As sementes de variedades crioulas fazem parte do patrimônio de diversos povos. Com o objetivo de promover a discussão sobre o que são as variedades crioulas, a sua importância para diversidade e sustentabilidade, valorização e empoderamento das comunidades, é que o Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Estatística em Melhoramento (NPE³M) vem desenvolvendo a ação: O que são e a importância da conservação das sementes de variedades crioulas, junto a crianças de Escolas Municipais da Zona Rural de Bom Jesus PI.
Esta ação é coordenada pelos professores Silvokleio da Costa Silva (Biologia/CPCE/UFPI) e Dyane Queiroz da Silva (Agronomia/CPCE/UFPI) os quais fazem parte do projeto de extensão (PREXC/UFPI): “Multiplicação de sementes de variedades crioulas de Feijão-fava (Phaseolus lunatus)”, coordenado pelos professores Priscila Alves Barroso e Artur Mendes Medeiros (ambos da Agronomia/CPCE/UFPI). A equipe acredita que a conscientização da importância das variedades crioulas deve acontecer desde a formação inicial no âmbito escolar. Segundo a coordenadora do projeto, “As crianças podem reconhecer a biodiversidade armazenada e encontrada em seus quintais e assim contribuir para sua conservação e utilização sustentável”.
A parceria para realização da ação, é estabelecida por meio de conversas e diagnósticos realizados junto a Secretaria de Educação de Bom Jesus, assim como entre diretores e professores das escolas. Ao todo, a ação já contemplou mais de 150 crianças. Na escola Municipal Marcos Júlio, situada no povoado Gruta Bela, foram realizadas atividades com discentes do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Em visita recente a Escola Municipal Cantídio Antunes dos Santos, no povoado de Corrente dos Matões, participaram alunos do 4º ao 7º dessa fase de formação escolar.
Imagem: Apresentação da palestra sobre “O que são e a importância da conservação das sementes de variedades crioulas” aos educandos do Ensino Fundamental das escolas municipais Marcos Júlio e Cantídio Antunes dos Santos em Bom Jesus -PI
Loren Ravena Damas e Sabrina Rocha Lissa Dal Pra (graduandas do Curso de Agronomia do CPCE/UFPI), bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Extensão de Universidade Federal do Piauí (PIBEX/UFPI), conjuntamente com os coordenadores, são responsáveis pelo planejamento e execução da ação sendo protagonistas de todo o processo. Os encontros geralmente são divididos em três momentos: apresentação do tema aos alunos e professores das escolas, atividade lúdica (prática para reconhecimento de variabilidade presentes em sementes de feijão e fava oriundas de diferentes Estados brasileiros), seguido de discussão dentro dos grupos sobre seus achados e explanação das opiniões das crianças para o público presente.
Imagem: Realização de atividade prática e discussão voltada ao reconhecimento de variabilidade morfológica presente em sementes de feijão e fava.
Segundo Loren Ravena, “Ter a possibilidade de falar sobre sementes crioulas e ver o brilho no olhar de cada uma daquelas crianças quando percebem que estão inseridas nesse contexto é espetacular. Nunca havia vivenciado, dentro da universidade, uma experiência que permitisse me sentir tão realizada e me fizesse perceber que estou no caminho certo”. Sabrina Rocha, destaca que “Esse momento de troca é muito importante, a gente vê os olhos das crianças brilhando e sente que elas estão conectadas conosco. As palestras proporcionam a integração do ensino com a extensão e novas perspectivas de futuro para discentes além de mostrarem para as crianças a importância que há nas sementes crioulas e em como simples atos impactam em todo um aspecto da conservação e diversidade de sementes. Quando criança, eu via as palestras e eventos em minha escola como coisas de "outro mundo". É bom proporcionar essa experiência para as crianças hoje em dia, e esclarecer que nossa realidade não está tão distante da delas”.
O projeto tem duração até janeiro de 2024 e pretende chegar a outras escolas do município. Os professores Silvokleio da Costa e Dyane Coelho acreditam que “tais intervenções são de extrema importância e acreditamos que devem ser realizadas ainda nas fases iniciais de formação das concepções dos cidadãos, com vista a despertar precocemente o interesse das crianças sobre a conservação da biodiversidade presente no entorno, seja ela endêmia ou introduzida, com vista a garantir a perpetuação das espécies, sejam elas animais ou vegetais, e reforçar a importância das mesmas para a segurança alimentar das famílias locais e fora de seus povoados”.