Equipe de paleontólogos do Piauí, Estados Unidos, África do Sul, Argentina, Alemanha e Reino Unido participaram da pesquisa do fóssil achado numa pedreira localizada em Nazária
Karutia fortunata, 25cm de comprimento e se alimentava de insetos
Uma pesquisa inédita feita na UFPI, em parceria com seis universidades internacionais, revelou a nova espécie pertence a um grupo de répteis conhecidos como “pararrépteis”. É o terceiro fóssil de réptil descoberto na região de Nazária-PI e é o primeiro a ser considerado uma espécie nova.
O Paleontólogo Juan Cisneros, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), apresenta a Karutia fortunata, um réptil pequeno e parecido por fora com um calango, que media uns 25cm de comprimento e se alimentava de insetos.
Silhueta do fossíl pertecente a um grupo de répteis conhecidos como “pararrépteis”
“Karutia em língua timbira significa pele enrugada e com caroços. Escolhemos esse nome porque os ossos do crânio do animal estão cobertos por muitas rugas naturais. Fortunata refere-se a que foi uma descoberta afortunada, pois o esqueleto foi encontrado graças a um pneu furado que fez com que a nossa equipe tivesse que ficar mais tempo no local, o qual resultou na descoberta desse fóssil”, explica Cisneros.
Imagem do crânio da Karutia fortunata
Parente muito distantes dos lagartos e dos crocodilos, mas pertencentes a um grupo extinto (não deixaram descendentes nos dias de hoje), a Karutia fortunata viveu aproximadamente 280 milhões de anos, no Período Permiano da Era Paleozoica, e é mais antigo que os dinossauros. “Karutia viveu ao mesmo tempo que a Floresta Fóssil do Rio Poti em Teresina e habitou nela”, disse.
Paleontólogos durante expedição em Nazária-Pi
Segundo Juan Cisneros, o réptil achado em Nazária e Palmeirais se alimentava dos insetos que existiram na floresta fóssil de Teresina. “Ele nos ajuda a reconstruir as relações ecológicas do final da Era Paleozoica e através dele temos um panorama mais completo do Brasil nesse tempo".
Ainda de acordo com paleontólogo, Karutia tinha parentes próximos nos EUA. “Isso nos ajudam a entender melhor as relações entre a fauna brasileira e a fauna dos EUA numa época em que os continentes estavam unidos, formando o supercontinente de Pangeia”.
Paleontólogos na pedreira em Nazária-Pi
Desde 2016, os pesquisadores estudam a coleção de fósseis encontrados no município e que atualmente estão depositados no Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI.
As várias partes do corpo do fóssil, dentre eles: ossos do crânio, da mandíbula, vértebras, e de outras partes do esqueleto, foram analisadas e estudadas por uma equipe liderada por Juan Cisneros, diretor do Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI, em conjunto com uma equipe internacional de paleontólogos das seguintes instituições: Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte (EUA), Museu Field de Chicago (EUA), Museu Iziko (África do Sul), Universidade de Buenos Aires (Argentina), Universidade Humboldt (Alemanha), Museu de História Natural (Reino Unido).
Imagem da mandíbula do fóssil do Karutia fortunata
O estudo sobre o fóssil do Karutia fortunata foi apresentado recentemente na revista Journal of Systematic Palaeontology, considerada referência na área da Paleontologia.
“Este estudo fortalece as pesquisas paleontológicas feitas pela UFPI e foi possível graças ao apoio do CNPq e da prefeitura de Nazária”, finaliza.