Pesquisadores registram, pela primeira, vez fósseis de pterossauros no Piauí. Os achados são fruto de um trabalho conjunto realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em parceria com a Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). O material foi coletado em 2020 pelo professor Paulo Victor de Oliveira, do campus Senador Helvídio Nunes de Barros, no sítio Capim Grande, município de Simões-PI, que integra a Bacia do Araripe.
Falanges alares incompletas de pterossauro encontradas no Piauí.
Foram encontrados dois ossos fossilizados, correspondentes a parte da estrutura da asa, de dois indivíduos diferentes, preservadas em três dimensões. Através da técnica de osteohistologia, (análise microscópica da estrutura óssea), os pesquisadores determinaram que um dos ossos pertencia a um animal jovem, ainda em crescimento, enquanto o outro era de um adulto já totalmente desenvolvido. Estima-se que esses pterossauros tinham cerca de 3 metros de envergadura.
Os pterossauros foram os primeiros vertebrados a conquistar os céus. Diferentemente das aves atuais, que possuem asas formadas por penas, esses répteis voadores apresentavam asas membranosas sustentadas por um dedo extremamente alongado, representando uma adaptação evolutiva extraordinária para o voo entre os vertebrados. No Brasil, mais especificamente na Bacia do Araripe, foram encontrados alguns dos fósseis de pterossauros mais bem preservados do planeta. Contudo, a grande maioria dessas descobertas concentrava-se no estado do Ceará. O Piauí parecia não ter registros significativos desses animais até recentemente.
Ilustração de como seriam os pterossauros.
Os achados no sítio Capim Grande confirmam, de forma inédita, a presença de fósseis de pterossauros no estado do Piauí. Esta descoberta é particularmente importante porque preenche uma lacuna geográfica crucial, demonstrando que esses répteis voadores habitavam toda a extensão da Bacia do Araripe, e não apenas a porção cearense. Esta pesquisa vai além de simplesmente marcar um novo local no mapa paleontológico. Ela demonstra que a aparente escassez de fósseis em determinadas regiões pode refletir apenas a falta de estudos adequados, e não uma ausência real desses materiais. O Piauí revela agora seu enorme potencial paleontológico.
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