Cursistas durante visita ao Quilombo Estreito
A turma do curso de Pedagogia do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica - Parfor/UFPI, do Polo de Batalha, participou de atividade de campo com visita à Comunidade Quilombo Estreito, localizada em Batalha e certificada pela Fundação Cultural Palmares (FCP) como remanescente de quilombo.
A atividade foi desenvolvida por meio da disciplina Epistemologia, Ética e Pedagogia, ministrada pela Profa. Me. Dayane Martinelle, e teve como principal objetivo conhecer espaços cujos grupos étnico-raciais remanescentes da trajetória histórica dos antigos quilombos se adaptaram a viver em territórios específicos com manutenção de suas tradições culturais.
Na aula, dentre outros aspectos, os cursistas puderam dialogar com as famílias sobre o contexto cultural local, com identificação de questões relacionadas à autodefinição como comunidade quilombola, memória cultural, hábitos e costumes cotidianos relacionando-os às tradições culturais, questões educacionais e de preconceito.
A professora Dayane Martinelle realça a importância desta vivência formativa para os alunos, uma vez que, “refletir sobre a natureza humana social e historicamente constituída, exige por si mesmo o exercício de uma prática educativa que mobilize valores estéticos e éticos, a exemplo das comunidades quilombolas, fazendo-se necessária a valorização da memória e reconhecimento da dívida histórica com o povo negro, que também deve ser materializada pela formação humana pautada no respeito mútuo e rejeição a qualquer forma de discriminação”, afirma.
Comunidade quilombola
O cursista Josiano Rubens reitera a importância da atividade, pois permitiu ressignificar o pensamento a respeito das comunidades remanescentes de quilombos, compreendendo-as como organização comunitária que ao tempo em que procura preservar seu patrimônio cultural, luta pelo direito à terra, à dignidade social, à cidadania que historicamente tem sido negada à população negra, indígena e do campo.
O Coordenador local Milton Pereira relata que nessa visita os cursistas tiveram a oportunidade de conhecer de perto a realidade das famílias Quilombolas, suas ricas histórias e as formas como desenvolvem a geração de renda, com a produção da lavoura e a criação de animais. “Por meio da aula, os professores cursistas estarão levando para seus alunos de educação básica em sala de aula um vasto conhecimento a partir da realidade quilombola em nosso município”, destaca.
Alunos durante visita à comunidade
A professora Glória Ferro, Coordenadora Institucional do Parfor/UFPI, ressalta que o Brasil é um país plural e, por isso, precisamos respeitar as diferentes etnias e culturas que constituem o patrimônio sociocultural brasileiro. “Nesse sentido, os espaços formativos têm o papel fundamental (e desafiador!) de reconhecerem a diversidade etnocultural como parte legítima e inseparável da identidade nacional, alimentando práticas educativas que valorizem a história dos diferentes grupos que compõem a sociedade brasileira e promovam a superação de qualquer tipo de preconceito e discriminação. Portanto, a atividade desenvolvida pela professora Dayane Martinelle tem grande potencial de instigar o posicionamento crítico dos cursistas acerca da pluralidade cultural que marca a nossa sociedade, estando, assim, em consonância com o foco principal dos cursos ofertados através do Parfor na UFPI: a superação da perspectiva tradicional de formação de professores em favor de uma proposta crítica que dialoga com os princípios de uma prática educativa emancipadora".