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UFPI desenvolve políticas de ação e atividades sobre o autismo

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

Trazer a temática do autismo à tona é essencial para debater e propor mecanismos de inclusão na sociedade contemporânea. É com esse propósito que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 02 de abril como data para refletir sobre a conscientização mundial do autismo. Nesse sentido, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) não só desenvolve a discussão, mas também fomenta ações e políticas de amparo ao estudante autista.

O Núcleo de Acessibilidade da UFPI (NAU), vinculado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC), é o setor responsável por acolher os estudantes com o espectro autismo e com deficiências sensoriais, físicas, entre outras. Criado no ano de 2014, por meio do Programa de Acessibilidade na Educação Superior – INCLUIR, do Ministério da Educação, tem por objetivo garantir o ingresso de estudantes, professores e servidores com deficiência a todos os espaços, ações e processos da Universidade.

O projeto foi aprovado em 2007 e representa uma luta da Profa. Ana Valéria Fortes Lustosa e do Núcleo de Estudos em Educação Especial e Inclusiva (NEESPI). Até o momento foram empossadas duas profissionais, uma assistente social e uma psicóloga, voltadas exclusivamente para o exercício do setor. Em breve, o NAU contará com a construção da sua sede no Campus Ministro Petrônio Portella e, posteriormente, expandirá para os outros quatro campi da UFPI.

Entre as ações voltadas aos estudantes autistas, o Núcleo está finalizando um edital para acompanhantes de limitação em geral. Quem participar do edital solicitará auxílio nas atividades dentro e fora da classe. Além disso, em parceria com outros setores da Instituição, o NAU monitorará estudantes com alguma necessidade especial, conhecendo a realidade de perto, buscando fornecer o devido suporte.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Desordens do Espectro Autista (DEA) consistem em condições determinadas pelo o neurodesenvolvimento durante a gestação ou logo após o nascimento da criança. O transtorno engloba síndromes, como por exemplo, o autismo, asperger e transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação (PDD-NOS). Em suma, as síndromes são caracterizadas por dificuldades atenuadas no comportamento, interação social, comunicação e sensibilidades sensoriais com variação na intensidade conforme o paciente.

A nomenclatura de diagnóstico foi proposta em maio de 2013 pela Associação Americana de Psiquiatria, por meio do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, denominado de DSM-V. A novidade do documento foi reunir síndromes anteriormente tratadas como distintas, ao exemplo do autismo e asperger, agrupando todas em um guarda-chuva. A partir disso, os transtornos tidos como separados, representariam uma espécie de continuidade dentro do espectro, auxiliando no trabalho terapêutico.

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Coordenador do NAU-UFPI, psicólogo Carlos Eduardo Leal

Segundo o Coordenador do Núcleo de Acessibilidade da UFPI, psicólogo Carlos Eduardo Leal, o autismo é multicausal e associado a condição de ordem biológica. “Historicamente o autismo era associado a condições psicológicas em razão de situações aversivas do ambiente, mas essa hipótese foi descartada. Evidentemente, o suporte ambiental vai afetar o prognóstico de algum modo, embora a causa do autismo seja biológica, até porque alguns casos estão associados a crises convulsivas, déficit intelectual, que são condições orgânicas”, afirmou.

Em pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, uma em cada 50 crianças possuem o transtorno. O diagnóstico clínico pode ser feito a partir dos dois anos de idade. “Chamaria o diagnóstico do autismo por exclusão, uma vez que outros fatores são descartados para se estabelecer o diagnóstico. Crianças que são acometidas por autismo considerado clássico possuem desajuste qualitativo na linguagem. Por exemplo, uma criança com o transtorno pode apresentar ecolalia, ou seja, a repetição de falas e gestos. Além de comportamentos restritos e estereotipias motoras”, pontuou.

O psicólogo Carlos Eduardo Leal reitera que o diagnóstico é diferente dentro das matizes do espectro autista. “Após a definição do novo manual da Associação Americana de Psiquiatria, as subcategorias como autismo e síndrome de asperger (anteriormente vista como uma versão branda do autismo) foram extintas, considerando o autismo apenas na condição de espectro. Então, são diagnosticados autistas que apresentam grau de comprometimento significativo associado inclusive ao déficit intelectual, assim como dentro do espectro aparecerão autistas com alto grau de funcionamento, com a inteligência preservada, elevado nível de sociabilidade, além de autistas com habilidades superiores, portanto, dentro do mesmo âmbito há uma diversidade de manifestação”, completou.

Importância de discutir políticas de inclusão

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Servidora do Departamento de Química, Gilvânia Sousa fala sobre o diagnóstico de autismo do seu filho

A servidora da UFPI Gilvânia Sousa, lotada no Departamento de Química da UFPI, mãe do pequeno Felipe, 06 anos, conta que o diagnóstico foi cedo em razão das dificuldades de falar do seu filho. “No aniversário de 02 anos do meu filho, senti ele se distanciar das pessoas, além do atraso de fala, foi por isso que decidi buscar o neuropediatra. Antes de fechar a avaliação, o médico me orientou a levar o Felipe para o fonoaudiólogo, terapia ocupacional e psicólogo. Após um ano o diagnóstico foi concluído, portanto, o autista necessita de uma equipe multidisciplinar para auxiliar no desenvolvimento pessoal”, destacou.

Para Gilvânia Sousa é essencial não só o envolvimento familiar, mas também conduzir o debate para o âmago do ensino escolar. “O autista precisa ser estimulado para realizar alguma tarefa. Então, acredito que deve haver um professor auxiliar dentro das salas de aula para incentivar o desenvolvimento de atividades e a interação social. Além disso, é necessário pensar na capacitação dos docentes universitários, por exemplo, ter uma disciplina que discuta a educação especial”, comentou.

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Assistente Social do NAU-UFPI, Rafaella Santiago

Segundo a Assistente Social do NAU-UFPI, Rafaella Santiago, a constituição brasileira garante o direito de uma educação igualitária e de qualidade a todos. “Apesar dos direitos presente na carta magna, constantes regulamentações são necessárias com o intuito de fortalecer. Infelizmente, o que percebemos no ensino regular é a presença da questão cultural de segregar, sem querer disponibilizar um acompanhante ao estudante especial, por exemplo. A Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno de Espectro Autista, reforçando os direitos e amparo da pessoa com autismo”, explicou.

Durante o mês de abril, a UFPI sediará o I Seminário sobre autismo. “Nós queremos incentivar a discussão sobre acessibilidade e inclusão dentro da Universidade. No Seminário de Docência Superior que acontece entre os dias 04 e 05 de abril, também estaremos conversando com os docentes ingressantes para estimulá-los sobre a importância de debater a inclusão. Além da possibilidade de irmos às coordenações de cursos para conhecer a realidade de perto”, comentou Rafaella.

Gilvânia Sousa avalia como satisfatório o esforço da UFPI em tratar sobre autismo e inclusão social. “Fico feliz em saber dessas novidades, e como mãe almejo uma Universidade cada vez mais igualitária. É importante trazer essas temáticas, fornecer suporte aos estudantes e capacitar os nossos professores para desmitificar assuntos como o autismo”, finalizou.

Neste sábado (02) será promovida uma caminhada em comemoração ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A concentração acontece a partir das 16h sob a ponte Estaida, na Avenida Raul Lopes.

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A caminhada do Dia Mundial de Conscientização do Autismo é organizada pela AMA de Teresina

CONFIRA O VÍDEO:

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