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Sentirgrafia, projeto realizado no Piauí em parceria com a UFPI

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Já parou para pensar como seria perceber uma fotografia além da sua visão? Como seria a visão por meio dos outros sentidos? O Projeto Sentirgrafia surgiu desses e de outros questionamentos em torno da relação de deficientes visuais com a fotografia. Com o cunho de pesquisa, o projeto tem como objetivo desenvolver os sentidos que os deficientes visuais possuem, como  tato, audição e imaginação,  para a produção fotográfica de forma que eles  realizem produtos estéticos e artístico para si e que instigue o desenvolvimento desse público ao mercado profissional, proporcionando  uma visibilidade dessas pessoas à sociedade. Durante os dias 24 a 28 de julho, foram realizadas oficinas de técnicas fotográficas, na Universidade Federal do Piauí (UFPI), a qual foi parceira do projeto por meio do Núcleo de Acessibilidade (NAU-UFPI), que auxiliou nas articulações de divulgação do projeto e disponibilizou os espaços na Instituição.

O projeto surgiu em consequência de um documentário (Escute...), realizado há três anos pela principal idealizadora do Sentirgrafia, a jornalista Manoela Meyer, o qual aborda a relação do cinema e cegueira com pessoas cegas. O Projeto foi criado por cinco profissionais da área de áudio visual, que inscreveram e foram selecionados pelo edital Rumos 2015, do Instituto Itaú Cultural, o qual custeou todos os aspectos logísticos do projeto, e o torna gratuito para os participantes. 

Manoela Meyer relata o que lhe instigou a realizar o Sentirgrafia. " Eu acredito que a fotografia é algo mais extremo pela falta de áudio em sua reprodução. O deficientes visuais se baseiam nos sentidos que eles têm na hora de fazer a foto, já que falta a visão, eles veem a fotografia não apenas como aquilo que você é e enxerga, mas aquilo que você pode sentir, ouvir e imaginar. A gente quer que pessoas que enxerguem como eles, pela perspectiva deles, fiquem curiosas a tudo o que tá acontecendo, seja através das fotos produzidas, seja da forma que eles se comportam, no espaço que produziram a foto." afirmou.

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A esquerda participante do projeto, no centro Manoela Meyer e a direita a auxíliar da participante

O Piauí foi escolhido para receber o projeto por ser o estado com maior incidência de pessoas com deficiência visuais no país, confrome dados do IBGE. O Sentirgrafia foi desenvolvido em três cidades: Agricolândia, Campo Maior e Teresina. Em Teresina a parte prática da oficina foi realizada no Mercado Central e no Parque Poty Cabana.

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Participante do projeto

A integrante do Coletivo Brasileiro de Mulheres Cegas e com baixa Visão (MBMC), Denise dos Santos, comenta sua nova perspectiva sobre fotografia e fotografar após participação no Sentirgrafia. "Eu, como pessoa com deficiência visual, construí  uma visão diferente da que eu tinha antes sobre fotografar. A oficina me fez compreender a fotografia de maneira totalmente diferente porque eles mostraram que é possível uma pessoa cega fazer o que ela quiser, como fotografar. Eu saí com uma perspectiva autônoma para registrar meus momentos. Além de cultivar o  gosto de imagens mesmo sem vê-las com os olhos físicos, aprendemos sobre áudiodescrição e como qualquer outra pessoa pode nos auxiliar", comentou.

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Integrante do Coletivo BMBC, Denise dos Santos

A estudante de Jornalismo da UFPI, deficiente visual, Anne Samyra Miranda, relata sua participação no projeto. "Foram dias de aprendizagens, novidades e graças ao projeto perdemos o medo de fotografar. E estamos aqui pra provar que temos capacidade de fotografar. As oficinas do Sentirgrafia foram uma experiência muito legal.  Aprendi muitas técnicas interessantes, e que nós, deficientes visuais, fotografamos da nossa maneira com a câmera. A gente tanto se divertiu como aprendeu as regras básicas que existem na fotografia e detalhes sobre fotografar. É muito importante para nós, pessoas com deficiências, aprendermos a fotografar. O pessoal do projeto é muito legal, e os auxiliares são importantes, eles aprendem com a gente e nós, com eles. Somos nove participantes com problemas visuais e estamos adoramos o projeto. " ressaltou Anne.

Saiba Mais

O Piauí é a Unidade da Federação que apresentou o maior percentual de população com deficiência visual (22,5%), seguido pelo Ceará (22,1%), Rio Grande do Norte e Pernambuco (22,0%).

Deficientes visuais por regiãoTotal% população local
Norte 574.823 3,6
Nordeste 2.192.455 4,1
Sudeste 2.508.587 3,1
Sul 866.086 3,2
Centro-Oeste 443.357 3,2

Fonte: Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

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