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Nei Lopes apresenta uma breve trajetória do samba durante o Seminário Língua Viva no SALIPI

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Palestra "Centenário do Samba" durante o Seminário Língua Viva

Na manhã dessa segunda-feira (05), o escritor; compositor; cantor e estudioso das culturas africanas, Nei Lopes, realizou a palestra intitulada “Centenário do Samba”, no Seminário Língua Viva, que está acontecendo no Salão do Livro do Piauí (SALIPI). Uma mistura de harmonia e descontração, a palestra contou com relatos da experiência que o artista vivenciou dentro do samba, e uma reflexão sobre a trajetória e formação da cultura carnavalesca no Brasil.

Nei Lopes contou que já sofreu vários tipos de preconceitos, e um dos seus maiores desafios foi enfrentar o fato de ver o seu trabalho como músico e sambista ser menosprezado. “Eu talvez seja menosprezado por conta de que faço parte de dentro do mundo do samba. E muitas vezes sou confundido, maliciosamente rotulado como sambista, porque existe uma percepção vazia, de que ser sambista é um demérito, o pensamento de que um intelectual não pode ser sambista. E eu digo para todos que “Eu sou sambista quando eu quero” e nada vai mudar os meus pensamentos e ideias”. O artista disse também que cada vez mais o seu samba é um monumento histórico para a trajetória, e que às vezes o samba mostra o seu lado artístico, camuflando-se de bossa nova, de vanguarda, entre outros gêneros musicais como forma de mostrar a sua essência.

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Escritor, compositor, cantor e estudioso das culturas africanas, Nei Lopes

Durante a sua palestra, um dos participantes perguntou ao artista se a Salgueiro, escola de samba da qual ele atuou como compositor, foi a porta de entrada do samba no carnaval moderno, contribuindo para a nossa cultura, para a cultura afrodescendente; Nei contou que a Salgueiro trouxe uma ruptura, num determinado momento, pelo lado estético, e não se pode negar o espetáculo belíssimo, mas os propósitos são diferentes da mensagem sobre a cultura africana, pois o modo de se fazer esse carnaval moderno ainda é um pouco cruel.

Cineas Santos esteve presente durante a palestra e disse se sentir honrado em assistir toda a reflexão desse grande sambista que proporciona, cada vez mais, muito conhecimento e experiências de sua vida dentro do samba.

Nei Lopes pontua que ainda existe uma separação do samba e da religião, pois ele como profissional acaba se adequando às instruções do mercado, apesar de ter uma obra bastante significativa, religiosa. A parte mais divulgada do meu trabalho não faz parte desse quesito, e o artista acabou entrando no mundo do consumo, mesmo não desconsiderando a importância de suas obras.

Ele comentou sobre a trajetória no samba durante o período da ditadura, e relatou que uma jornalista realizou uma matéria levantando várias abordagens sobre esse assunto. O mais interessante é que o compositor foi apresentado nessa matéria da década de 70, como um dos sambistas mais censurados da época, por conta da questão racial. Mas o sambista afirma que suas obras não demonstravam resistência, pelo contrário, suas letras falavam da questão etnoracial.

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Nei Braz Lopes é um compositor, cantor, escritor e estudioso das culturas africanas, no continente de origem e na diáspora africana. Notabilizou-se como sambista, ligado às escolas de samba Acadêmicos do Salgueiro (como compositor) e Vila Isabel (como dirigente), hoje mantém com elas ligações puramente afetivas. Compositor profissional desde 1972, vem, desde os anos 90, esforçando-se pelo rompimento das fronteiras discriminatórias que separam o samba da chamada MPB, em parcerias com músicos como Guinga, Zé Renato e Fátima Guedes.

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