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Setembro Amarelo foi marcado por ações e atividades de mobilização na UFPI

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Pórtico do Campus Ministro Petrônio Portella iluminado com luz amarela durante a campanha

O lema da campanha nacional do Setembro Amarelo é “Falar é a melhor solução”. A mensagem transmite a ideia de que o suicídio não é a melhor saída para a resolução de problemas pessoais. É, então, dentro dessa perspectiva que a Universidade Federal do Piauí (UFPI) participa da ação. Durante o mês de setembro, acontecem mesas-redondas, palestras e momentos de acolhimento aos estudantes nos câmpus. Além disso, é preciso ressaltar a política de assistência estudantil com equipe multiprofissional conduzida pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC) e Núcleos de Assistência Estudantil (NAE).

Fatores que desencadeiam o pensamento suicida

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os dois maiores fatores de risco para o suicídio são os transtornos psiquiátricos (depressão, bipolaridade, abuso de substâncias psicoativas, esquizofrenia, por ex.) e o histórico de comportamento suicida na família. Apesar de agrupar em duas grandes causas, o levantamento expõe fatores cruciais. Pode-se citar as violências sofridas na infância e adolescência, crise de orientação sexual, excesso de cobranças e de alto desempenho, negligência ou ausência dos pais, ambiente familiar caótico, bullying e cyberbullying, migração, graves crises econômicas e sociais, doenças crônico-degenerativas, perda de um ente querido e a sensação de fracasso na vida. 

A OMS também aponta o suicídio como a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade – só perde para acidentes de trânsito – considerando-o como um problema grave de saúde pública. São 1.000.000 de mortes por ano no planeta.

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Prof. Carlos Henrique Aragão defendeu dissertação que aborda a temática do suicídio

Atualmente doutorando em Psicologia Clínicia e Cultura da UnB, Carlos Henrique Aragão desenvolveu a dissertação intitulada "Os Aspectos Socioantropológicos que contribuem para a tentativa de suicídio em Teresina-PI”. O trabalho foi concluído em 2013 no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPI. O pesquisador explica que não existe uma regra única para identificar, no cotidiano, uma pessoa suicida em potencial.  “O que podemos falar são de fatores de risco e alguns sinais que podem ser emitidos por uma pessoa em sofrimento grave, e que, se estivermos bem atentos, podemos detectar. Esses fatores são inúmeros e variam muito em função da fase do ciclo vital em que o indivíduo está”, esclareceu.

Quanto aos sinais, muitas vezes são pouco perceptíveis. “Os mais comuns são o isolamento, perda do prazer nas atividades cotidianas, tristeza profunda, queda no rendimento escolar e absenteísmo no trabalho sem motivos aparentes, comportamentos de risco. Todavia, há sinais claros, pessoas que pedem ajuda de forma direta. É prudente nunca negligenciar um pedido de ajuda, ajudar e escutar sem preconceitos e julgamentos”, observou Carlos Aragão.

Ainda de acordo com o pesquisador, é fundamental desenvolver habilidades emocionais e sociais para lidar com as crises que se nos apresentam, como o fracasso acadêmico, dificuldades financeiras e do mercado de trabalho, as separações e perdas. “Mas é importante lembrar que, quando falamos de algo complexo como o suicídio, não temos relação de causa e efeito. Por exemplo, não é porque a pessoa terminou um namoro que o suicídio será causado somente por isso. Não é porque vivi em um ambiente caótico quando criança que vou, necessariamente, apresentar um comportamento suicida. Falamos de fatores de risco e maiores probabilidades de que ocorra. É razoável supor que uma pessoa crescendo em um ambiente sadio terá maiores chances de desenvolver habilidades e recursos e estar mais preparada para o enfrentamento das vicissitudes da vida”, frisou.

Como ajudar?

“Escutar. Esse é o primeiro e o principal passo para ajudar uma pessoa vulnerável ao suicídio”, afirma Carlos Aragão. O doutorando também conta que é necessário saber o momento de procurar ajuda especializada, do profissional de saúde. “Quando reconhecemos que aquilo que fazemos não está sendo suficiente, é hora de procurar ajuda do profissional de saúde”, pontuou.

Muitas vezes, a pessoa vulnerável ao suicídio só precisa se expressar e dialogar seus anseios. “E, em uma sociedade individualista, fica mais difícil. A cultura, apesar de negligenciada, é fundamental para compreendermos o contexto, senão ficamos somente nos sintomas e não aprofundamos essa reflexão. Já temos pesquisadores estudando o suicídio relacionado à cultura”, finalizou Carlos Aragão.

"Plantão pela vida": UFPI engajada na campanha Setembro Amarelo

Ao longo do mês de setembro, o pórtico do Campus Ministro Petrônio Portella (CMPP), em Teresina, foi iluminado com luz amarela em referência à campanha. A temática que se tornou constante no ambiente acadêmico foi tema de palestra no HU-UFPI, mesas-redondas, caminhada e panfletagem, além dos acolhimentos letivos promovidos pelos centros acadêmicos. Neste ano, a rádio FM Universitária divulgou a campanha institucional “Plantão pela vida” com a veiculação de spot, ou seja, peça publicitária que consiste no anúncio de telefones de cunho informativo. A Superintendência de Comunicação Social da UFPI também produziu um vídeo desmistificando os principais mitos sobre comportamentos suicidas. O vídeo traz os mitos apresentados na publicação “Prevenção do Suicídio: um recurso para conselheiros”, lançado pela Organização Mundial de Saúde, com o objetivo de oferecer informações relevantes na prevenção do suicídio para os grupos sociais e profissionais específicos que trabalham com essa temática.   

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Chefe do Serviço Psicossocial da UFPI, psicólogo Carlos Eduardo Gonçalves

As ações de assistência não só se restringem ao período da campanha, mas se estendem no decorrer do ano letivo. Segundo o Chefe do Serviço Psicossocial da UFPI, psicólogo Carlos Eduardo Gonçalves, a criação dos Núcleos de Assistência Estudantil (NAE) possibilitou o avanço do atendimento à comunidade acadêmica. "Os núcleos estão presentes nos câmpus da Instituição. Todos compostos com uma equipe multiprofissional. Então, a universidade disponibiliza o acolhimento e orientação psicológica aos estudantes que apresentam dificuldades de ordem psicossocial. Além dessas ações, o serviço de apoio psicológico da UFPI desenvolve outras políticas educativas e preventivas, como a orientação de docentes", destacou.

A campanha "Setembro Amarelo" acontece no Brasil desde o ano de 2014. A ação na organização o Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Mundialmente, a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (IASP) estimula a divulgação da causa, vinculado ao dia 10 do mesmo mês no qual se comemora o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

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