Promovido pelo Programa de Cooperação Acadêmcia Novas Fronteiras /CAPES: Novas Dinâmicas Sociais e Ruralidades Contemporâneas- PROCAD-NF 2009
O programa de pesquisas estabelecido entre o PPGAARQ/UFPI e o CPDA/UFRRJ no período de 2009-2013, analisa a inserção do Piauí no processo de expansão do agronegócio brasileiro a partir da expansão das fronteiras territoriais ao desenvolvimento capitalista a partir de 2002. Com terras baratas e uma administração pública renovada e disposta a favorecer as dinâmicas econômicas e institucionais desse processo, o Piauí se abriu, simultaneamente, para produção de soja, agrocombustíveis derivados da cana e do dendê, ao monocultivo de eucalipto, à mineração e ao turismo. Esse conjunto de atividades econômicas promove uma grande reconfiguração do território a partir da inclusão de novos agentes nas cadeias produtivas, na transformação de antigas formas de práticas produtivas e de relações de trabalho, de novas formas de uso da terra e de recursos naturais e do deslocamento de povoados e comunidades.
O programa Novas Dinâmicas Sociais e Ruralidades Contemporâneas, financiado pela CAPES, analisa as mudanças sociais provocadas pelo conjunto de ações, instituições e atores que se articulam nesse processo, as novas configurações de poder e acesso aos recursos naturais que se constituem, e os efeitos e apropriações culturais locais e os processos identitários acionados pelos conflitos ambientais e deslocamentos que ameaçam as comunidades que tradicionalmente ocupam, de forma diferenciada, o território. A parceria envolve professores e alunos das duas instituições em atividades de ensino e pesquisa, e deu surgimento ao Grupo de Pesquisas ADMA - Antropologia do Desenvolvimento e Meio Ambiente do Piauí, que reúne alunos de graduação e mestrado em atividades de viagens e estudo no Piauí.
Essa experiência nos mostrou a necessidade de definirmos o que entendemos por Antropologia do Desenvolvimento como: o estudo dos efeitos concretos de uma ordem discursiva determinada e específica na contemporaneidade - o Desenvolvimento - que determina e apoia decisões de grande impacto, provocando e conduzindo a ação de grandes projetos como as barragens, do monocultivo de eucalipto ou de outros processos da agroestratégia, mapeando suas consequências para grupos particulares através do trabalho etnográfico que descreva concretamente os efeitos, apropriações, traduções, adaptações e inovações efetivadas localmente por saberes específicos.
Desta forma, o trabalho orienta a lente da análise antropológica de forma multidirecional, fincando sua análise na etnografia nos locais que constituem a clientela das políticas de desenvolvimento (regiões, coletividades) ou objeto do desenvolvimento ("pobres" ou "excluídos"), ao mesmo tempo em que observa como o conjunto de enunciados institucionais que constroem, suportam e possibilitam as ações de impacto são interpretados e apropriados por diferentes atores (instituições públicas, agentes econômicos, mídia) constituindo um marco interpretativo.
Para tanto, o PROCAD promove a série de Simpósios "O Piauí da Era dos Grandes Projetos" onde aspectos do processo são discutidos através do discurso próprio das instituições. Além de compreendermos a conjuntura que favorece o processo, buscando compreender as atualizações nos enquadramentos e a forma como os enunciados são reapropriados e traduzidos pelo conjunto de forças atuantes.
APRESENTAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Adriana Ramos, secretaria executiva adjunta do Instituto Socioambiental, estudou comunicação social e atua no campo das políticas socioambientais há 20 anos. Coordena o grupo de trabalho de florestas do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) e é secretaria executiva do Fórum Amazônia Sustentável. Representa o FBOMS no Comitê Orientador do Fundo Amazônia.
Beatriz Herédia: Doutora em Antropologia Social pelo PPGAS/ Museu Nacional/ Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986). Realizou Pós-doutorado no Laboratorio Sociologie Européenne CSE/ EHESS/ Paris, França (1992). Professor Associado III - Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia/ IFCS, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisador de Pronex /CNPq. Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Tem experiência na área de Campesinato, Antropologia da Politica; Questões Agrárias. Possui livros e artigos publicados em revistas especializadas no Brasil e no exterior. Professor visitante em diversas universidades brasileiras e em universidades e centros de pesquisa de: França, Argentina, Guatemala e México. Consultorias e Assesorias nas áreas temáticas de trabalho para diversos organismos internacionais.
Flávia Braga Vieira: Possui graduação em Ciências Sociais (1998), mestrado em Sociologia e Antropologia (2001) e doutorado em Planejamento Urbano e Regional (2008) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É Professora Adjunta de Sociologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) onde leciona e desenvolve projetos de pesquisa e extensão. No Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, coordena o curso de extensão/especialização Energia e Sociedade no Capitalismo Contemporâneo. Tem experiência nas áreas de Ciências Sociais e Ciências Sociais Aplicadas, atuando principalmente nos seguintes temas: globalização, movimentos sociais, meio ambiente, desenvolvimento, barragens e sociologia.
Henyo Trindade Barretto Filho, IEB: Natural do Pará, é Doutor em Ciência Social (Antropologia Social) pela USP (2001), com cerca de 16 anos de experiência acadêmica nos Departamentos de Ciências Sociais da UFAM (1990-1994) e de Antropologia da UnB (1994-2006), tendo desenvolvido trabalhos nas áreas de etnologia, relações interétnicas, questões ambientais e políticas públicas (ambiental e indigenista), tanto no Nordeste (no final dos anos oitenta), quanto na Amazônia (em meados dos anos noventa). Foi membro da Comissão de Assuntos Indígenas (1992-1994; 1998-2002) e do GT ‘Povos e Comunidades Tradicionais, Meio Ambiente e Desenvolvimento' (2011-2012), e Secretário (2002-2004) da Associação Brasileira de Antropologia. Desde 2005 é Diretor Acadêmico do IEB, ONG que trabalha com formação, fortalecimento institucional, manejo dos recursos naturais e gestão territorial junto a ribeirinhos, agroextrativistas, assentados e povos indígenas no Amazonas, Pará e Rondônia
Marlúcia Valéria da Silva: Doutora em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (2006). Pós-doutora pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ/Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais, em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade-CPDA (2011). Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia-UFPI e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Arqueologia-UFPI. Desenvolve estudos e pesquisas quanto aos temas: juventudes, culturas juvenis, identidades, ruralidades. Membro do Núcleo de Pesquisa sobre Crianças, Adolescentes e Jovens (NUPEC-UFPI); do Grupo de Pesquisa Antropologia do Desenvolvimento e Meio Ambiente no Piauí(UFPI) e do Núcleo de Estudos da Juventude Contemporânea(NEJUC-UFSC).
Maria José Carneiro: Doutora em Antrhopologia Social pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1993). Pós-doutorado na Université Paris X (Nanterre), na École des Hautes Etudes en Sciences Sociales e na Unicamp (I.E.). Professora Associada do Programa de Pós-Graduação de Ciencias Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Antropologia, Sociologia Rural e, mais recentemente, sobre Sociologia da Ciência, atuando principalmente nos seguintes temas: agricultura familiar, ruralidade; juventude e gênero no meio rural, relações campo-cidade; relações natureza e sociedade, relação entre ciência e política pública na área do meio ambiente. É coordenadora do CINAIS - Grupo de Pesquisa em Ciência, Natureza, Informação e Saberes
Maristela de Paula Andrade: Possui graduação em História (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade de São Paulo (1972); mestrado em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1981) e doutorado em Ciências Humanas (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1990). Realizou um pós doutorado na UAB, em Barcelona, em 1999. Atualmente, é professora associada III, da Universidade Federal do Maranhão, onde atua no PPGCS e na coordenação do Grupo de Estudos Rurais e Urbanos. Pesquisa principalmente os seguintes temas: economia camponesa e identidade étnica; conflitos agrários e ação oficial no campo; novos movimentos sociais rurais; comportamento político dos camponeses; sistemas de classificação da natureza, conhecimento local e práticas tradicionais. Coordenou o Mestrado de Políticas Públicas da UFMA entre 1995 e 1998, esteve ligada a ONGs e a entidades confessionais, em São Paulo nos anos 60 e 70 e, no Maranhão nos anos 70 e 80. Assessora e presta consultoria a entidades de apoio a camponeses. Bolsista produtividade do CNPq, nível 2.
May Waddington Telles Ribeiro: Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2005). No corpo docente da UFPI, atua no Depto. de Ciências Socias, como professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Arqueologia e como professora colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Coordena o PROCAD NOVAS FRONTEIRAS entre o PPGAArq da UFPI e o CPDA da UFRRJ, financiado pela CAPES. Desenvolve pesquisas sobre os impactos culturais e ambientais de projetos de desenvolvimento sobre povos tradicionais no Piauí. Como documentarista, se especializa em vídeos que retratam grupos tradicionais a se inserirem na economia de mercado e os impasses que tais grupos enfrentam ao adaptarem sua organização de trabalho à cultura do capitalismo.
Samuel Pinheiro Guimarães: Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1963, ingressou no Itamaraty nesse mesmo ano. É mestre em economia pela Boston University (1969). Foi professor da Universidade de Brasília (UnB), entre 1977 e 1979. Foi secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores de 2003 até outubro de2009, quando foi então empossado como ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), até 31 de dezembro de 2010, no final do Governo Lula. Em janeiro de 2011, foi designado Alto-Representante Geral do Mercosul, tendo como funções a articulação política, formulação de propostas e representação das posições comuns do bloco, onde coordenava a implementação das metas previstas no Plano de Ação para um Estatuto da Cidadania do Mercosul. Renunciou ao cargo em 28 de junho de 2012. Atualmente, é professor do Instituto Rio Branco (IRBr/MRE), onde leciona a disciplina "Política Internacional e Política Externa Brasileira" . É autor dos livros Quinhentos anos de periferia (UFRGS/Contraponto, 1999) e Desafios brasileiros na era dos gigantes (Contraponto, 2006). Foi eleito Intelectual do Ano em 2006 (Troféu Juca Pato) pela União Brasileira de Escritores.
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