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Endometriose: HU/UFPI disponibiliza diagnósticos e mapeamentos que contribuem para sua melhor identificação

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Mais de sete milhões de mulheres no Brasil sofrem da doença causadora de dor e infertilidade. A endometriose é uma enfermidade inflamatória crônica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva (entre 20 e 40 anos). Estudos recentes constatam que se demoram aproximadamente 12 anos para diagnosticar a doença.

A endometriose é uma condição na qual o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo. São cada vez maiores os números de pacientes diagnosticadas com a doença. Embora, normalmente, a endometriose seja diagnosticada entre os 25 e 35 anos, a doença provavelmente começa alguns meses após o início da primeira menstruação.

Segundo a médica ginecologista do Hospital Universitário (HU), Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, o diagnóstico e o mapeamento correto da endometriose são essenciais para que se tenha um tratamento mais adequado, e explica como ocorre a doença.

“O útero é como se fosse uma pera e a camada que o reveste é o endométrio. Todo mês essa camada cresce com a ação do estrogênio, para acomodar o embrião fecundado, ou seja, essa é a função do crescimento endometrial, receber essa nidação (processo de implantação do embrião no útero). Quando isso não acontece, há a descamação desse epitélio que cresceu (endométrio) e, em seguida, vem a menstruação. A endometriose é esse tecido endometrial funcionante fora da cavidade do útero, podendo ocorrer nas trompas, nos ovários, no peritônio, e às vezes em lugares inusitados como a bexiga, no reto, no nariz (sangramentos), no tórax (derrame pleural)”, esclarece.

A médica destaca que esse tecido, além de estar fora da cavidade endometrial, apresenta a capacidade de se desenvolver e responder ao estímulo hormonal do estrogênio. É como se acontecesse uma pequena menstruação fora do útero nesses focos da endometriose, e isso leva a vários sintomas, como cistos no ovário, cistos achocolatados, que podem causar dor ou infertilidade.

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Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, médica ginecologista do Hospital Universitário (HU)

Como identificamos a endometriose?

Principalmente pela história da paciente. “O principal marcador clínico para se prever se a mulher vai ter endometriose grave ou profunda na vida adulta, é quando na adolescência, ela falta às aulas por conta de cólica menstrual. Lembrando que cólica não é normal nesses aspectos, porque existe a cólica normal e a cólica que te deixa de cama, ou seja, a que atrapalha as atividades diárias, então isso tem que ser bem investigado, pois as chances de endometriose são altas”, afirma a ginecologista.

Com o decorrer do tempo, essa dor vira uma dor pélvica acíclica, que é uma dor crônica, não relacionada somente ao período menstrual, mas também fora desse ciclo feminino. A paciente pode ter uma dispareunia de profundidade que é uma dor durante a relação sexual, ocasionada quando o pênis encosta na cavidade do útero, decorrente desses espessamentos dos focos de endometriose.

Ocorrem também alterações urinárias, intestinais cíclicas, ocasionadas pelo comprometimento da bexiga ou do reto, como: diarreia; dor durante a evacuação; dor para urinar, ou até saída de sangue nas fezes e na urina, durante a menstruação. Esses são os principais sintomas clínicos. A presença de algum deles tem que ser averiguada, pois está ligada à hipótese de endometriose. O diagnóstico clínico é o principal, mas no exame físico encontram-se algumas alterações que são sugestivas. Então é muito importante a análise clínica, porque o médico vai objetivar a supressão dos focos da endometriose, e tratar as duas principais vertentes da doença que são a dor ou a infertilidade.

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Paciente sendo consultada com suspeita de endometriose

Como o Hospital Universitário trata essas pacientes?

“No HU prestamos bastante atenção ao exame clínico, e também à história da paciente, para não deixarmos passar nada em branco, e não banalizarmos as queixas de dor. Fazer uma investigação adequada é muito importante, como ultrassom, análise de outros órgãos, e uma vez que a paciente se enquadra nos critérios e no diagnóstico de endometriose, encaminhamos a paciente para um tratamento escalonado”, explica a médica.

O tratamento pode ser clínico (uso de anti-inflamatórios, anticoncepcionais, medicações hormonais a base de progesterona, medicações mais fortes como anaboles do gene RH, que são distribuídos pelo SUS, esse último age como uma menopausa clínica, para suprimir esse estímulo hormonal), ou em alguns casos ocorrem indicações de cirurgias, principalmente, quando a endometriose se manifesta com cistos grandes nos ovários maiores do que 6 cm, ou quando a paciente apresenta uma dor muito forte que acomete outros órgãos, necessitando também de uma abordagem multiprofissional, com um proctologista, um gastroenterologista, por exemplo.

A doutora Lia Damásio ainda afirma que o aparato profissional do HU é um dos mais procurados pelas pacientes dentro do estado, por conta da alta tecnologia dos equipamentos e dos vários médicos ginecologistas capacitados para identificar e tratar a doença.

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Tratamento Cirúrgico de Endometriose Profunda por Videolapasroscopia

Atualmente, a cirurgia é cada vez menos indicada para as pacientes, pois além de ser muito agressiva ao organismo feminino, em muitos casos não é suficiente para acabar com a dor. O investimento no tratamento clínico é o mais aconselhável. E para a paciente que deseja engravidar, a melhor resposta é com a fertilização in vitro, que infelizmente não existe no Piauí, mas a paciente deve rever outras possibilidades para isso.

A doutora explica também que o acompanhamento das suas pacientes no HU é constante, e que isso sempre leva a aproximação maior da paciente com o médico, gerando uma interação e conforto. “A endometriose não tem cura, ela possui apenas tratamento, muitas vezes quando uma paciente é diagnosticada com endometriose, costumo dizer que estamos nos casando, pois iremos ver altos e baixos, tristezas e alegrias, durante todo o tratamento e, somente depois da menopausa, ou com a retirada do útero, que se pode dizer que a paciente está curada entre aspas, pois como eu disse, essa cirurgia é um pouco agressiva e, às vezes, não resolve”, finaliza.

A intensidade da dor não está relacionada à extensão do problema. Algumas mulheres com doença muito extensa não apresentam dor alguma, enquanto outras com pequenos focos sentem dor a ponto de necessitarem ir a uma emergência. Além disso, muitas vezes os sinais da endometriose podem ser confundidos com os de outras doenças, por isso é muito importante consultar um médico antes de dar início a qualquer tipo de tratamento.

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