Historicamente, a Engenharia é um espaço predominantemente protagonizado pelo público masculino. No entanto, esse o cenário vem sendo modificado através da disposição feminina de querer ocupar locais na sociedade que tanto almejam. No Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Piauí (CT-UFPI), nos cursos de Engenharia Elétrica, Mecânica, Civil, Produção, Materiais e de Cartografia e Agrimensura a presença feminina se expande e ultrapassa os limites do preconceito.
A importância da presença feminina no corpo discente desses cursos também traz uma representatividade que abraça e acolhe as mulheres que sonham em seguir área e se tornarem engenheiras. A professora mestra Luzana Brasileiro, do departamento de Construção Civil e Arquitetura do CT, sabe a dificuldade enfrentada pelas meninas e lembra que quando fez a escolha de cursar Engenharia Civil sentiu um pouco de preconceito vindo da própria família, mas a vontade de concluir o desafio se tornou uma motivação maior para ela. Após formada, o ingresso no mercado de trabalho privado, dentro de uma empresa de construção e reforma industrial, à tornou a única engenheira mulher que executava as obras com uma equipe totalmente masculina, além de passar por experiências desafiadoras, como receber instrução dos contratantes de como se vestir e se comportar.
Professora do curso de Engenharia Civil, Luzana Brasileiro
“Como professora do curso de engenharia civil fico feliz ao perceber que o número de mulheres na engenharia tem aumentado consideravelmente ao longo dos anos. Percebo que a presença de uma professora de engenharia em sala de aula é uma motivação para as alunas, por verem que é totalmente possível a presença feminina em todas as áreas da engenharia, quebrando esse tabu de que a engenharia é masculina. Essa motivação também ocorre fora da sala de aula, quando alguém me pergunta a minha profissão e eu respondo: sou engenheira e sou professora de engenharia! Várias mulheres da minha família se sentiram motivadas a ingressar nesse tão interessante mundo da engenharia”, contou a professora Luzana.
Tereza Sales é uma Engenheira Civil formada pela UFPI na qual terminou sua graduação com láurea acadêmica pelo reconhecimento do ótimo desempenho durante o período de formação. Ao longo da sua trajetória como discente dentro do Centro de Tecnologia sempre teve o apoio e respeito dos colegas de turma, principalmente das outras duas mulheres que concluíram a graduação junto com ela. Além disso, a professora Maria de Lourdes, referência para os alunos da UFPI e para a Engenharia do Piauí, também se tornou uma fonte de inspiração pelo conhecimento que transmite e por ser um grande exemplo de mulher engenheira.
Tereza Sales, Engenheira Civil formada pela UFPI
Já no exercício da profissão, a engenheira conta que o fato de ser mulher é desafiador. “É preciso sempre muito profissionalismo e resiliência para ser reconhecida e respeitada. Mas isso está evoluindo, hoje vejo mais mulheres exercendo a profissão e fico muito feliz em ver que o mercado de trabalho está mais receptivo ao crescimento feminino na construção civil”, afirmou.
No curso de Engenharia de Materiais, as atividades dos núcleos de pesquisa são conduzidas com o número de presença feminina equivalente à masculina, no qual trabalham projetos com os mesmos níveis de dificuldade e operam os mesmos equipamentos. A professora do curso, doutora Tatianny Soares, também pretende estimular projetos com participação feminina através do desenvolvimento de um núcleo de manufatura aditiva com a presença 100% de pesquisadoras no grupo. “Capacidade não tem gênero! As mulheres não podem abraçar a ideia de que podem menos e que sua função é secundária”, finalizou.
Professora do curso de Engenharia de Materiais, Tatianny Soares