de Saúde, Liliane Cristina Rodrigues Augusto, discutiu sobre as estratégias Zero Mortalidade Materna por Hemorragia.

O projeto Estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia (0MMxH) foi pensado em 2014, a partir do “Proyeto Cero muertes maternas por hemorragia”, iniciativa do Centro Latino-Americano de Perinatalogia (CLAP), instituição especializada da OPAS/OMS – Bolívia, Guatemana, Haiti, Perú e República Domicana. 
“No projeto Cero muertes trabalha com capacitação de profissionais, nas estratégias onde são adaptadas estes modelos para outros países como é o caso do Brasil”, afirma.

De acordo com a Liliane Rodrigues, a estratégia visa estimular a formação de equipes para o enfrentamento às emergências obstétricas. “O objetivo da estratégia 0MMxH é promover intervenções exitosas de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento oportuno e adequado para reduzir as mortes por hemorragias obstétricas, através do continuo cuidado que vai do lar e da comunidade para os serviços de saúde”.

Segundo Liliane Rodrigue, a metodologia da estratégia zero mortalidade materna por hemorragia é uma forma definir os eixos de trabalho no combate à hemorragia. “A estratégia se apoia em três grandes eixos: conhecimento, habilidades e atitudes para que possamos trabalhar competências profissionais em prol das melhores atitudes e ações possíveis em beneficio a assistência a essas mulheres”.

Avaliação dos inscritos

A enfermeira Gervânia Trindade, que coordena o Ambulatório Multiprofissional Materno Infantil de Alto Risco em Balsas (MA), se inscreveu no evento e disse que “poder falar sobre estratégias que salvam essas mulheres, é de grande valia para nosso país”.

Já Renata Carneiro, que trabalha no Hospital das Clinicas de Uberlândia (HC- UFU), está realizando um ótimo trabalho como prevenção da hemorragia puerperal. “No hospital em que trabalho estamos empenhados na redução da mortalidade materna, inclusive na aplicação de bundles para hemorragia”.

Beatriz Mesquita, enfermeira na área de Docência, disse “Infelizmente uma das dificuldades que tive quando trabalhei em um município do interior do Piauí foi a falta de estrutura para o atendimento precoce a HPP e qualificação dos profissionais”.

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