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PARFOR: da escola para a vida

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Última atualização em Quinta, 24 de Outubro de 2024, 10h56

Criado com o objetivo de formar professores da educação básica que já estão em sala de aula, mas não têm formação acadêmica específica na disciplina em que atuam, o Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) tem mudado realidades de educadores e de alunos em todo o Brasil. Criado em 2009, o Programa formou 62,3 mil professores.

Uma delas é a paraense Maria do Carmo dos Santos Freitas, que começou a lecionar em 1990 e desde 2012 dava aulas de Artes sem ter qualificação específica. Moradora do Quilombo Gibrié do São Lourenço, no município de Barcarena (PA), formou-se em Artes Visuais na Universidade Federal do Pará (UFPA).       

Imagem: Maria do Carmo dos Santos Freitas (Érica Cidade - CGCOM/CAPES)

Maria do Carmo dos Santos Freitas (Érica Cidade - CGCOM/CAPES)

Ela conta que diversos benefícios foram acrescentados à sua prática educacional ao entrar no Programa em 2014, dentre os quais a maneira de ensinar e a “utilização de ferramentas tecnológicas, não mais apenas o quadro branco e a voz”. Sua percepção é de que as aulas se tornaram muito mais motivadoras e divertidas para os estudantes das escolas em que estagiou ou lecionou, já que levava para a sala de aula os conhecimentos adquiridos na universidade. Apesar de o curso não abordar aspectos culturais específicos dos quilombolas, a maioria dos trabalhos foram realizados dentro da comunidade ou enfatizando a cultura local. “Meu trabalho de conclusão de curso foi realizado com alunos não quilombolas, que foram levados para dentro da comunidade para entrevistarem os idosos sobre suas histórias de vida”. Dois dos entrevistados já faleceram, mas seus ensinamentos ficaram registrados nas entrevistas.

Assim como Maria do Carmo, a aproximação entre o ensino superior e a educação básica, levando em conta a realidade dos profissionais, foi importante também para Cleidiane Santana, professora da Escola Indígena Tremembé Maria Venância há 12 anos. Ela está entre os 66 educadores indígenas que concluíram o curso Cuiambá Pedagogia Intercultural Indígena Magistério Tremembé, da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) no Ceará, pelo PARFOR, em novembro de 2023.

Cleidiane Santana (Érica Cidade - CGCOM/CAPES)

Cleidiane Santana (Érica Cidade - CGCOM/CAPES)

Graduada em Pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia e gestão e coordenação escolar, ela tinha formações em disciplinas convencionais, mas faltava a intercultural. Devido à metodologia do curso, voltada para a realidade dos professores, valorizando aspectos e lideranças da comunidade, Cleidiane conta que se sentiu mais segura para estar em sala de aula como professora indígena. Ter caciques e pajés como professores em disciplinas como medicina pintura e arte, deu-lhe conhecimento sobre o aldeamento e a cultura. Ela define o PARFOR como “curso da escola para a vida”.

Na outra ponta do sistema, onde as aulas do Cuiambá foram planejadas, a coordenadora pedagógica do curso, Ana Cristina Cabral, que é indígena Tremembé e moradora na aldeia Varjota, em Itarema, no aldeamento de Almofala, explica que além “do fortalecimento da cultura, dos nossos costumes, valores e tradições”, um fato importante foi que os professores formados pela Universidade Federal do Ceará (UFC) ministraram as aulas durante o curso e foram os orientadores dos estágios. Maria Andreina dos Santos é uma dessas educadoras formadas. Moradora na aldeia Mangue Alto, ela destaca que a realização do curso na aldeia, e dos estágios nas escolas do próprio aldeamento, “rende frutos com os jovens” até hoje, pois os profissionais desenvolveram com os alunos atividades focadas no fortalecimento da cultura e do povo.

A mais de dois mil quilômetros de Acaraú, na cidade de Santarém, no Pará, Édrio Eriel Pedroso, 26 anos, concorda que o curso consegue influenciar o contexto de vida dos jovens que convivem com professores formados pelo PARFOR. Como estudante do Programa, Édrio cursa a segunda graduação, em Artes Visuais, pela UFPA. Seu caminho foi definido quando aceitou o convite do cacique da aldeia Alter do Chão para lecionar Artes, devido à falta de professores. A partir daí, descobriu afinidades com a disciplina.

Édrio Eriel Pedroso (Érica Cidade - CGCOM/CAPES)

Édrio Eriel Pedroso (Érica Cidade - CGCOM/CAPES)

Já no primeiro ano de faculdade, em 2023, o professor percebeu grandes mudanças nos alunos da Escola Indígena Borari, que antes demonstravam influências predominantemente europeias nos assuntos relacionados às artes. “Estou conseguindo mudar essa realidade”, comemora. Ele é um dos 12 mil matriculados do PARFOR atualmente, em mais de 100 cursos oferecidos por 38 instituições de ensino superior de todas as regiões do País.

Fonte: CGCOM/CAPES.

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