Laboratório realiza primeira fertilização "in vitro" de bovinos do Estado

O Laboratório de Biotecnologia da Reprodução Animal (LBR), do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí, anuncia a primeira fertilização in vitro de bovinos no Estado. A fertilização ocorreu em julho e os diagnósticos foram confirmados em agosto de 2012. A previsão é de que nasçam em fevereiro de 2013 os primeiros bezerros produzido in vitro no estado do Piauí.

Segundo o coordenador do LBR, Prof. Dr. José Adalmir Torres de Souza, as biotécnicas reprodutivas de animais com interesse econômico se aprimoraram muito nos últimos anos, em função da necessidade se incrementar a produção e a produtividade dos rebanhos.

A Inseminação Artificial (IA), considerada a primeira e mais importante biotécnica reprodutiva, já dominada há mais de cinco décadas, tem como maior vantagem a maximização do potencial genético de reprodutores geneticamente superiores, através do uso do sêmen congelado, melhorando quantitativa e qualitativamente os rebanhos. Esta técnica está associada à detecção do estro (cio) das matrizes, seguida da inseminação cerca de 12 horas após o início do estro. "Mais recentemente, com novos entendimentos sobre a fisiologia reprodutiva animal e a ação dos hormônios que atuam na reprodução, foi possível induzir e sincronizar o estro e ovulações em grande número de fêmeas, permitindo o uso da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) o que tem impulsionado mais ainda o melhoramento genético dos rebanhos", explica o professor Adalmir.

Oócitos

A Produção In Vitro de Embriões (PIV), terceira geração das biotécnicas reprodutivas, é uma técnica que valoriza com mais eficiência o potencial genético das doadoras. Com o advento da ultrassonografia, a PIV, originalmente desenvolvida a partir de oócitos obtidos de ovários de matadouro, tem evoluído bastante, dada à possibilidade de recuperação de ovócitos por punção folicular guiada por ultrassom (OPU), em fêmeas vivas e de genética superior.

Blastocito

"Esta técnica pode ser utilizada também em animais jovens (pré-púberes), senis, gestantes ou lactantes, com problemas de fertilidade adquiridos e até mesmo após a morte, o que a torna mais eficiente entre as demais biotécnicas reprodutivas. Consiste basicamente na obtenção dos ovócitos por punção e aspiração dos folículos ovarianos, via transvaginal, com o auxilio de agulha especial acoplada a uma guia também especial, orientada pela imagem visualizada na tela do ultrassom. Em seguida, essas estruturas recuperadas são colocadas em meios especiais e maturadas in vitro (MIV) em estufas com temperatura, oxigênio e pressão controlados (estufa de CO2). Uma vez maturadas, são fertilizadas 'in vitro' com sêmen sexado (macho ou fêmea) ou convencional, dependendo do interesse do produtor, e cultivadas também in vitro (CIV), em estufas de CO2. Finalizando o processo, os embriões então desenvolvidos e considerados viáveis são transferidos (inovulados) para fêmeas Receptoras que tiveram o estro previamente sincronizados com o dia da FIV, nos moldes da TE clássica (embriões produzidos in vivo)", relata o professor.

Imagem Fetal

A exemplo do que vem ocorrendo em outras regiões, essa técnica traz perspectivas de melhoria na qualidade genética dos rebanhos bovinos do estado do Piauí.

Sobre o Laboratório de Biotecnologia da Reprodução Animal

O LBR resulta de um projeto físico e funcional bem estruturado, que foi aprovado e financiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, com substancial apoio financeiro da própria administração da UFPI. Após um longo período trabalhando com ovários oriundos de matadouro (projeto piloto), o LBR produziu em 2011 seus primeiros embriões mas que não foram utilizados a campo. A perspectiva desse projeto é manter o apoio às pesquisas da própria Instituição, tanto na Iniciação Científica como junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da CCA e de outros campi da UFPI, devendo, naturalmente, estender-se a outras Instituições de Pesquisa, a Associações de Criadores, como também, a pecuaristas da iniciativa privada.