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"Feminismo em ação" é tema de palestra realizada pela feminista e escritora Márcia Tiburi no SALIPI

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Nesse sábado (9), a penúltima noite de atividades do Salão do Livro do Piauí (SALIPI) contou com a presença da professora, filósofa, escritora e feminista, Márcia Tiburi, que realizou uma palestra com o tema "Feminismo em ação". Iniciada às 19h, no Cine Teatro/UFPI, Márcia discorreu sobre temáticas importantes e muito discutidas, como a participação da mulher negra no movimento e o modelo familiar patriarcal que beneficia apenas o homem. Na ocasião, também falou sobre a reinvenção da sexualidade e como o feminismo pode ajudar o homem a sair da condição de autoritário.

Segundo a Profa. Márcia, o feminismo é o enfrentamento de um tipo de estrutura patriarcal e machista sustentada no ódio às mulheres. "O feminismo, em um sentido mais radical e potente, dá à mulher a possibilidade de criação da própria história e biografia. Ela passa a se contar, e não faz mais isso pela perspectiva do homem. Nós, mulheres, sofremos o discurso de ódio há muito mais tempo e ele é um discurso misógino. Quando se chega no feminicídio, a expressão mais extrema da aversão ao feminino, vocês já pararam para pensar quanta violência tem que ter sido sustentada e introjetada para que surja um feminicida?", questiona.

Logo no começo da palestra, Márcia explica sobre a criação do seu livro mais recente "Feminismo em Comum (para Todas, Todes e Todos)", escrito em um tom de crônica e que foge um pouco dos modelos de trabalhos acadêmicos mais densos. Ressaltou, que durante seus estudos dos textos feministas, descobriu que as autoras haviam feito algo interessante pelas mulheres. "Todas as feministas, sempre que elas escreveram, em todo o tempo, falavam de suas próprias experiências. Essa questão hoje que se coloca do lugar de fala, por exemplo, está nas histórias de todas as feministas. E todas, ao longo dos seus textos, reivindicaram um direito para as mulheres: o direito à educação", salienta.

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Palestra com professora, filósofa, escritora e feminista, Márcia Tiburi

Para ela, uma das maneiras das culturas autoritárias se sustentarem em seus lugares, é impedindo o acesso à educação. "O machismo foi se sedimentando a partir da evitação e proibição de que as mulheres aprendessem a ler e a escrever. Então, manter as mulheres analfabetas, ignorantes, sem acesso à educação, aos textos, era uma maneira de fazer com que as mulheres não tivessem acesso à democracia", explica.

No desenrolar da conversa, Márcia falou sobre como o machismo é uma forma de poder estruturado e ressalta que o machista está imerso num sistema de opressão e privilégios. "Todo machista é um covarde! A prova disso é o que ele precisa fazer com as mulheres para sustentar a posição de "machão". O machista não raciocina, não pensa e eu acho que eles têm um problema cognitivo grave e que precisam de muita ajuda. E como eles não têm argumentos, o machista é sempre um homem desinteressante", pontua.

Numa sociedade onde existe uma grande diversidade sexual, Márcia esclarece que os conceitos que giram em torno do que caracteriza feminino e masculino passam a perder o sentido. Ela destaca também como o modelo social familiar acaba por ajudar na manutenção da relação de poder entre o homem e a mulher. "A casa e a família são laboratórios do que vivemos na vida pública. E as mulheres sempre foram escravas do lar, no sentido de realizarem um trabalho não remunerado, muitas vezes sob violência simbólica ou física, e passaram a introjetar a ideia de que não estão fazendo mais do que sua obrigação", explica a professora.

Um dos pontos altos da palestra foi sobre a questão de que o feminismo pode ajudar a questionar a formação da subjetividade e, consequentemente, pode ajudar os homens. "O machismo é uma forma de autoritarismo e o sujeito machista, evidentemente, é autoritário. O homem que estuda o feminismo tende a se tornar uma pessoa melhor e a enriquecer sua própria subjetividade por meio do enriquecimento de sua linguagem, no sentido da pessoa conseguir se questionar", reforça a professora.

Antes de abrir para sessão de perguntas, Márcia destacou a importância de mulheres negras adentrarem ao feminismo e sobre como a introdução delas dá um novo rumo às lutas. "O fascismo que cresce hoje, é irmão do machismo, que é irmão do racismo. A pessoa racista cancelou sua capacidade de pensar e, junto com isso, cancelou um tipo de afetividade que nasce também com a reflexão", frisa. Ela também acentuou, numa de suas últimas falas, que o feminismo traz uma contribuição significativa para mudança na sociedade. "Se o feminismo puder ser essa ultrapassagem, essa transformação de uma sociedade machista, classista, capitalista, racista, numa sociedade melhor para se viver, ele faz absolutamente todo o sentido. E, para mim, é isso que o feminismo tem tentado produzir a partir de um diálogo crítico e analítico", finaliza.

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