Socialização do Projeto de Extensão “Alternativas Metodológicas em Estudos Étnicos-Raciais: Possibilidades de Aplicação na Geografia” no Polo de Batalha

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No último sábado (18), o curso de Geografia do Parfor/UFPI em Batalha, realizou a socialização do Projeto de Extensão “Alternativas Metodológicas em Estudos Étnicos-Raciais: Possibilidades de Aplicação na Geografia”. Durante o evento, que ocorreu na Unidade Escolar Maria do Carmo Melo, os cursistas realizaram oficinas apresentando diversas metodologias para trabalhar o tema nas aulas de Geografia.

O Projeto teve como público-alvo alunos do curso de Geografia do município de Batalha e professores da rede municipal de ensino do município. A Coordenadora do curso de Geografia do Parfor/UFPI, Profa. Bartira Viana, esteve no evento e destaca a importância do Projeto de Extensão desenvolvido no Polo de Batalha. “O Projeto foi aplicado a partir de atividades práticas e lúdicas objetivando a aquisição de habilidades cognitivas, afetivas e/ou psicomotoras pelos alunos de escolas da rede municipal de Batalha, em busca de uma aprendizagem significativa de conteúdos relacionados às questões étnico-raciais nas aulas de Geografia”, afirma. 

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Profa. Bartira Viana (à esquerda) com professores formadores e cursistas

O Prof. Milton Pereira, Coordenador do Polo de Batalha, fala com muito entusiasmo sobre a conclusão do Projeto de Extensão. “Realizamos apenas uma amostra da realidade das comunidades quilombolas, as questões culturais, a história local com suas especificidades. Esses registros são muito importantes. A proposta era conhecer de perto a realidade dessas famílias e trazer para mostrar dentro da escola a realidade que muitos jovens não conhecem”, enfatiza.

Segundo o cursista de Geografia, Nonato Firme, integrante do grupo 2, que apresentou o trabalho realizado na comunidade remanescente de quilombo, Manga Iús. Usando a Literatura de Cordel, o grupo acompanhou a comunidade quilombola na produção de versos que deu origem ao cordel "Negro também é gente", finalizado pelo poeta e repentista Chico Alves, e apresentado durante o evento.

“O trabalho realizado aborda a questão étnico-racial, as questões do racismo e do preconceito, sobretudo, quando se trata de pessoas pertencentes às comunidades quilombolas. Com esse trabalho queremos mostrar que é possível construir uma sociedade capaz de conviver com as diversidades sem praticar preconceitos de cor, raça, religião entre tantos outros”, detalha o cursista.

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Nonato Fime (à esquerda) com grupo de trabalho durante apresentação

O Projeto foi estruturado em oito temáticas, que foram divididas entre os grupos de cursistas e trabalhadas sob a orientação dos professores formadores: Daniel César Meneses de Carvalho, Fátima Lustosa Rodrigues, Raquel Maria da Conceição Marques da Silva, Grasiela Maria de Sousa Coêlho, Ioshua Costa Guedes, Sarah Jane de Carvalho Lima, Helson Felipe Gonçalves e Lucas Almeida Monte.

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Evento contou com participação de estudantes de escola de Batalha

A professora Glória Ferro, Coordenadora Institucional do Parfor/UFPI, ressalta que, “como o racismo está enraizado na nossa sociedade, ações educativas como a desenvolvida no curso de Geografia de Batalha, que aglutina reflexões e experiências sobre as relações étnico-raciais, têm um papel fundamental para compreendermos a problemática de forma ampla e contextualizada e, assim, mudarmos esse cenário social. Por essa razão, temáticas como essa são tão caras para nós que fazemos o Parfor, haja vista que a ideia central que permeia o projeto formativo do programa no contexto da UFPI é a de superação da perspectiva tradicional de formação de professores em favor de uma proposta crítica que dialoga com os princípios de uma prática educativa emancipadora”.

Confira a síntese explicativa dos professores formadores sobre o trabalho desenvolvido em cada grupo:

Grupo 1 – Oficina Comunidade quilombola Manga Iús: um resgate dos elementos históricos e culturais

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“A oficina teve como objetivo expor os elementos históricos e culturais da comunidade quilombola Manga Iús, em Batalha-PI, aos alunos dos anos finais do ensino fundamental. A exposição abordou a história da comunidade expondo aspectos econômicos, culturais e socioeconômicos, tentando mostrar um pouco dos costumes das pessoas que vivem na comunidade. Houve a exposição de diferentes utensílios encontrados na comunidade para facilitar a explanação da temática a fim de possibilitar a aquisição de novos conhecimentos a respeito da valorização e manutenção da existência desta comunidade. Portanto, a oficina contribuiu para uma autorreflexão dos alunos sobre a importância de preservar a história e a cultura das comunidades remanescentes de quilombolas”, Profa. Fátima Lustosa.

Grupo 2 – Oficina Leitura e escrita do gênero textual Cordel na Comunidade quilombola Manga Iús – Batalha/Piauí

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“A partir da realização desse trabalho, percebeu-se que, tanto professor cursista quanto alunos, compreenderam e refletiram acerca da temática geral do SIMPARFOR. Nas apresentações do grupo para os visitantes, em particular, à comunidade estudantil do município, ficou compreensível o propósito do trabalho desenvolvido pelo grupo, visto que ocorreram questionamentos e reflexões sobre o combate ao preconceito étnico racial e quanto ao respeito cabível a situações dessa natureza, pois os alunos interagiram prontamente demonstrando que entenderam a importância de valorização, respeito e reafirmação da identidade social dos quilombolas como cidadãos capazes de contribuir para mudanças de melhorias do meio no qual estão inseridos”, Profa. Raquel Marques.

Grupo 3 – Oficina Ensino de Geografia e a Lei 10639/2003, em Batalha-PI

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"A exposição do grupo de alunos do Parfor sobre o ensino de Geografia e a lei 10.639/2003, em Batalha-PI, foi importante nesse evento para conhecermos que existe uma legislação que assegura o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no ensino fundamental e médio, público e privado, no Brasil, que é resultado da luta e da força dos movimentos sociais e que, o ensino de Geografia também pode contribuir na construção do conhecimento que valorize o negro dentro da sociedade brasileira, a partir do que se observa no espaço escolar. Os alunos se empenharam em executar as atividades e socializar aos visitantes para que se reconheça e enalteça os verdadeiros aspectos culturais, sociais, políticos, e científicos que possam ser utilizados para proporcionar uma educação antirracista, pois o ensino de Geografia pode ser instrumento de uma educação para a igualdade racial ao utilizar a Lei 10639/2003 como um instrumento para reposicionar o negro no mundo da educação", Profa. Ioshua Guedes.

Grupo 4 – Oficina “O eu e o outro”: práticas de interação social na ciência geográfica

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“Considerando a função social da escola e seu papel fundamental na transformação da sociedade, é preciso promover uma educação que forme cidadãos capazes de construi-la de forma mais equânime. Assim, a escola, enquanto espaço de vivência, de compartilhamento, de interatividade e de construção de saberes, também se evidencia como um ambiente propício para formação cidadã, que contribui para a reconstrução de valores, resgate e reconhecimento de pertencimento social, valorização das diversidades entre sujeitos e grupos sociais. Trazer para o processo instrutivo formal discussões acerca das temáticas étnico-raciais, contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos", Profa. Sarah Jane de Carvalho.

Grupo 5 – Oficina Negritude, gênero e protagonismo: espaços-tempo-lugares e os impactos históricos da representatividade

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“Os resultados desse debate apontam a relevância da luta contra o racismo, que deve ser contínua e ampla, além de evidenciar o poder que tal contribuição oportuniza para a formação de uma consciência crítica e antirracista por parte dos/as discentes, em sua maioria já atuando na docência, combatendo a alienação e naturalização do racismo, valorizando a diversidade e o respeito mútuo, o que colabora para uma sociedade mais justa e igualitária. Constata-se a necessidade de ações com os professores para que repensem o uso de materiais didáticos de cunho racista e, em oposição a isso, que utilizem textos de literatura afro-brasileira e africana em todas as modalidades educacionais, assim possibilitando evidenciar as nossas raízes afrodescendentes, de modo que estereótipos racistas não sejam disseminados. Formações docentes na perspectiva antirracista são urgentes, pois as vivências de racismo são muito presentes no tecido social como um todo, sedimentando a ideia de racialização, a partir das representações e dos discursos com os quais se tem contato cotidianamente”, Profa. Grasiela Coêlho.

Grupo 6 – Oficina Comunidades tradicionais e o ensino de Geografia: implicações do território quilombola para a apreensão dos conceitos geográficos

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“A temática desenvolvida pelo grupo 6, buscou associar o espaço quilombola e suas implicações para a apreensão dos conceitos geográficos. Propondo assim, por meio da realização das oficinas, metodologias para a compreensão das relações étnico-raciais por meio de conceitos como espaço, paisagem, lugar, e território, o que possibilita a construção de uma cultura de respeito e reconhecimento de comunidades quilombolas até então pouco conhecidas pelos alunos no município de Batalha-Piauí”, Prof. Helson Gonçalves.

Grupo 7 – Oficina Conhecendo o Planeta Terra: importância da Geologia e sua relação com a sociedade

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O grupo formado pelos discentes Antônia Raíssa de Assunção Almeida, Antônio José Alves de Araújo, Nilson Ribeiro, Obedio Nunes Barbosa e Ricardo Moura Lima, trabalhou a temática “Conhecendo o Planeta Terra: importância da Geologia e sua relação com a sociedade”. Por meio da atividade desenvolvida foi possível realizar uma maior aproximação entre os cursistas e os conteúdos de grande importância relacionados com a Geologia e Geologia Ambiental. Além disso, foi realizada uma exposição de conceitos, vídeos explicativos e análise detalhada de rochas expostas na sala de aula, com uso de materiais como lupa, por exemplo, tendo como público-alvo alunos da educação básica do município de Batalha”, Prof. Lucas Almeida.

Grupo 8 – Oficina O uso de aplicativos nas aulas de campo de geografia: aplicações para estudos étnico-raciais

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“O projeto de extensão desenvolvido pelos alunos do Parfor, que teve como tema o uso de aplicativos no ensino de Geografia, objetivou apresentar para os alunos do Ensino Básico, ferramentas de fácil acesso que adicionam novas metodologias no ensino dessa disciplina. Isso foi de extrema importância para demonstrar que, mesmo a escola tendo recursos limitados, lidar com a tecnologia está se tornando ao cada vez mais acessível. Além disso, no próprio Ensino Superior, essa atividade veio a somar na própria didática dos cursistas, tendo em vista que as tecnologias atualizam-se rapidamente, tornando-se extremamente importante atividades extensionistas”, Prof. Daniel de Carvalho.

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