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Duplo reconhecimento: professor da UFPI é premiado no IPHAN e na CAPES

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

O Prof. Dr. Ângelo Alves Corrêa, do Curso de Arqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), foi premiado no concurso nacional de tese do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e recebeu Menção Honrosa pela mesma na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A tese premida, intitulada Pindorama de Mboîa e îakaré: Continuidade e mudança na trajetória das populações Tupi e defendida na USP no ano de 2014, disserta sobre a história das populações falantes de línguas Tupi e baseou-se nas características de vasilhas cerâmicas encontradas nos sítios arqueológicos relacionados a esses povos. Segundo o Prof. Dr. Ângelo Alves Corrêa, o estudo tem o propósito de observar o processo de continuidade e mudança na história dos povos Tupi, e tentar contribuir com os modelos de origem de migração, ocupação, e transformação desta ao longo do tempo. “Para fazer a tese me baseei em levantamento bibliográfico, e foi possível reunir quase cinco mil sítios arqueológicos e 700 datações. Além disso, também visitei coleções onde existem peças e cerâmicas”, conta.

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Prof. Dr. Ângelo Alves Corrêa foi premiado no concurso nacional de tese do IPHAN e recebeu Menção Honrosa na CAPES

O professor explica que o estudo priorizou as cerâmicas ou vasilhas inteiras ou semi-inteiras. “O trabalho continua, estamos fazendo levantamentos. E existem muitas outras coleções no país que ainda guardam esse material e que precisa ser consultado. Vamos trabalhar e contribuir um pouco mais com a história dessas populações”. Até o momento, 83 coleções foram analisadas em museus diferentes, localizadas em quinze estados brasileiros.

fotoredimensionaessaA tese premiada baseou-se nas características de vasilhas cerâmicas encontradas nos sítios arqueológicos relacionados a povos Tupi

O estudo das cerâmicas também está presente em outro projeto coordenado pelo professor Ângelo Alves, intitulado “Mapeamento Arqueológico da Serra de Ibiapaba: história de longa duração das populações Tupi”. O trabalho procura analisar diversas hipóteses, como por exemplo, a de que populações amazônicas Tupi migraram para o nordeste e teriam dado origem aos povos Tupinambá. “Estudamos a hipótese de que populações amazônicas Tupi da Amazônia vieram para o nordeste e permaneceram durante centenas de anos. Essas populações tinham suas próprias características, mas, chegando aqui, sofreram um processo de modificação, e foi o que, provavelmente, deu origem à população Tupinambá”, observa.

No projeto, está sendo possível verificar a existência de cerâmicas com características Tupinambá e de um conjunto que se assemelha bem mais com a cerâmica da Amazônia. “Trata-se de uma transformação regional dentro do Nordeste, de um povo da Amazônia para o povo que conhecemos como Tupinambá. Montei esse projeto para verificar, por meio das coleções, as semelhanças entre esses povos, constatar a relação entre as duas e, dessa forma, construir a historia de modificação deles”, diz. O projeto irá mapear sítios e coleções particulares em bibliotecas públicas, colégios e igrejas.

foto3arqueO estudo priorizou as cerâmicas ou vasilhas inteiras ou semi-inteiras

Sobre os povos Tupi e Tupinambá, o Prof. Dr. Ângelo Alves Corrêa ressalta que podem ser obtidas importantes informações por meio das cerâmicas arqueológicas e etnográficas . “É pressuposto da arqueologia que, quando as sociedades mudam, muda todo o conjunto de artefatos, e a cerâmica é um deles. Pensamos que, se uma população sai de uma região para outra região, o clima, a comida, o tamanho da aldeia, tudo isso irá interferir no processo de modificação dessas. Conseguimos enxergar por meio dos vasilhames as mudanças, mas é uma associação que nem sempre é possível de ser feita. Para a população Tupi, temos dois tipos de cultura material: os artefatos cerâmicos e os líticos, as pedras.” Porém, existe pouca informação sobre os artefatos de pedra nos museus, pois estes optam em montar suas coleções com cerâmicas, por chamarem mais atenção dos visitantes.

foto4arqueO projeto busca verificar as semelhanças entre os povos Tupi e Tupinambá

O professor conta que uma das principais técnicas para estudar a cerâmica é a análise tecnológica. “Estudamos todos os pontos, as formas, os acabamentos, e a própria morfologia. E a resposta está sendo muito boa”, afirma otimista. Para agilizar o processo, ele utiliza a técnica de fotogrametria, ou seja, a fotografia para fazer restituição métrica. Desse modo, é possível tirar as medidas e as características de uma cerâmica a partir da foto, ao invés de ficar medindo peça por peça.

foto5arqueA técnica de fotogrametria possibilitou tirar todas as medidas e as características das cerâmicas

O professor diz que, futuramente, o projeto irá comparar tanto a cerâmica do nordeste quanto a de outras regiões do país e até de outros países. “Já sabemos que todas essas populações são aparentadas em algum grau. Então, com essas comparações, esperamos descobrir qual grupo originou o outro, e qual está mais próximo ou distante em termos de parentesco”, diz.

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