Começamos o ano de 2016 e celebramos os 15 anos da TELA SOCIOLÓGICA. Para o deleite dos amantes da literatura e do cinema, está sendo exibida, em algumas capitais brasileiras, uma nova versão de MACBETH, dirigida por Justin Kurzel e baseada na grandiosa obra de William Shakespeare. Na companhia atemporal do citado dramaturgo, reapresentaremos a vigorosa leitura de MACBETH, realizada por Orson Welles, em 1948. O acesso aos mais variados temas, através do texto literário, constitui uma consistente fonte de pesquisa antropológica. Lembro do professor Miguel Chaia, da Ciência Política, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo que adotava textos shakesperianos para a discussão de algumas categorias conceituais do campo das relações políticas. Imagino um encontro entre Maquiavel e Shakespeare discutindo sobre o que seja o poder. Do que os homens são capazes para chegar a ele e nele permanecerem, é uma questão que tem destaque em algumas obras Shakesperianas. Rei Lear, Hamlet e Júlio César são exemplares. Os bastidores das disputas pelas posições de comando são focalizados pelas lentes de quem conhecia as motivações profundas que mobilizam indivíduos e grupos na busca pela garantia dos seus interesses. Encontramos em Shakespeare uma perspectiva transdisciplinar. Filósofos, Psicólogos e Cientistas Sociais encontram em suas obras olhares sintonizados com os de suas respectivas áreas de saber. O cinema e o teatro não cessam de trazer novas luzes sobre os seus clássicos e sempre atuais textos. Ser ou não ser foi, é e continuará sendo uma questão. A Revista da Livraria Cultura do mês de setembro de 2015 trazia, na sua capa, a seguinte pergunta: “Ser ou Não Ser Pop?” E indagava: “Mais de 400 anos depois, qual a questão que faz William Shakespeare continuar a ser tão idolatrado, explorado, lido, assistido, adaptado, analisado e (in)compreendido?” No interior da publicação, a matéria de Junior Bellé, intitulada “Onipotente & Onipresente”, afirma: “Ele está em todos os lados, em todos os tempos, em todas as histórias. Mais de 400 anos após sua morte, William Shakespeare continua dando pano pra manga em literatura, cinema, teatro, quadrinhos e onde mais você procurar – ou não”.