Projeto Athena é composto totalmente por mulheres
Ao redor do mundo, a presença do público feminino é maior do que o público masculino dentro do ensino superior, mas o quadro é revertido quando se analisa a área de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Nesse caso, as mulheres representam apenas 35% dos alunos, segundo estudo realizado pela ONU Mulheres. No Centro de Tecnologia da UFPI, o projeto Athena surge para colaborar na mudança do atual cenário.
Originário do curso de Engenharia Elétrica, mais especificamente, do Programa de Educação Tutorial (PET) de Engenharia Elétrica (PET Potência), o projeto Athena foi criado e desenvolvido por alunas do PET, que participam do grupo desde o ano de 2020. O projeto de extensão reúne uma professora e nove alunas do curso de engenharia elétrica do CT com o objetivo principal de estimular e divulgar a ciência como área de grande potencial para meninas e mulheres.
(Foto: Stéphanie Beatriz)
A estudante da graduação de Engenharia Elétrica e membra do PET de Elétrica, Izadora Lima, foi uma das idealizadoras do projeto e conta como foi chegar à construção dele.
“Eu fui uma das idealizadoras do projeto, ainda em 2020. A pandemia nos impediu de iniciarmos ele mais cedo, mas ficou como uma sementinha, guardada pra que agora pudéssemos executar. Está sendo incrível ver cada etapa dele sendo construída, ver o entusiasmo de cada uma aqui dentro. Nós não fazemos por ser apenas mais horas curriculares, a gente faz por sabermos o significado e a potência que um projeto como esses tem para as meninas da rede pública de ensino que iremos alcançar e também pra cada uma de nós. É transformador poder estar atuando com tanta vontade, companheirismo e união dentro desse espaço”, afirma Izadora.
Laboratório de Máquinas do Centro de Tecnologia (Foto: Stéphanie Beatriz)
Fabíola Linard, única mulher no corpo docente do curso de Engenharia e coordenadora do projeto Athena, é doutora em Engenharia Elétrica e conta um pouco da sua trajetória e a importância da realização dessa extensão para as futuras mulheres no curso de Engenharia Elétrica do CT. “A minha trajetória acadêmica foi em turmas onde a presença masculina sempre foi maior, sem nenhuma dúvida. No primeiro semestre de graduação a turma tinha em sua composição apenas duas mulheres, mas isso não foi um problema para que eu terminasse o curso que realmente escolhi. E essa maioria masculina foi realidade também durante as minhas qualificações, mestrado e doutorado”, declarou.
Fabíola Linard, professora da UFPI e coordenadora do projeto (Foto: Stéphanie Beatriz)
A professora Fabíola relata a presença escassa de mulheres no ambiente de estudos no qual apenas três professoras estiveram presentes durante sua formação profissional, mas que exerceram a docência com excelente profissionalismo.Giovana Andrade, estudante e também uma das colaboradoras para a criação da extensão, expõe alguns dos desafios e sentimentos que são pertinentes desde antes do ingresso no curso e os que são encontrados no decorrer dele na área de STEM. “É intimidador. O desafio começa desde Ensino Médio, nossos pais, tios, professores, tanto homens como mulheres, nos questionam se temos certeza mesmo, alertando que é uma área ‘muito masculina’ e que iremos enfrentar barreiras que os garotos não enfrentam. Daí quando você entra, de 40 alunos apenas 2 a 5 são meninas. De todos os professores, apenas uma é mulher. Então, constantemente você se sente intimidada, pois os meninos se juntam muito facilmente e muitas meninas acabam se isolando por isso”, explica Giovana.
A questão de confiança também é apontada. Maria Eugenia, participante do projeto de extensão diz que a presença de outras mulheres faz diferença ao longo da jornada. “Ter outras mulheres presentes em um grupo contribui para uma maior motivação e uma rede de apoio na graduação”, destacou Maria.
Nessa realidade, ainda persistente, o projeto veio para levar o conhecimento teórico e prático que alunas estão adquirindo durante a vida acadêmica e para apresentar o curso para meninas e mulheres, mostrando que a área tecnológica também é uma possibilidade. “Estamos tentando, através do projeto de extensão, mudar esse contexto e a ideia surgiu de garotas que vivem essa realidade de serem estudantes em um curso no qual a maioria é masculina. O importante é que a mulher pode, deve e é capaz de seguir a carreira profissional que desejar”, Finalizou Fabíola Linard.
(Foto: Stéphanie Beatriz)