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Professor da UFPI é nomeado Presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

O docente do Curso de Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Prof. Dr. Flávio Rizzi Calippo, foi eleito Presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), durante o XVIII Congresso da SAB, realizado em Goiânia (GO). A entidade, que constitui uma associação científica e sem fins lucrativos, tem como uma das bandeiras principais a regulamentação da profissão de arqueólogo. O pesquisador ao receber uma expressiva votação de 92% dos votos, assumirá o cargo a partir do dia 01 de janeiro de 2016, permanecendo até o final do mês de dezembro de 2017.

Pesquisas desenvolvidas na UFPI

Atual Coordenador do Mestrado em Arqueologia da UFPI, o Professor Flávio Calippo faz parte do quadro docente da Instituição desde o ano de 2011, e ao longo desses quatro anos auxiliou na condução de importantes pesquisas científicas ao lado de alunos da graduação e pós-graduação.

O projeto de pesquisa "Estudo arqueológico do complexo ferroviário de Teresina" foi iniciado em 2013. Segundo o Professor Flávio, o objetivo do estudo era avaliar se o impacto da construção do Parque da Cidadania em Teresina iria trazer prejuízos ao patrimônio arqueológico "O nosso projeto sobre arqueologia urbana foi o pioneiro a ser desenvolvido na cidade de Teresina, então era uma possibilidade que tínhamos de não só fazer pesquisa, mas também permitir que os alunos fizessem pesquisa na mesma cidade", frisou.

O Parque da Cidadania, localizado ao lado da Estação do Metrô entre as avenidas Miguel Rosa e Frei Serafim, constituiu no passado uma área ferroviária. "Além da questão cultural do Parque da Cidadania, o projeto possibilitou a preservação do patrimônio, para que os visitantes possam refletir sobre o ambiente que ali representou há décadas atrás. Outro ponto averiguado no nosso estudo, é que essa área ferroviária se integrava com uma hidrovia, o rio Parnaíba, por exemplo, foi uma importante via de escoamento de mercadorias para toda a região", destacou.

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Sítio arqueológico localizado no campo de Dunas da lagoa do Portinho

A graduação em Oceanologia, ramo das geociências que se propõe ao estudo dos oceanos e zonas costeiras, estimulou o Professor Flávio Calippo a vincular pesquisas arqueológicas com ambientes marítimos ou aquáticos. Em 2014, foi iniciado o projeto de pesquisa "Arqueologia do litoral do Piauí", que visa compreender a origem, e os processos envolvidos na formação de sítios arqueológicos no litoral piauiense.

Segundo o professor, há cerca de 2000 anos o litoral era ocupado pelos povos indígenas Jês e Tupis. "As populações que ocupavam a faixa costeira do Piauí se dedicavam a atividades de pesca e coleta de produtos naturais. Então, a nossa meta é saber a forma como se eles relacionavam, como aconteciam as ocupações, porque do ponto de vista arqueológico, nós temos grandes áreas, mas não em forma de aldeia. Isso ocorre em decorrência desses sítios arqueológicos se localizarem entre dunas, e o movimento auxiliado pelos ventos vai espalhando todo o material arqueológico pela região. O material que encontramos nesses sítios são fragmentos de cerâmica, rocha e quartzo (utilizado para lascar e fazer objetos cortantes), sem falar que é possível encontrar material histórico, como garrafas de cerveja do século XIX, perfumes e moedas", acrescentou.

Além disso, a pesquisa também trata do contato dos nativos com a chegada dos europeus. A primeira capital do Estado, Oeiras, em 1760, demonstra a dificuldade dos portugueses em penetrar pelo litoral, fundando, portanto, a capital no sertão do Piauí. "Os povos que ocupavam a porção no litoral, mesmo com as diferenças étnicas entre Jês, Tupis e Tremembés, eles se aliavam para combater a chegada dos invasores. Então nessa articulação, eles também acabavam por se aliar a outros povos invasores, como franceses e holandeses, tudo com o objetivo de enfraquecer o colonizador que estivesse com mais força, e assim, eles conseguiram retardar a presença de povos europeus por quase 300 anos", ressaltou.

Expedição à Antártida

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Professor Flávio Calippo durante expedição à Antártida (créditos: Ricardo Lazer)

Em janeiro deste ano, o Professor Flávio Calippo integrou a expedição 33 do Programa Antártico Brasileira (PRONTAR). A atuação se deu por meio do projeto de pesquisa "Paisagens em Branco: Arqueologia, Antropologia, História e Conservação das ocupações humanas nas Ilhas Shetlands do Sul", coordenado pelo Prof. Dr. Andrés Zarankin (UFMG).

Em suma, o projeto se preocupa em estudar o processo que resultou na ocupação das Ilhas Shetlands do Sul e o impacto que essa exploração causou na região. No final do século XVIII pescava-se na região do Ártico, ao ser descoberta a abundância de animais nos mares da Antártida, povos europeus, sobretudo, britânicos e holandeses promoveram expedições ao polo sul da Terra. "O projeto se baseava em estudar as comunidades que embarcavam com a intenção de caçar focas e lobos-marinhos, e posteriormente baleias. Nós sabemos onde ficavam os acampamentos, mas a indagação que surge é se havia mais caça naquele local, ou se era um porto mais fácil. A vida a bordo dessas populações era difícil, eles passavam seis meses no mar e se alimentando com uma ração de cereais e não tinham roupas adequadas como na atualidade", pontuou.

Dentro do projeto o pesquisador também ressalta uma perspectiva que se abre ao relacionar a arqueologia com o consumo de bebidas alcoólicas. "Só para se ter ideia, cada marinheiro consumia o equivalente a 1,4 litro de whisky por dia, para poder sobreviver. Além da sensação de conforto provocada pelo álcool, ele também era bastante nutritivo. E o consumo de whisky abre a possibilidade para se estudar sobre a procedência dessas bebidas", comentou.

Sociedade de Arqueologia Brasileira

Criada em 1980, durante o Seminário Goiano de Arqueologia, a entidade de caráter científico se propõe a fomentar os estudos na área de arqueologia, assim como levantar ideais de melhorias nas condições de atuação dos profissionais, e ensino superior por todo o Brasil. Em 1983, a associação criou a Revista de Arqueologia, para a publicação de trabalhos acadêmicos.

O Professor Flávio Calippo afirma que por todo o país existem 12 cursos de graduação em Arqueologia e oito Programas de Pós-Graduação. "É preciso o pesquisador também ter envolvimento com o debate político, como por exemplo César Lattes, para que a área acadêmica possa angariar verbas para o seu engrandecimento. Na região centro-oeste, estamos apenas com um curso de graduação, então a Sociedade de Arqueologia Brasileira tem estimulado esse debate. Além disso é importante o nosso posicionamento sobre a execução de grandes obras, como a usina de Belo Monte, para se saber do impacto que acarretará a aquela área, então há várias possibilidades para o estudo de arqueologia. O estudo ele não apenas se centra em artefatos e objetos do passado".

Em 2017, a UFPI sediará o XIX Congresso da SAB.

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