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Professor da UFPI descreve quatro novos aracnídeos sulamericanos

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Os aracnídeos constituem um dos mais diversificados grupos de artrópodes, um filo que inclui ainda os insetos, crustáceos e outros invertebrados. Dentre os diversos grupos de aracnídeos, as aranhas, os escorpiões, os ácaros e os carrapatos representam os animais mais diversificados e conhecidos pela população em geral. No entanto, a classe dos aracnídeos apresenta uma diversidade muito maior de formas, incluindo animais pouco conhecidos por não-cientistas.

Dentre estes grupos poucos conhecidos, destacam-se os solífugos ou “aranhas-camelo” (uma tradução literal de seu nome popular em inglês). Estes animais tiveram seus poucos “minutos de fama” durante a invasão do Iraque pela coalizão militar multinacional liderada pelos Estados Unidos, por volta do ano 2003. Naquela época, soldados apareceram em fotos segurando animais enormes (com mais de 5-7cm) e relatando acidentes causados pela mordida destes. No entanto, os solífugos não possuem veneno e os acidentes relatados pelos soldados eram apenas causados por suas quelíceras (apêndices corporais associados a alimentação, defesa e reprodução em aracnídeos), que possuem dentes muito grandes e uma musculatura bastante desenvolvida.

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Professor Leonardo Sousa Carvalho (à esquerda de boné) e equipe PPBio Semiárido - Grupo Invertebrados realizando trabalho de campo

Na América do Sul, os solífugos atingem tamanhos muito menores e são pouco conhecidos. A grande maioria das publicações envolvendo estes animais fora realizada décadas atrás, salvo raras exceções (até 2010). Em um recente trabalho publicado no periódico Arthropod Systematics & Phylogeny, da Alemanha, quatro novas espécies de solífugos foram descritas. A publicação foi liderada pelo biólogo colombiano Ricardo Botero Trujillo, doutorando do Museu Argentino de Ciências Naturais, na Argentina; com colaboração do Dr. Ricardo Ott, pesquisador do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, e do biólogo Leonardo Sousa Carvalho, professor da Universidade Federal do Piauí, Campus Amílcar Ferreira Sobral, em Floriano.

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Especíes encontradas pelos pesquisadores 

Dentre as espécies recém descritas, três são brasileiras, sendo uma da Bahia (nomeada de Gaucha avexada), outra de Minas Gerais (nomeada de Gaucha eremolembra) e outra do Rio Grande do Sul (nomeada de Gaucha curupi). Além destas, uma nova espécie da Argentina (nomeada de Gaucha casuhati) foi descrita neste trabalho. Este é o trabalho mais importante já publicado sobre a sistemática e a taxonomia de solífugos da América do Sul. “Nos últimos 20 anos várias publicações sobre solífugos tem relatados problemas com o reconhecimento dos gêneros e das espécies que são encontradas na América do Sul. Em nosso trabalho, fizemos uma revisão sistemática e uma análise que incluiu quase todas as espécies da América do Sul e agora temos informações muito mais detalhadas sobre a morfologia e as relações entre as espécies de solífugos da América do Sul, o que nos permite descrever novas espécies com uma segurança nunca antes possível”, afirmou o professor Leonardo.

Os solífugos abordados nesse recente trabalho correspondem a um grupo encontrado exclusivamente em regiões secas, áridas ou semiáridas pela América do Sul, desde a Bolívia até a Argentina. No Brasil, seus registros restringem-se a áreas de Cerrado e Caatinga. O professor Leonardo disse ainda que as pesquisas desenvolvidas por ele e seus colaboradores revelam que existem outras espécies de solífugos ainda não descritas. “No Piauí, descrevemos uma nova espécie de solífugo em 2010, endêmica do Parque Nacional da Serra das Confusões, mas já sabemos da presença de outra espécie ainda não descrita que ocorre no Estado”, disse o professor. No entanto, é necessário mais financiamento para a realização de atividades de campo, para que pesquisadores possam ir aos lugares onde estes animais vivem, a fim de encontra-los para estuda-los detalhadamente e, enfim, nomeá-los. Dar nome a estes animais é a primeira etapa para traçar estratégias para sua preservação.

Confira o trabalho na íntegra: Botero-Trujillo, R.; Ott, R. & Carvalho, L.S. 2017. Systematic revision and phylogeny of the South American sun-spider genus Gaucha Mello-Leitão (Solifugae: Mummuciidae), with description of four new species and two new generic synonymies. Arthropod Systematics & Phylogeny 75(1): 3–44. Disponível em: http://www.senckenberg.de/files/content/forschung/publikationen/arthropodsystematics/asp_75_1/01_asp_75_1_botero_3-44.pdf.

 

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