Pesquisa: estudantes de Serviço Social mostram anseios de jovens assentados

Estudantes do 7° período do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que fizeram estágio supervisionado no Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), no Piauí, realizaram projetos de intervenção social em 20 assentamentos rurais localizados no entorno de Teresina, incluindo o município de Nazária. Os trabalhos apontaram as principais demandas de jovens assentados, envolvendo aspectos educacionais, culturais, de lazer e expectativas de vida no meio rural.

Através dos estágios, foram executados dois projetos de intervenção social nos assentamentos. Um deles, feito pelas estudantes Aurilene Ferreira Chaves e Érica Mourato Gomes, abordou aspectos relativos à demanda de assistência técnica e expectativas de jovens nos assentamentos. Outro, da estudante Sâmia Suyane Cunha Coelho, debruçou-se sobre a demanda por curso em nível superior através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Incra. A apresentação dos resultados dos estágios foi realizada no último dia 17 de setembro ao superintendente regional do Incra-PI, Francisco Limma, dentre outros gestores do Instituto.

Aurilene Chaves, Érica Gomes e Sâmia Coelho

A pesquisa realizada por Aurilene Chaves e Érica Gomes com 110 jovens de 14 a 29 anos, em 20 assentamentos no entorno de Teresina, apontou o interesse dos entrevistados em cursos profissionalizantes e em nível superior, em atividades produtivas, e de cultura e lazer, e demandas de infraestrutura em assentamentos. "Uma questão bastante presente entre os que foram pesquisados é por espaços de lazer, item reclamado por 51% dos entrevistados", disse Érica.

Aurilene Chaves ressalta que os dados mostram questões específicas de assentamentos localizados no entorno de um grande centro urbano como Teresina e não podem ser utilizados como parâmetro para descrever a realidade de jovens assentados em outras regiões. Mesmo assim, um número que chamou atenção na pesquisa se refere a perspectiva de vida dos jovens. Ao todo, 41% dos pesquisados relataram pretensão de deixar a família para viver fora dos lotes de assentamentos. Um número preocupante, segundo a professora da UFPI, Valéria Silva, supervisora de campo das estagiárias. "Precisamos estudar essa informação e a relação dela com a realidade social das famílias assentadas, para entendermos a vontade dos jovens em permanecerem ou não nos assentamentos", disse a professora.

Já o trabalho de Sâmia Coelho foi resultado de estudo realizado no assentamento Vale da Esperança, na zona rural de Teresina. Durante o estágio, a estudante fez a articulação entre famílias assentadas, Incra, Movimento dos Sem-Terra (MST) e UFPI para a elaboração de projeto de curso em nível superior de Agronomia, através do Pronera. "Após todo um trabalho de campo, elaboramos em conjunto com os assentados, um cronograma que prevê desde a construção das ementas das disciplinas e até mesmo o início das aulas do curso", informou Sâmia. Se a proposta for aprovada pelo Pronera e pela UFPI, e se for mantido o mesmo calendário, o curso de Agronomia pela UFPI poderá ser iniciado em setembro de 2014.

O superintendente Francisco Limma afirmou que "as experiências e informações trazidas pelas estudantes de Serviço Social são de grande importância para o Incra no Piauí". Limma disse ainda que a proposta de criação de novo curso deve ser estudada levando também em consideração à demanda de outros cursos que devem ser executados pelo Pronera como Geografia, Agronomia e Pedagogia que estão sendo articulados com a Universidade Estadual do Piauí (Uespi). E também afirmou que a próxima chamada pública para contratação de serviço de assistência técnica (Ater) já deve incluir as demandas apresentadas pelos jovens pesquisados.